Sábado, 21 de Outubro de 1994... (VIDA REAL)

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   - Oi. - Digo ao abrir a porta.

Ele está tão perfeito... Usando um terno preto básico, seu cabelo está meio bagunçado, meio arrumado... Lindo. Ele segura um buquê de rosas vermelhas.

   - Oi. - Ele sorri e se aproxima. - Sentiu saudades?

   - Não sabe o quanto?

   - Trouxe flores para a sua mãe... - Ele pausa e me fita. - Ela gosta de flores, não é? Me diga que ela gosta de flores...

   - Ela gosta... - Não posso conter a risada.

   - Trouxe uma coisa pra você também... - Ele me beija. No começo o beijo é calmo, mas logo fica voraz. Sua mão livre desce até a minha bunda... Me apertando.

Mamãe pigarreia atrás de min.

   - Com licença...

Nos soltamos e arrumo minha blusa amarrotada. Paul se recompõe e estende a mão para a mulher indignada a sua frente.

   - Oi. Meu nome é Paul Lukas. É um prazer conhecê-lá Senhora Durmam.

  - O prazer é meu... - Mamãe sorri.

Por que será que estou sentindo uma pontinha de falsidade no ar?

   - Trouxe flores para a Senhora. - Paul entrega o buquê para mamãe.

   - Obrigada. Vamos entrar. - Mamãe abre passagem e entramos.

Guio Paul para a sala e nos sentamos no sofá de dois lugares, ele coloca sua mão esquerda sobre a minha perna, acariciando meu joelho com os dedos. Mamãe entra na sala segurando uma bandeja com biscoitos e três copos de um suco amarelo, possivelmente deve ser de laranja. Ela se aproxima e coloca a bandeja em cima da mesinha de centro, depois ela se senta na poltrona a nossa frente.

   - Sinta-se em casa... - Mamãe diz cruzando as pernas.

   - Obrigado. - Paul sorri.

   - Então, como se conheceram?

   - Na escola.

   - E como começaram a namorar? - Mamãe pega um dos três copos de suco.

   - Eu sempre ficava observando a Jessy... Até que um dia eu criei coragem e convidei ela pra sair.

Ele ficava me observando?

Olho para ele e ele retribui o sorriso. Já mamãe parece não se convencer das palavras de Paul. Depois de um belo gole do suco, ela se ajeita na poltrona e olha intrigada para o garoto ao meu lado.

   - Bom... Quais são suas intenções com a minha filha, Paul?

Paul fica perplexo com a pergunta repentina, e aperta ainda mais a minha perna. Ele pigarreia e olha confuso para mamãe.

   - Acho que não estou te entendendo, Senhora Durmam.

   - Não está me entendendo? - Mamãe ri com sarcasmo. - Me refiro as suas intenções sexuais.

   - Mãe. - Digo, morrendo de vergonha.

   - Jessy, minha conversa é com ele agora. - Ela gesticula com a mão. - Responda, garoto.

   - Eu não tenho... Intenções sexuais com a Jessy. - Paul está nervoso.

   - Não minta para mim, garoto. - Mamãe coloca o copo de suco no braço da poltrona. - Acabei de ver você metendo a mão na bunda da minha filha. E agora, vem me dizer que não tem intenção de transar com ela?

   - Mãe! - Grito.

   - Não aumente o tom de voz comigo, mocinha.

   - Então, pare...

   - Não enquanto eu não descobrir a verdade sobre ele.

   - Que verdade?

   - Não estou escondendo nada, Senhora. - Paul retira sua mão da minha perna.

Ah, não... Estava tão bom.

   - Por que será que não confio em você? - O sarcasmo na voz de mamãe volta. Depois de um tempo encarando Paul, mamãe se levanta de repente, derrubando o copo de suco. Mas parece que ela não se importa com o líquido amarelo manchando o tapete branco. - É melhor sair da minha casa, garoto.

   - Claro... - Paul tenta se levantar, mas coloco a mão em seu peito, o impedindo.

   - Ele não vai a lugar nenhum. - Olho para mamãe.

   - Quero este... Marginal longe de você.

   - Marginal?

   - Isso, marginal. Este garoto não serve para namorar você.

   - Essa não é uma decisão sua...

   - Passou a ser. - Mamãe vai até a porta a abrindo com força. - Fora da minha casa, garoto.

Paul se levanta. Assim que ele vai até a porta, vou atrás dele.

   - Me espere. Vou pegar a minha bolsa.

   - Aonde pensa que vai? - Mamãe me encara.

   - Ao cinema. - Pego minha bolsa ao lado da porta.

   - Não vai, não.

   - Mãe...

   - Jessy, deve escutar a sua mãe. - Diz Paul com o capacete na mão.

Reviro os olhos e saio batendo a porta na cara de uma mulher furiosa. Paul me olha com espanto, um sorrizinho lindo se forma no canto de seus lábios.

   - Bateu mesmo a porta na cara da sua mãe?

   - Bati... - Me aproximo e lhe dou um beijo rápido. - Vamos ao cinema?

   - Vamos. - Ele sorri e gentilmente coloca o capacete em minha cabeça, suas mãos fazem cócegas em meu pescoço enquanto ele prende a trava de segurança. Ao terminar, ele dá um tapa em minha bunda.

   - Ah... - Exclamo de surpresa.

Ele sorri e monta na moto, ligando-a logo em seguida. Monto atrás dele, me aliando a sua cintura.

Partimos pela tarde quente de Nova York.

Diário De Uma AssassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora