—Sério? Logo aqui? — Natasha perguntou entediada.
Estávamos parados na frente do hotel mais vagabundo que eu já tinha visto na vida. O nome na fachada estava gasto demais para ser lido e algumas janelas tinham o vidro quebrado, havia apenas um carro estacionado na frente e eu deduzi que deveria ser de algum funcionário. Quem em sã consciência iria querer passar a noite em um lugar como esse?
Eu estava de pé apoiada em Natasha. Nós havíamos parado de correr alguns minutos atrás e eu já me sentia bem o suficiente para descer do colo de Sweet, um pouco menos do que eu demonstrava, mas mesmo assim quis ficar de pé.
—É o lugar mais discreto que nós vamos encontrar
Sweet rebateu.
—Discreto? Puta que pariu, Sweet! Se desse para ler o nome dessa espelunca estaríamos lendo "Hotel Refugio para Assassinos Procurados, o melhor lugar para esconder um cadáver!"
Sweet continuou serio, ele têm estado ainda mais estranho do que quando nos vimos pela primeira vez. Eu não tive a oportunidade de falar muito desde que fui resgatada, imagino o trabalho que Natasha deve ter tido para convencê-lo a me ajudar, e imagino a raiva que ele deve estar sentindo de mim.
Nós entramos no hotel bizarro independente das queixas de Natasha. Por dentro era ainda pior; varias camadas de papeis de parede lascados em diversos pontos até onde a vista conseguia alcançar, havia um lustre no teto que eu acredito um dia ter sido a beleza daquele lugar, mas hoje estava queimado, quebrado em varias partes, com alguns fios elétricos embolados dando energia a uma luzinha florescente comum, nem fizeram questão de esconder a gambiarra. Quando tocamos a campainha da recepção um rato do tamanho de um cachorro passou correndo atrás do balcão, eu dei um saltinho com o susto, Sweet e Natasha me olharam indignados.
—Relaxa, srta Roy, ele não vai sugar seu sangue. — Sweet disse com a cara fechada. Eu não poderia ter me sentido mais ridícula.
Em alguns segundos uma menina (aparentemente muito jovem para ser recepcionista de um lugar como aquele) apareceu no balcão mascando um chiclete.
—Boa noite, bem vindos ao Sonho de Verão, como posso ajuda-los? — Ela pronunciou sem uma gota de expressão no rosto.
—Queremos um quarto. — Sweet disse — Para três.
A menina pôs os olhos em Sweet e sorriu de repente, foi meio assustador o jeito que ela mudou de expressão em menos de um segundo, mas nenhum dos dois pareceu se importar, essa deveria ser uma reação com a qual ambos já estavam acostumados a lidar, assim como Sweet, Natasha também era inacreditavelmente bonita. Eles eram um casal nojento de lindo. A menina da recepção continuou a sorrir amavelmente para Sweet lhe fazendo perguntas sobre a hospedagem. Ele informou que não ficaria mais de uma noite e pagaria a diária completa a vista, então ele recebeu as chaves e nós seguimos para o quarto. A noite estava fria e nublada, a cada passo que eu dava em silencio para o quarto com Sweet e Natasha sentia o clima ficando cada vez mais tenso.
Ao entrar no quarto, que ficava no térreo (o que me fez temer mais ratos) me surpreendi com o quão jeitosinho era. As paredes eram amarelas em um tom bem clarinho, como um dia de verão, como a temática do hotel um dia talvez quis sugerir. Haviam três camas de solteiro e uma TV virada para elas, também tinha uma escrivaninha perto de uma porta que eu imaginei que levasse ao banheiro. Natasha me ajudou a sentar em uma das camas.
—Ok... — ela disse entre um suspiro — vamos ver esse ferrão.
Ela veio na minha direção com a intenção de abrir o zíper da minha calça para ver a ferida que eu havia ganhado no meu quadril, mas Sweet a interrompeu segurando suas mãos no ato.
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Pestenium - Transformada (Reescrevendo)
Mystery / ThrillerO encontro marcante entre Samira e um universo novo e ameaçador é o início da série Pestenium. Após ser transformada em vampira de maneira pouco convencional, Samira se vê obrigada a lutar pela própria vida enquanto ainda tenta encontrar seu irmã...