Quase Lata

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As vezes a vida vai tirando tudo de você. Mas é aos poucos, situações pequenas que combinadas te levam para baixo. Tiram tudo oque você tem até que sobre um vazio. Mas então algo ocorre e você se preenche, e é assim que vamos vivendo.

Mas era uma segunda, estava recarregada, meu final de semana havia sido bom, pois apesar de tudo estávamos bem, bom e velhos amigos. Fui acordada por uma ligação sua as 8h35, por conta de que já fazia uma hora que eu não respondia suas mensagens. Atendi pensando que era algo grave, porém quando você ouviu minha voz de sono -que nem eu sabia eu tinha- caiu na gargalhada.
O telefonema se estendeu quase que assim, você não queria nada demais, só queria saber a data do trabalho e falar comigo. Foi bom, me senti muito bem, uma batalha de gargalhadas e bocejos. Porém desligados tínhamos a fazeres, pensar que desde aquela época éramos responsáveis?

Fiquei fitando meu lençol caramelo por alguns segundos, e me dei conta: Meus olhos já estavam inundados.
Tudo oque havia dentro de mim, havia se retirado em um só golpe, me senti tão vazia, como uma lata, se alguém batesse faria um tremendo de um eco.
Mas porque? Talvez seja porque eu percebi que as coisas não estavam resolvidas, e você estava mais perdido do que eu.

"Por favor não me siga. Eu também estou perdida."

Devo admitir que nunca precisei de um retrato seu. Era só fechar os olhos, que eu lembrava -pior, ainda lembro- da tua imagem. Aliás eu vivia nessa imagem, nesse pequeno passado.
Mas eu não precisava mais viver nessa pause do preterido pois, podia te ver todos dos dias. Oque apesar de tudo era e ainda é, terrível.
Por isso eu preferia o ontem. Porque ontem eu só vivia. Ontem eu te odiava. Ontem era melhor.
Deu saudades de ontem.

mar para sí (RASCUNHO)Onde histórias criam vida. Descubra agora