Capítulo XX

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Malika Sirhan

A luta foi pior do que eu imaginava. Em muitos momentos fomos forçados a lutar com vários ao mesmo tempo e tenho certeza de que não teria a menor chance se não tivesse ajuda.

Lembro do tiro que Daniel deu em um homem que me atacava, assim como a flecha de Anippe que atingiu alguém que vinha em minha direção por trás.

Olho ao redor e vejo alguns dos soldados que lutaram ao nosso lado caídos, provavelmente mortos. Além disso, vejo um número ainda maior de rebeldes que foram derrubados. Os que sobreviveram foram capturados e provavelmente serão torturados até a morte para que a OCRV obtenha informações. Uma morte em batalha seria melhor. Pensar nisso me deixa nauseada, portanto tento desviar meus pensamentos para outra coisa.

Olho em direção aos meus amigos, checando se estão todos bem. Vejo Anippe tentando se levantar e percebo que ela possui vários hematomas. Antes que eu consiga me aproximar, porém, ela cai desacordada. A visão me deixa em desespero e corro em sua direção, porém um dos guardas presentes nos afasta e conduz Akira com Anippe nos braços em direção a ala hospitalar. Outro soldado aparece e nos diz para ajudar com os corpos e os feridos. Nesse momento, Vladmir vai em direção a Sophia para checar se ela está bem, e Bernard faz o mesmo com Aisha. Depois disso, sem muita opção, todos começam a fazer o que lhes foi pedido. Começo então a andar, quando reparo em algo estranho: nenhum sinal de Daniel. Tenho a impressão de tê-lo visto sair daqui logo depois de me salvar. Sigo na mesma direção que ele tomou.

Depois de vários minutos no mesmo corredor, chego ao fim e encontro um corredor que segue a direita e outro a esquerda. Paro e não faço ideia de que caminho tomar, mas então ouço vozes e decido segui-las. Viro a direita. Mais alguns passos, as vozes cada vez mais perto, e então chego a outra curva. Percebo que as vozes vem dali, portanto me mantenho escondida enquanto observo. Lá está Daniel e Miller. Me concentro para ouvir o que eles estão dizendo.

- Ótimo trabalho, Daniel. Suas informações sobre os rebeldes e seus planos foram importantíssimas para a nossa vitória. A maioria morreu, conseguimos manter alguns vivos para obter mais informações e conseguimos impedir o roubo das armas. - diz Miller.

- Obrigado, senhor. Fico feliz em saber que fui útil.

Porém Daniel não parece nem um pouco feliz. Ele mantém as mãos nas costas, seus punhos estão cerrados como se fizesse um grande esforço, e posso vê-lo tremer, mesmo que de leve. Miller dá batidinhas no ombro de Daniel e se retira. Decido que chegou a hora de me retirar também e me viro, porém ele nota minha presença.

- Perdida? - ele pergunta.

- Creio que sim. - minto. - Preciso ir a ala hospitalar.

- Está machucada? - seu tom de preocupação parece sincero.

- Não, não sou eu. Anippe está lá.

- Venha, eu lhe acompanho.

- Não precisa, só me diga a direção.

Não quero a companhia de Daniel. Sua presença me deixa desconfortável, mas ele insiste e termino por segui-lo.
Alguns minutos de silêncio constrangedor, até que ele pergunta.

- Vocês são amigas? Você e Anippe?

- Todos nós somos amigos. - respondo.

Tento ser o mais vaga possível, pois não quero lhe dar nenhuma informação sobre nós. Vejo que minha resposta não é o que ele esperava e percebo que informações são exatamente o que ele quer, e consigo imaginar o que ele quer descobrir.

- Você quer saber se Anippe me contou o que você disse a ela? - ele me encara. - Sim, ela contou, assim como contou para os outros. Mas saiba que isso não quer dizer que confiamos em você.

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