Capítulo 11

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—Sira querida, acorde. — a voz doce da minha mãe me chama para me levantar, provavelmente eu dormi demais, de novo. Tive o sonho mais esquisito. — Vamos Samira, minha filha, você vai se atrasar.

—Só um minuto, mãe.

—Mãe?

Abro os olhos e vejo Natasha do lado de fora do carro com a cabeça para dentro da janela, me chamando.

—Está tudo bem? — Ela pergunta, com os olhos gentis.

Não foi um sonho. Eu sou vampira. Eu matei uma pessoa. Minha mãe está morta.

—Não. — Respondo.

—Eu sei, Sira — Ela abre a porta do carro e estende a mão para mim. — Eu prometo que as coisas vão melhorar. Logo vamos achar o seu irmão, e você estará livre. o segredo é tentar sempre se lembrar do lado bom das coisas.

Estarei livre de quê? Da minha humanidade? Eu sinto vontade de perguntar, mas apenas pego sua mão e saio do carro. Depois de algumas horas brincado de "O que eu vejo?" no carro com Sweet e Natasha, deixando o jogo um pouco diferente do que eu costumava brincar, já que podíamos ver praticamente tudo ao nosso redor, eu resolvi cochilar, estava me sentindo muito cansada, física e mentalmente.

O dia está nublado, como no dia anterior, perfeito para uma caminhada de vampiros. Eu e Natasha estamos na frente de um hangar enorme no meio de uma area completamente deserta. Há alguns entulhos e grandes pilhas de sucata ao redor do lugar, atrás há um espaço enorme que eu logo identifico como uma area de decolagem.

—Onde está o Sweet? — Pergunto.

—Está com a Fernanda, lá dentro — ela diz revirando os olhos.

Enquanto andamos entrando no hangar, percebo que a minha garganta da leves indícios de que eu posso estar ficando com sede.

—Droga, eu estou morrendo de sede! — Natasha diz antes de mim, sua voz faz um curto eco aqui dentro, assim como nossos passos.

—É, acho que estou começando a me sentir assim também.

—Onde vamos encontrar alguém para sugar nesse fim de mundo?

Noto um pequeno avião com uma hélice na frente estacionado no meio do hangar, esse lugar é muito grande para abrigar apenas essa coisinha, parece mais um brinquedo do que uma aeronave, me enche de calafrios pensar em voar nessa latinha de atum.

No meio de alguma peças e caixotes, há um sofá amarelo velho e encardido onde Phillipe está sentado, com uma mulher em seu colo, que eu deduzo ser Fernanda. Além dessa cena bizarra, algo não está normal. O cheiro de somorga invade minhas narinas e eu seguro o pulso de Natasha antes que ela se aproxime mais.

Natasha olha para a minha mão em seu pulso, assustada. Mas logo sua expressão se alivia e ela diz com calma cochichando para evitar o eco:

—Fernanda é uma somorga, Samira. Não se preocupa, ela foi banida quando conheceu Phillipe. Ela faria literalmente qualquer coisa por ele.

Depois de falar isso Natasha continua andando tranquilamente, me deixando para trás, completamente boba com a quantidade de coisas aleatórias que estão acontecendo ao meu redor no momento. Uma somorga sentada no colo de Sweet, meu amigo vampiro, no meio do único hangar de um aeroporto clandestino. Se alguém me contasse onde eu estaria hoje há dois dias, eu literalmente morreria de tanto rir.
Ao chegar mais perto me dou conta de que Fernanda tem cicatrizes de queimadura por todo o corpo. Nos braços, pescoço e até um pouco no rosto, quando ela olha para mim eu desvio o olhar tão rápido que não poderia ter ficado mais óbvio o que eu estava fazendo.

Pestenium -  Transformada (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora