Eu não imaginava o que levou Amy a fazer isso, sei que provavelmente ela queria ferrar Gabe, mas porque eu não sei.
Gabe estava parado, os olhos arregalados, e lágrimas brotando, mas sem emitir nenhum som, sem fazer nenhum movimento, Anthony, estava parado, pálido, e parecia estático.
Eu fui em direção aos dois, mas não cheguei a tempo, Gabe caiu, desmaiou.
- O-O que aconteceu com ele? - Perguntou Anthony, quando eu já estava ao lado de gabe.
Olhei para ele com cara de "pergunta idiota", e ele pareceu entender, ainda estava meio atônito, mas me ajudou a levantar Gabe, que já estava recordando a consciência, eu estava triste por ele, e também por Anthony...
- É CULPA SUA! - Gritou Gabe, quando estava melhor. Ele precisava de alguém para culpar, quem melhor do que Anthony, ele tinha algumas coisas contra ele. A um tempo atrás, Gabe tentou se matar, ele estava deprimido, se irmão tinha sido transferido para uma unidade avançada do colégio onde estudava, para gênios, o pai dele havia voltado a beber, e ele havia dito algo, sei que Gabe ficou muito machucado, e o pai dele estava triste com a transferência do irmão de Gabe.
- Gabe, não foi. Ok! - Disse entrando no meio da briga que estava para se iniciar.- Amy armou isso, por isso te tirei de lá ontem, e por isso ela deve ter ficado puta e resolveu postar o vídeo.
-MAS ELA DISSE QUE ALGUÉM POSTOU, NÃO ELA. -Gritou Gabe.
-E POR ACASO ELA NUNCA MENTIU?- Gritei de volta.-EU ESTAVA LÁ EU VI!
Anthony foi em direção a porta, ele parecia ainda assustado, e não sabia o que fazer. Gabe estava segurando o choro, então eu o abracei, e ele começou a soluçar, senti as lágrimas no meu ombro.
-O que eu fiz para ela?- Gabe perguntou com a voz abafada pelo pano de minha blusa.- O que eu fiz para o universo?
Eu não sabia o que falar, olhei para Anthony que estava com a mão na maçaneta e não tinha aberto a porta ainda, ele olhou para mim, sobre seu ombro, os olhos vermelhos.
Eu abri minha boca e deixei as palavras saírem, disse a ele tudo que eu gostaria de ouvir.
- Gabe, eu sei que você poderia não estar preparado, mas é assim que a vida é, não adianta de nada chorar, as coisas não vão voltar a ser como eram, ao invés de chorar e ficar parado, você tem que mostrar que isso não te afetou, e que acima de tudo, você se aceita e ama ser quem você é. Você é maravilhoso, ninguém pode negar isso, e com quem você gosta de passar suas noites não mudam isso.- Dizer isso para Gabe me fez lembrar que eu ainda não tinha feito isso, eu ainda não tinha aceitado as coisas como eles são, eu estava sendo uma criança birrenta, que se fecha enquanto não ganha o que quer, eu não ganharia meu pai de volta, não importa o quão mal eu estava, eu ainda tinha minha mãe, e ela estava tão perdida quanto eu, nesse turbilhão de estrelas.
Anthony saiu, Gabe estava melhorando, ele já não chorava mais, meu celular tocava, e o nome de Amy aparecia no visor, eu não estava bem para falar com ela, eu sabia que ela tinha feito isso, Amy sempre adorou controlar a vida das pessoas, desde a terceira série. Me lembro que uma vez no aniversário dela, ela convenceu Prudence, a ajudante a trocar sua faixa de cabelo, porque faixas eram para garotas como ela, e não para uma menina da idade de Prudence.
***
Eu esperei até que o pai de Gabe chegasse, para eu poder ir embora, era domingo, e eu sabia que minha mãe estava em casa, eu queria abraça-la e dizer que ele estava de volta, mas não seria isso que eu iria dizer.Quando cheguei em casa, o cheiro do típico macarrão de domingo exalava, e o frango frito estava em uma tigela na mesa, que estava posta para três pessoas. Minha mãe continuava a colocar o prato e os talheres no lugar onde ele costumava sentar, porque ela não podia jantar sem ele.
-Jenna? - Minha mãe chama.
-Estou aqui mãe.- Essa foi a primeira vez que respondi a ela sem sentir o nó em minha garganta.
- Como foi na casa de Amy? - Perguntou ela vindo da cozinha para sala de jantar com a tigela de macarrão.
-Eu não fiquei na casa da Amy.
- É porque? Onde você ficou?- Ela estava preocupada.
-Na casa de Gabe.- respondi.- Amy deu uma festa, e eu não estava a fim de ficar lá.
-Ah, sim. - Ela respondeu sorrindo.
Minha mãe era uma mulher magra, e loira, a pele bronzeada, e algumas rugas já apareciam, ela tinha olhos azuis, mas hoje eles estava tristes.
-Me desculpe mãe. - Eu disse, mas as palavras começaram a parar, e os soluços apareceram, as lágrimas brotaram, e a dor começou a voltar.
-Querida.- Minha mãe chorava também, ela veio e me abraçou, e eu me senti como quando eu tinha sete, e ralei meu joelho após cair de bicicleta, doía, mas a presença dela me deixava segura, e eu podia chorar, e ninguém colocaria um remédio que faria arder, nem diria que foi só uma queda, e que haveriam outras. Minha mãe costumava dizer, que quando estamos com dor, nada nos consola, a única maneira de matar a dor, é deixando ela sair.
Não podemos negar a dor, temos que aceita-la, senti-la, e aprender com ela.
Assim como quando eu tinha sete, aprendi que árvores altas não deveriam ser escaladas sem supervisão, mesmo que você quisesse pegar uma flor para fazer sua mãe sorrir.-Ele se foi.- Eu disse enquanto ela me apertava em seus braços, e meu mundo parecia estar sendo destruído, minha garganta doía, e meu corpo não respondia, as lágrimas pingaram, e eu senti com elas um pouco da dor ir embora.
Naquela noite, nós não assistimos TV, minha mãe e eu decidimos ver os álbuns antigos de família, minha vó dizia que: quando alguém morre, nós só lembramos das coisas que fizemos para essa pessoa, e que poderia ter causado sofrimento, mas a vida não é feita só do que lembramos quando perdemos alguém, a vida é feita dos sorriso que proporcionamos para esse alguém.
A noite foi longa, assim como a curta vida de meu pai.
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Boys n Girls
Teen Fiction"Eu não sei lidar com a morte. Nem consigo chorar, nem consigo falar como foi. Nem consigo dizer o que ele era meu, a palavra faz meu corpo doer, parece presa na minha garganta, minha mãe acha que é culpa dela, mas na verdade é minha. " -Jenna. "Eu...