Gabe: Violência

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Eu me pergunto se existe maneira de esconder das pessoas um segredo que todos já sabem, mas se todos sabem disso isso não é mais um segredo.
Uma parte de mim de alguma maneira estava feliz com isso, mas outra estava apavorada, e isso me matava, odeio ter medo, eu não consigo ser eu mesmo quando estou com medo, nem pensar como eu mesmo, mas isso é só um agravante, logo esse vídeo estaria nas mãos do meu pai, e isso seria ruim, o que significa que eu precisaria contar. Só não precisava ser agora. 
Na escola as pessoas pareciam não se importar, só alguns religiosos que me paravam para dizer que Jesus poderia me salvar, e que essa vida de pecado não era certa, ou que se eu orasse muito eu me tornaria normal.
É estranho as pessoas não acharem que eu sou normal, tipo, um psicopata não é normal, um homossexual é igual a um psicopata? Acho que as pessoas estão muito equivocadas, isso não é uma coisa nova, mas ainda sim as pessoas relutam em aceitar, pois, isso vai contra os princípios implantados desde que éramos crianças, por muito tempo em minha vida eu me senti diferente, errado, defeituoso, mas essa semana eu concluí que sou normal, e que a pessoa com quem eu me relacionar não vai me tornar errado, e sim minhas atitudes.
Eu estava pronto para isso, e não aguentava mais segurar isso dentro de mim, essa coisa é sufocante, tão sufocante que quase tirei minha vida.

Amy não aparece na escola por  há uma semana, é estranho, mas tento não me importar, ela não se importa comigo, por que eu me importaria com ela?

O dia estava nublado, e serenava, o vento fresco em meu rosto me fazia sentir como se eu estivesse limpo, vazio de negatividade, e tudo mais, meu irmão voltou para seu colégio, o que significa que terei a casa só para mim por um tempo, com meu pai trabalhando eu teria tempo de terminar o trabalho sobre Anthony eu já deveria ter terminado, mas tudo isso acontecendo me afetou de maneira que nem escrever me fazia me sentir melhor... Toda vez que eu me sentava em frente ao computador a cena me voltava a cabeça, ou então quando eu tentava escrever sobre Anthony.

Anthony tem agido normalmente durante essa semana, ele não se aproximou de mim, nem de Jenna, o que é bom, eu não gosto dele por perto, ele já me salvou, sem minha permissão, não quero ser taxado como namorado dele ou coisa do tipo.

A escola estava quase vazia, provavelmente por causa do tempo, afinal, sua cama é quente e confortável, diferente da escola, onde somos julgados e expostos ao ridículo a todo momento, fazendo com que nossa confiança seja destruída. 

Aula de matemática, me deixa com dor de cabeça, e das fortes, a sorte é que em seguida tenho aula de literatura, com o professor mais sexy do mundo... Deveria ser ele, mas algo aconteceu e ele não pode comparecer, quem veio em seu lugar é um  estagiário, ele é estranho, tem cabelos pretos e longos, estão presos em um coque que faz com que ele pareça um hippie, usa uma camisa colorida, e calças beje largas, calça um chinelo amarelo.

Me pergunto o que diabos está acontecendo, onde está o código de vestimenta de professores...

Jenna está atrasada, e pelo que soube andou pintando o cabelo, nunca imaginei que ela escolheria uma cor sem Amy, mas parece que ela finalmente descobriu uma identidade, as notas dela tem sido melhores que as minhas, e isso  me causa inveja, afinal ela é ótima em matemática, e eu sou terrível, gostaria de ter esse talento, mesmo chegando atrasada nas aulas ela tem conseguido entender alguma coisa...

Jenna entrou na sala cinco minutos depois que o estagiário tinha entrado, ele estava olhando concentradamente para um livro...

- Oi Gabe. Como vai? - Perguntou se sentando ao meu lado. - Quem é esse?

- Bem. - Respondi e completei - Não sei. - Olhando bem, ele era bonito, a pele era branquinha, e os olhos eram  meio acinzentados, e era magro, alto, e até seu estilo meio largado era meio atraente.

-Ai não!!! - Jenna Exclamou.

Olhei para ela, e percebi que ela estava pálida, com a boca aberta, e o estagiário tinha um sorriso no rosto, mas foi por apenas uma fração de segundos, depois ele se virou e escreveu seu nome.

Elioth, um nome um tanto quanto bonito... mas sua aula foi uma bagunça, me recuso a descrever...

No caminho de casa, ouço passos atrás de mim, não olho pois sei que é Anthony, mas então outros passos se juntam, começo a andar mais rápido, não deveria ter pego o atalho pelo caminho de terra... Olhei para trás e vi três meninos e duas meninas, todos me encarando.

- É aquele ali mesmo que é o boiolinha. - Quem diz isso é John, um dos caras do time de futebol, com ele estão Julian e Marcos, (AKA Tríade preconceituosa)

-Vamos mostrar para ele como ser homem de verdade... - Meu corpo gelou, corri com toda a velocidade que eu conseguia, meus pés doíam, e eu estava a alguns quarteirões da casa, algo pesado se joga contra mim, sinto que é John, ele esta excitado, sei disso, pois, posso sentir o pênis dele contra mim.

Ele me vira, e chuta minha barriga, e a dor toma conta do meu estomago, o ar foge de meus pulmões, e algo quente sobre por minha garganta, antes que pudesse vomitar outro chute me atinge na boca, e sinto o gosto de sangue, e um corte enorme no meus lábios está aberto.

O chutes continuam, e eu tento pedir para que parem, mas não consigo, John me da um chute na barriga que me faz rolar, e em seguida chuta minha cabeça.

- E isso é para você aprender, que ser uma aberração é errado, Deus não te fez para chupar um pau, seu otário. - As meninas atrás dele gravam com o celulares, e os cara estão rindo, minha visão estava escurecendo aos poucos, e então outro chute, e eu apago.  

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