Capítulo 7

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Meu lado humano latejou dentro da minha alma, com força, como um grande sino badalando, forjado em toneladas de metal. Eu repassei a fala do meu pai dez vezes na minha cabeça, interpretando-a de novo e de novo, não podia significar outra coisa, minha mãe está morta, é apenas um saco de carne que logo começaria a apodrecer e a desaparecer, como diabos eu superaria isso? Como eu poderia encontrar Josh agora? E meu pai? Meu Vampiro Sanguinário Irracional cochicha que tenho menos um motivo para permanecer com a minha família. Como se isso já não estivesse fora de questão! Eu sei que não posso mais tê-los, sei que devo me afastar, mas é um pensamento que não leva apenas um dia para entrar na cabeça de alguém. Minha mãe foi minha amiga desde que eu me lembro, ela era a pessoa mais doce e incrível que eu conheci.

—O que houve? — perguntei ao meu pai sentindo meus olhos molharem. Pelas faixas e quantidade de policiais, eu não poderia gostar da resposta.

—Ela foi assassinada essa manhã, meu bem, graças a Deus nem você nem o seu irmão estavam em casa, eu já tinha saído para trabalhar, ela me deixou no trabalho e foi até o mercado. Quando chegou em casa foi morta. — Ele começou a soluçar de uma maneira que eu nunca tinha visto antes.

Tudo aquilo era extremamente assustador e surreal. Eu tinha em mente de que precisaria aprender a lidar com a morte, em algumas poucas horas fui responsável pela morte de alguém. Queria estar mais chocada por isso do que realmente estou, meu lado humano está enjaulado em alguma parte do meu cérebro e meu Vampiro Sanguinário Irracional é quem possui as chaves. Minha mãe está morta. Digo a mim mesma tentando acreditar nessas palavras, sinto um misto de sentimentos que envolvem surpresa, raiva e até mesmo uma pontada de ansiedade. A raiva é o sentimento predominante sinto-a correr pelas minhas veias muito mais poderosa do que eu já havia sentido, chegava a ser sobrenatural, minha garganta pulsou pelo sangue do assassino da minha mãe, pulsou por cada policial ali presentes, haviam uns sete e nenhum deles pôde fazer nada para salva-la. Nós conhecíamos todos eles, e é claro que eles também nos conheciam, todos com um semblante triste e visivelmente afetados com a morte de minha mãe, que era uma pessoa conhecida por ser extremamente gentil e amorosa. Em uma cidade tão pequena é impossível não se relacionar com a grande maioria dos habitantes, e aqueles que você não se relaciona são parentes de quem você conhece. Como por exemplo o Xerife Jonathan Barry, que vinha andando com uma postura de poder inquestionável, muito diferente das outras pessoas abaladas pelo assassinato que ocorrera. Meu pai o viu se aproximar, enxugou os olhos e fechou a cara para ele. A minha família e a família do Xerife Barry já haviam passado por muitas coisas no passado. O filho dele, Ronald, era amigo de Josh até o final do ensino médio e meu pai e Barry acharam uma boa ideia manda-los para Londres como presente de formatura, porém no aeroporto descobriram que na mala de Ronald havia uma quantidade considerável de droga. Barry enlouqueceu, tentou culpar Josh por isso, mas durante o processo de investigação sobre a origem da mala ficou claro que ela pertencia a Ronald. A pesar de todas as provas apontarem para o seu filho, Barry nunca aceitou o desfecho das coisas, a reputação e a ficha de Ronald foram manchadas para sempre, mesmo Barry tendo mexido todos os pauzinhos que possuía para amenizar a pena do filho, que pagou alguns poucos anos de regime semiaberto, mas ele jamais seria aceito em uma faculdade, e certamente Collycreek jamais esqueceria. O xerife o mandou para longe há poucos meses atrás, logo que a sua pena terminou, ainda há boatos sobre o paradeiro de Ronald Barry, nenhum muito gentil. 

—Roy — Barry cumprimentou a meu pai quando finalmente chegou perto o suficiente, em seguida olhou para mim — Srta Roy, lamento sua perda — Ele cuspiu essas palavras como se estivesse cumprindo alguma obrigação, eu nem me dei ao trabalho de responder seus sentimentos falsos, então ele continuou — Eu sei que o momento é inoportuno, mas preciso que a senhorita me acompanhe até a delegacia, e já que você é maior de idade, poderá me acompanhar sozinha ou com um advogado é claro.

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