Capítulo XXI

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Anippe Mahlab

— E para concluir, dou pinceladas leves nas maçãs do rosto com um blush que tem um tom mais escuro que minha pele, para reforçar meus traços sem carregar. Pronto.

Malika olha para mim pelo espelho. Coloco os pincéis em ordem na bancada, e ela diz:

— Acho que entendi. Ficou lindo, Ani.

Viro o rosto no espelho e observo com olho crítico a linha do delineador, a uniformidade do batom terracota nos lábios, e o jogo de iluminação no rosto. Bem feita, e leve. Aprovo o resultado.

— Sua vez — digo, sentando na cama. — Qualquer dúvida, pergunte.

Já estamos de volta ao prédio sede da OCRV. Combinamos rapidamente antes de virmos que o Bernard vai decodificar o cartão esta noite. Terei de roubar um notebook para que ele faça isto, mais tarde.

Amo voltar à minha vida de ladroagem.

Assim que chegamos, recebemos a notícia que Herd decidiu nos oferecer uma festa de boas vindas amanhã, pelo sucesso da nossa missão. Nos levaram até os estilistas, para escolhermos nossas roupas de gala. Daí, nos tiraram das celas e nos realocaram para novos aposentos — maiores, com roupas novas nos armários e um novo suprimento de maquiagem para mim, em especial. Parece que querem mesmo nos agradar. Aproveitei o dia livre para repassar para Malika algumas dicas de maquiagem, para ajudar o tempo a passar mais rápido e despistar os agentes daqui a respeito de nossas verdadeiras intenções para o dia de hoje.

Olho para o lado de fora do quarto, quando ele passa. Akira, de camisa regata azul justa e as calças e coturnos do uniforme, segurando o blazer nas costas. Seus cabelos lisos caem sobre a lateral da cabeça, molhados e brilhantes, e seu rosto ainda está inchado pelo "probleminha" que ocorreu durante o voo. Seu olhar cruza com o meu, e ele assente com a cabeça para mim. Não deixo de notar um piscar admirado, talvez pelas roupas que uso — uma blusa amarela de tecido leve, e shorts jeans curtos.

Ele para, e se aproxima da porta do quarto. Não consigo deixar de relacionar aquele visual que ele usa ao que estava no dia em que quase me beijou no elevador.

— Boa tarde — ele diz para nós duas. — Anippe está te ensinando a ser uma perua, Malika?

Ela ri, e eu ergo as sobrancelhas. Permaneço em silêncio, e Mali responde:

— Não, só a fazer uma maquiagem leve. Eu estou gostando.

Akira assente levemente, e sorri.

— Bonita como você é, não precisa de muita coisa para ficar absolutamente estonteante — ele diz, e abre seu sorriso sedutor.

Malika enrubesce levemente, e agradece com os olhos. Voltando-se para mim, ele pergunta, com uma sincera preocupação no olhar:

— Você está melhor?

— Ainda sinto um pouco de dor — assumo —, mas os hematomas são facilmente camufláveis. Nada que me impeça de usar meu vestido de noite amanhã.

"Espero que ele tenha um rasgo ou seja curto, para que eu possa ver suas belas pernas novamente", ele diz na minha mente. Encaro-o, revoltada, e ele sorri.

— Se cuida — ele murmura, olhando nos meus olhos. Fazendo uma mesura exagerada para a Malika e exagerando no charme, ele sai do quarto.

Ponho as duas mãos sobre as bochechas quando ele desaparece, e Malika vira para mim.

— Quando é que isso vai terminar?

— O quê? — pergunto, e minha voz sai engraçada por eu estar pressionando o rosto.

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