Degustação

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Um Louco Desejo

Assustei-me quando Kate se aproximou de minha orelha e disse:

- Nem pense em não participar desse jantar. - Virei-me e a olhei com os olhos cerrados.

- Está lendo pensamentos agora?

- Conheço-te ,Katherine. - Disse passando por mim com um sorriso sarcástico nos lábios.

Bufando, subi até o quarto onde eu estava hospedada, tomei um bom banho de chuveiro e por um momento lembrei que precisava ligar pros meus paus e falar com Taylor.

Enrolada num roupão preto todo felpudo, me sentei sobre a cama e liguei primeiro para os meus pais. Depois do segundo toque, meu pai atendeu como se ele estivesse esperando minha ligação, e isso me deixou com o coração aflito, eu precisava dar mais atenção á eles.

- Alô?

- Oi pai.

- Helena! É Katherine! Venha minha querida! - Ouvi meu pai com a voz de felicidade chamando minha mãe, aquilo me deixou com mais sentimento de culpa por não ligar mais vezes pra eles. O senhor Jhone, meu pai, era muito bonito, na faixa de seus 55 anos, loiro de olhos azuis, um metro e oitenta e cinco de altura, corpo magro e bem cuidado, ele era muito vaidoso, meus olhos azuis e de meu irmão Jhone, que levava o nome do meu pai, se devia á ele. - Oi meu amor, como você está?

- Estou bem pai, e vocês? Perdoe-me por ligar tão pouco, liguei pra dar notícias, consegui um emprego, começo na segunda-feira. - Contei para o meu pai tudo sobre minha nova vaga de emprego e falamos sobre eu passar o próximo fim de semana com eles.

Conversei sobre seu emprego de porteiro numa pequena fábrica na cidade, minha intenção sempre foi ganhar muito dinheiro em New York e dar uma vida melhor para eles.

- Está bem, minha querida, agora fale aqui com sua mãe que está quase arrancando os cabelos, venha no fim de semana, queremos matar as saudades.

No momento que dei um oi para minha mãe, ela percebeu que tinha algo de errado comigo, tentando tranquiliza-la, lhe disse que estava ansiosa pelo novo emprego. Minha mãe nunca trabalhou fora, meu pai não permitia, ela era linda, morena de olhos verdes com seus quarenta e cinco anos, meu corpo escultural se devia á ela. Falamos sobre Jhone, meu irmão mais velho, que trabalhava junto com meu pai, nunca teve o sonho de ir para a cidade grande tentar ganhar a vida, mas acho que não fez muita questão porque ele namorava a Celene, uma menina linda, ruiva de cabelos longos e cacheados. Meu irmão era um homem muito bonito, na sua idade de vinte e cinco anos, cabelos pretos, lindos olhos, corpo malhado, pois ele não dispensava uma academia.

Após matar um pouco da saudade com meus pais, me despedi com o coração apertado da minha mãe, querendo muito deitar em seu colo como ela fazia me ouvindo e dando seus conselhos, mas não podia falar nada por telefone, me despedi dela deixando um grande beijo para meu irmão. No mesmo instante que desliguei meu telefone, ele tocou, olhei no visor e era Taylor. Quando o atendi, ele já foi logo dizendo:

- Já me esqueceu? Só por que teve uma noite quente com o Senhor Phillip Santolli, já me deixou de lado? - Senti meu corpo estremece,r não pelo motivo de ouvir o nome do meu Deus grego, mas ao ouvir o que ele disse.

- O quê você disse Taylor? - Por um momento ele ficou em silêncio e depois continuou:

- Estou sabendo que você transou com o garanhão do Phillip.

Como fogo que se espalha em uma palha, foi subindo um sentimento de fúria dentro de mim. Com a voz alterada disse lhe:

- Como você ficou sabendo?

- O que importa?

Fiquei mais furiosa ainda e gritando eu disse:

- Taylor não brinca comigo, como você ficou sabendo?

Ele se calou por um momento e retomou a fala: - Está sentada?

- Fala Taylor!

Então ele começou dizendo que o meu Deus grego havia lhe procurado, e perguntado qual tipo de relação ele tinha comigo. Perguntou onde eu estava, porque ele foi até o meu apartamento e não tinha me encontrado, o porteiro não soube dizer pra onde eu tinha ido, só disse que eu iria passar o fim de semana fora, foi quando ele, não sei como, encontrou Taylor, que lhe passou as informações que ele tanto precisava.

- Como você é burro. - Ele parou por um instante e disse:

- Me desculpe Katherine, não foi minha intenção te colocar numa situação de ridículo, quando ele me procurou no escritório e veio pessoalmente falar comigo, eu vi uma sinceridade em seus olhos como se ele estivesse apaixonado, daí lembrei que tínhamos visto ele no La Mama, me desculpa.

Senti meu peito se contrair e um sentimento de culpa por ter falado com Taylor naquele tom tão grosseiro. Respirei fundo.

- Desculpa Taylor, você não tem culpa nenhuma.

- Tudo bem, querida, quando você voltar conversaremos melhor sobre isso.

- E como você ficou sabendo que transei com ele?

- Ele, não sei como, conseguiu meu telefone e enviou uma mensagem.

Fiquei espantada com tal ousadia daquele homem que tanto me atraia, e ao mesmo tempo, que tanto me dava repulsa.

Taylor continuou:

- Na mensagem estava escrito: "Obrigado por facilitar o meu caminho." Então eu deduzi. Para um bom entendedor, um pingo é letra.

Senti mais uma vez meu estômago embrulhar, me despedi de Taylor e deitei na cama com o estômago revirado, senti um nojo por aquele homem, e ao me lembrar da nossa noite, meu sexo se contraiu, um sentimento de desejo e nojo ao mesmo tempo.

O quê será esse homem, um anjo que me levou ao céu me fazendo gozar por duas vezes, e ser tão carinhoso enquanto estávamos trocando prazeres? Ou o demônio, que me fez ir ao inferno em poucas horas sendo tão frio, me usando como todas as outras, me tratando como se eu fosse uma garota de programa?

Como um filme passando em minha cabeça, vi aquela cena do cheque, e meu estômago revirou com tanta intensidade que não suportei, me ajoelhei no chão do banheiro abrindo a tampa do vaso sanitário e coloquei pra fora tudo o que havia comido naquele dia.

Kate entrou no quarto e ao me ver ali naquela situação, veio ao meu encontro, segurando meus cabelos com seu olhar de preocupação.

- Katherine, o quê houve? Você não está se sentindo bem? Quer que chame um medico? - Com os olhos marejados, fiz sinal de negativo com a cabeça, me levantei, escovei os dentes e encostei-me na parede fria daquele banheiro. Com as mãos sobre meu rosto, cai em lagrimas. Kate, com passos largos, veio ao meu encontro me abraçando forte e me tirando dali, daquele lugar frio tão frio quanto o meu Deus grego.

Deitou-me sobre a cama, ligou o ar-condicionado e me cobriu com um edredom bem fofo.

- Está mais calma?! Agora me conta o que houve, você estava tão bem!

Recuperando meu fôlego que havia ido embora junto com minhas lagrimas, contei detalhadamente tudo o que Taylor havia me dito pelo telefone. Percebi nos olhos de Kate a sua ira que havia criado em relação ao meu Deus grego. Com a mão no estômago o sentindo revirar como o meu, disse:

- Esse homem é pior do que eu o imaginava.

Caindo em lagrimas novamente, eu disse:

- Eu gosto dele. - Jogando a cabeça para trás em sinal de reprovação, disse vindo ao meu encontro e se deitando ao meu lado.

- Ah não amiga, sinto muito. - Fiquei ali em lágrimas parada abraçada com Kate, querendo estar nos braços da minha mãe. Não que Kate fosse um abraço ruim, mas abraço de mãe é diferente, me sinto protegida. Ela secando minhas lágrimas com suas mãos pegando meu rosto, me disse:

- Não precisa descer para o jantar, eu invento que você não está se sentindo bem e peço para a empregada trazer algo para você comer aqui em cima mesmo. - Dei-lhe um abraço em agradecimento, e ela me retribuiu com um beijo carinhoso na testa.

DR.

Um Louco DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora