Jenna: Amy

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Seres humanos, nós muitas vezes nos colocamos como superiores aos animais irracionais, mas isso não significa que deixamos de ser tão animais quanto qualquer outro, não que dizer que somos menos selvagens que um leão, ou um macaco, apenas que somos mais cruéis, e ligados a um hierarquia injusta, na qual seu órgão sexual te coloca acima de outra pessoa.

Eu não havia perdoado Amy, principalmente depois do incidente com Gabe, mas o que aconteceu com ela não deveria ter acontecido, é algo que nem a pior das pessoas deveria saber como é. 

O pior de tudo era que ela provavelmente estava gravida, do estuprador, não existe coisa mais desumana que violência sexual. Eu havia decidido que ajudaria Amy, mas nossa amizade não voltaria ser a mesma, ela estava mudada demais, talvez fossem as drogas, ou talvez fosse somente mau-caráter mesmo, mas pela amiga que ela foi no passado eu a ajudaria.

No domingo fui até  a casa de Gabe, para conversar com ele, que já estava bem melhor, inclusive havia terminado o tão temido trabalho da professora Angela, o que não era de se estranhar, Gabe adorava as aulas de inglês e de literatura, assim como eu, e não tinha uma nota que não fosse a máxima. Quando cheguei em sua casa, olhei para o final da rua, onde Anthony morava, e a casa estava silenciosa, subi os degraus e apertei a campainha esperando para entrar, e poder finalmente me refrescar, aquele deveria ter sido um dos dias mais quentes do ano, o sol ardia na pele, e a umidade fazia você ficar melando mesmo quando havia acabado de sair do banho, era horrível, porém dias assim me deixavam estranhamente mais alegre.

Gabe abriu a porta, e estava usando óculos de sol, bermudas e uma regara verde com estampa de sapos.

- Eu odeio esse calor! - Disse ele provavelmente revirando os olhos. - Entra logo Jenna, essa luz ta me matando. 

Eu entrei e reparei que todas as cortinas estavam fechadas, e assim que ele fechou a porta a escuridão tomou conta, mas apenas por uns instantes, ele girou um pequeno controlador e a luz começou a clarear, pouco, mas o suficiente para que eu conseguisse enxergar.

- Definitivamente eu odeio o sol! - Disse ele se jogando no sofá e tirando os óculos, seu rosto não estava mais inchado, apenas o corte acima da sobrancelha e o no nariz indicavam que ele havia se machucado, de resto nada muito alarmante.

-Dores de cabeça? - Perguntei.

- Meu pai diz que é comum, se chama fotofobia, e que vai passar, mas eu não aguento mais. - bufou. -Queria estar na piscina.

- Eu te entendo, queria estar morta. - Brinquei e ele me olhou com desprezo.

- Você é anormal, por isso eu acho que te amo. - Ele sorria de maneira espontânea, espontaneidade era algo que não era comum em Gabe.

- Que fofo! - Disse. - Pronto para as aulas amanhã? 

- Você sabe  que odeio ser o centro das atenções, e amanha vai ser como visita ao zoologico, só que eu sou o animal que todo mundo quer ver."O viadinho"que sobreviveu a um ataque homofóbico.

- Soube que a Joyce está de idolatrando, inclusive ela planeja escrever sobre você no blog dela. - Joyce era amiga de Amy, mas na verdade Amy se aproximara dela pois ela era filha de uma das mulheres mais importantes da cidade, a ancora do jornal regional, Annelize Leigh, e assim como a mãe Joyce sonha em ser jornalista, só que ela se interessa mais por fofocas. 

-Eu não acredito. Você poderia por favor me matar? Já que se eu tentar o Anthony acidentalmente vai aparecer e chamar socorro, e eu serei levado a tempo para o hospital, novamente. 

- Você já agradeceu a ele? -Perguntei. - Sabe, ele meio que te defendeu lá.

-Como assim? Meu pai disse que ele só chamou socorro. - Disse Gabe confuso, eu não sabia se poderia contar a verdade, pois, seu pai omitira os fatos por algum motivo.

- É, deixa pra lá, eu só estou falando demais.

- Você tá estranha, tá tudo bem? - Ele me encarou, e eu desviei o olhar.

-É, como soube o que aconteceu com a Amy?- Mudei de assunto lembrando do real motivo pelo qual eu havia ido visitar Gabe.

-Ela me contou, você sabe... Disse que precisava contar pra alguém, mas não sei, não comprei totalmente essa. - Ele disse com um olhar vago, vendo através me mim. - Amy é capaz de muita coisa.

- Você não acha que ela está mentindo acha?

- Não sei, eu quero confiar nela, mas a historia que ela contou não faz sentido.- Explicou.

Amy havia contado a ele que no dia do ocorrido, ela usara drogas, e o efeito fez com que ela quisesse se desculpar com ele, mas no caminho da casa de Gabe, um homem começou a segui-la, e depois disso ela só lembra de ter acordado no carro dele, com ele por cima dela durante o ato.

- Vamos leva-la ao medico, eu não acho que ela esteja mentindo com relação a isso. Varias mulheres passam por isso, é algo que já virou rotina na nossa sociedade. - Digo, a desconfiança de Gabe chegou a me irritar um pouco, como ele podia achar que Amy havia inventado tudo aquilo, ela pode não ter contado toda e historia, mas violência sexual, continua sendo violência sexual.

Gabe continuo pensativo, remoendo algo em sua cabeça. até que a campainha soou, ele levantou e foi até a porta anteder colocando os óculos escuros.

Ele abriu a porta, e vi Anthony do lado de fora, um pouco suado, com a pele brilhando, com algumas coisas na mão, papeis.

- Trocaram a correspondência novamente, vim aqui devolver. - Disse entregando os envelopes para Gabe.

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