Capítulo XVI

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Aisha Radjaram

- Aisha? Você me ouviu?

Eu o ouvia, mas já estava indo pra longe.

Para aquela floresta.

- AISHA! FALE COMIGO!

A voz de Akira me trouxe de volta.

- Oi? - respondi com uma voz que não parecia a minha.

- OI?!

- Desculpa, Akira. Eu estava pensando. - eu respondo sentindo um gosto amargo na boca.

- Nota-se! - ele diz brincando. - Quase derrubam o prédio e você não presta atenção.

Mas eu já ia longe novamente.

Eu o via na minha frente tendo uma síncope. Eu estava lá novamente. E nada pude fazer. Seus ferimentos já estavam estancados, ele estava ao lado de um garoto. Depois, ele se agachou e começou a cuspir sangue desesperadamente, até morrer. Então aquela cena se repetia na minha mente, desde quando chegamos.

Com uma falsa tosse, a voz de Markus que me trouxe de volta a realidade.

- Como eu ia dizendo, essa será a chance de alguns mostrarem seus valores. - ele diz isso diretamente à Akira e Bernard. - Temos uma nova missão para vocês. - vendo nossos rostos de protesto, ele levantou a mão. - Calma. Vai ser em uma das nossas sedes. Vocês irão protegê-la de um futuro ataque, e lá terão uma enorme variedade de armas e coletes. Vocês terão o dia de folga, partirão amanhã cedo. Alguma pergunta? - ele olhou para cada um de nós.

- Por que ainda existe aquela floresta? - eu falo com uma voz trêmula.

- Desculpe, não entendi. - diz Markus.

- Por que ainda existe aquela floresta, já que grande parte da terra virou um pedaço de barro infértil? - disse eu com a voz um pouco mais alta e clara.

Vejo que todos olham para mim e Markus.

- Bem, minha cara, eu não tenho uma resposta exata agora. Pode ser que aquela área tenha até, por algum modo, sobrevivido a radiação. Temos algumas pesquisas não concluídas. Então, quando tivermos êxito, você será a primeira a saber. Mais alguma pergunta?

- Sim. Por que temos olhos violetas e vocês não, já que também foram afetados pela radiação? - eu pergunto novamente, com uma voz firme.

- De fato, essa, digamos, anomalia é causada em vocês por motivos que em partes ainda estão sendo estudados. Mas já que a senhorita perguntou, eu poderia dizer que estamos nos baseando em uma gênese que antes era apenas um mito, mas que mostra muitos fundamentos quando aplicadas à vocês. - ele diz.

- E que gênese é essa? - pergunta Bernard.

- A Gênese de Alexandria. Conta-se que existia uma garota há muito tempo atrás que se chamava Alexandria. Ela nasceu com os olhos azuis, mas no decorrer de sua infância eles se transformam em violetas. Assim, durante a adolescência, pode-se perceber que ela não tinha os "efeitos colaterais" da puberdade: tinha a pele perfeita, sem nenhuma mancha ou espinha, cabelos longos e sedosos e era altamente imune a doenças e pragas que surgiam na época. Acredita-se também que ela viveu anos, mas naquele tempo viver mais de 70 anos era um feito e tanto. Enfim, essa gênese fora considerada um mito, mas se aplicarmos a vocês, podemos perceber que, obviamente, seus olhos incomuns, seus sistemas imunológicos altamente resistentes, além da força e agilidade anormal como também as diferenças em seus dna's. Mas, como eu disse, ainda há muito o que se pesquisar para maiores informações. Satisfeita? - ele olha em meus olhos.

- S-sim. - eu respondo.

- Então feitas as perguntas, podem ir. - ele acena para mim e olha feio para Akira, que se levanta com dificuldade, e para Bernard, que se levanta para me ajudar com Akira.

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