Capítulo III

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Bernard Sliver

Onde estou? Será que ainda em San Diego? E que lugar é esse? Parece uma daquelas celas que se vê em filmes. A parede da sala tem uma coloração azul metálico. Vejo uma cama, uma tv e um espelho do tamanho de uma porta. É meio estranho. Não vejo passagem aqui, mas desconfio que esse espelho gigante, igual aqueles falsos que têm em delegacias, seja a porta.

Há quantos dias estou aqui? Estava dormindo esse tempo todo? Estou morrendo de fome e daria tudo por uma bela pizza de frango agora.

Dou uma olhada pela sala e não encontro nada onde eu possa encontrar comida, até que avisto um pequeno compartimento na parede acima da cama, que deve ser de alimentos. Vou verificar e quando o abro vejo uma maravilha: uma fatia de bolo de chocolate. Não é uma pizza de frango, mas está valendo. Ao lado da fatia, há um cantil de água e um pacote de batatas chips. Delícia.

Devoro rapidamente o bolo de chocolate. Estava muito bom. Tomo um gole de água, guardo as batatas no meu bolso da calça e me deito novamente.

Meus pais devem estar preocupados comigo. Com certeza eles já devem ter avisado a polícia. Espero que sim.

Começo a pensar nos fatos que ocorreram até eu estar aqui nesse lugar. O email, a queda de bicicleta, o poste que atravessei. Nada disso faz sentido. O que realmente está acontecendo? Me lembro de estar sentado no banco do parque e... Caramba! Me raptaram! Me doparam e me trouxeram até aqui. Por isso senti aquela picada no meu pescoço. Era uma armadilha. O Matt estava certo em dizer para eu não ir a aquele encontro com a suposta pessoa que iria me dizer onde os meus pais biológicos estavam.

Não, não, não, não! O que será que querem comigo?

Bato na porta de espelho e nada acontece.

Ouço um grito feminino a alguns metros de distância daqui.

— Tem alguém aí? — grito em busca de resposta, e sou respondido.

— Me ajuda! — ouço-a falando isso de longe. Me sinto mais aliviado ao saber que não estou sozinho e logo depois me desespero para tentar ajudá-la.

Bato novamente no vidro, dessa vez com mais força e, como esperado, nada acontece.

Então me lembro de uma coisa. Eu consegui atravessar aquele poste a caminho do parque em San Diego. Será que consigo fazer aquilo novamente?

Tento várias vezes e não dá em nada.

Paro por um minuto, me concentro e... tcharam, aqui estou eu do lado de fora.

Não entendo como consegui ultrapassar aquela porta de vidro, mas gostei desta minha habilidade.

Então olho ao redor. É um corredor grande e, como eu desconfiava, dá para ver o lado de dentro da minha cela e de outras que são exatamente iguais a que eu estava.

O silêncio é apavorante. Mesmo vivendo praticamente em meu quarto (só saio dele para comer, ir para escola e malhar na academia da varanda), ainda se dá para ouvir o som dos carros passando e dos pássaros piando lá fora.

Então resolvo quebrar o silêncio para que a garota me escute e eu vá até a sua cela.

— Olá? Você ainda está aí? — falo para ela enquanto eu corro.

— Sim, estou! Me ajude, por favor!

Percebo que a voz está mais próxima.

— Deixa eu só lhe encontrar.

Finalmente a encontro. Ela é muito bonita, mesmo aparentando medo. Cabelos ruivos e ondulados, tem uma altura mediana, lábios finos, rosto corado, olhos que deixam seu rosto ainda mais bonito. Percebo que seus olhos são da cor dos meus, um tom de violeta. Sinto-me atraído por ela.

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