SETE

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Oque? Como assim? Sera que Clara ligou pra ele? Não.. não, ela não teve tempo, ou sera que teve? Sera que ela ligou pra ele depois de eu estar dormindo? Acho que não... droga!

Levanto da cama um pouco zonza, minha cabeça esta estourando, ponho meu chinelo e desço ate a cozinha para tomar um advil, sinto cheiro de café e meu estomago ronca, entro na cozinha e vejo meu pai, ele esta de costas pra mim mechendo no armário, quando ele nota minha presença se vira e da um belo sorriso.
- Bom dia minha princesa - ele diz feliz.
- Bom dia papai - respondo sorrindo - cheiro gostoso de café.
- Quer uma xícara? - ele pergunta já tirando uma caneca do armário e colocando em minha frente - que cara e essa? - ele pergunta despejando o cafe na xícara.
- Não e nada, so estou com dor de cabeça - respondo piscando forte - tem advil?
- Sim, espere - ele se vira e abre a porta do armário tirando uma maletinha branca com uma cruz vermelha, tira uma cartela de comprimidos e me entrega - aqui esta, tome com o café.
- Obrigado papai - digo retirando um comprimido da cartela - vou almoçar fora hoje... com um garoto - ele se vira pra mim e levanta uma sombrancelha.
- Garoto? Que garoto? - ele franze as sombrancelhas mas posso ver um rastro de sorriso em seus lábios - Eu o conheço?
- Não, eu conheci ele na viagem para a cabana, ele e um amigo da Clara, alias, da prima da Clara, Kyra.
- Hmmm... e aonde vocês vão?
- Em um restaurante, eu acho - digo soprando meu café - posso ir?
- Bom... claro que pode, mas, só tome cuidado! - ele diz levantando um dedo e passando em meus cabelos - Já sofreu demais por garotos.
- Ah, falando nisso, encontrei Carlos ontem... na festa em que fui com a Clara - digo, e um arrepio passa pela minha pele- ele veio falar comigo.
- Ele não tinha ido embora para New York? Oque ele queria falando com você? Ele já não fez o suficiente? - meu pai diz claramente irritado.
- Foi exatamente oque eu disse para ele, eu sinceramente me assustei quando o vi, foi, estranho... depois de tanto tempo longe, e depois de sofrer tanto, sei lá, me senti estranha.
- Filha, tome cuidado - ele diz me abraçando por trás - não quero ver você sofrendo por aquele babaca novamente, ele já fez muito, fique longe dele, pro seu próprio bem - ele diz beijando o topo da minha cabeça - agora preciso ir, o trabalho me chama, te amo.
- Obrigada papai, também te amo.
Vejo ele sair pela porta e dou um suspiro, ele esta certo, preciso ficar afastada do Carlos, ele já me maguou de mais.
- Oque você esta pensando? - Clara diz entrando na cozinha - hmm cafe fresco! Pai que fez? - ela pergunta.
- Sim, beba esta maravilhoso, e ajuda com a ressaca - ela faz uma careta e se serve de uma xícara.
- Então, porque levantou cedo? - ela pergunta se sentando na mesa comigo - Alias, quem te ligou hoje de manhã?
- Era sobre isso mesmo que eu estava querendo te falar... você ligou para o Lucca ontem? Depois que eu dormi? - pergunto olhando para ela.
- Lucca? Não, porque? - ela diz tomando um gole de seu cafe.
- Ele me ligou hoje, me chamou para almoçar com ele, pensei que você tinha falado com ele.
- Oque? Não, não falei nada, mas isso e demais! E claro que você aceitou não e? Em, me diz logo! - ela diz toda animada.
- Aceitei, ele meio que não deu opção, ate parecia que estava nervoso no telefone.. acredita?
- Lucca, nervoso? Serio? - ela diz dando risada - Não acredito!
- Sim.. ele estava meio nervoso, ate gaguejou um pouco.
- Isso e inédito, quem sabe ele não gosta de você em - ela diz rindo - já pensou nisso?
- Não! Oque? Não! Ele só me chamou para almoçar, não quer dizer que gosta de mim, e outra, a gente não se fala tem quase um mes, ate mais, se eu não estiver enganada.
- A não sei, só sei que, você vai sair com ele, e vai ir mais linda do que nunca! - ela diz levantando, terminando de beber seu cafe deposita a xícara na pia e vem ate mim - Vamos, você precisa se arrumar!
- Ele só vem onze horas... ainda são nove, calma.
- Você só tem duas horas pra se arrumar, não podemos ter calma, e o primeiro encontro que você tem em um ano, você precisa estar linda! - ela diz me levantando da cadeira e me empurrando para a escada.
- Mas eu nem terminei meu cafe! - digo tentando voltar.
- Esquece o cafe, vamos te deixar linda!

***

Faltam cinco minutos para as onze e eu estou pronta, me olho no espelho e realmente estou linda, meus cabelos estavam soltos e lisos, estava usando um vestido azul claro, com alguns detalhes de renda e um decote generoso, ele e mais curto que o normal mas não e nada vulgar, não e justo e sim soltinho, uso sapatilhas brancas com laços que me deixaram um tanto delicada, não estou com muita maquiagem, lápis preto e rímel e um batom rosa nude, devo agradecer a Clara, porque já faz um tempo que não me sinto assim.
Escuto um barulho de carro e logo meu celular apita, pego ele da comoda e vejo uma mensagem de Lucca "Estou aqui, quando quiser pode descer" meu coração acelera na hora, e borboletas voam e meu estomago, mas oque?, quando desço as escada Clara esta na sala procurando alguma coisa.
- Amiga, você esta linda! Graças a mim! - ela diz sorrindo - você viu meu celular? Acho que ouvi ele apitando, mas não consigo encontrar em lugar nenhum.
- Você procurou direito lá em cima? Lembro que você deixou ele perto da televisão.
- Sim, olhei, mas não estava lá, acho que coloquei em outro lugar.
- Bom, Lucca já esta ai, acho que vou indo - digo nervosa.
- Não fique nervosa, relaxe, vai dar tudo certo, agora vá pegar o gato - ela diz dando uma piscadela - te amo, vá se divertir.
Dou um beijo no rosto de Clara e me dirijo a porta, quando abro vejo Lucca parado com uma mao na campainha, quando ele me vê ele arregala os olhos, me olha de cima em baixo, um rastro de sorriso se espalha em seus lábios e eu coro.
- O-oi.. você está, está linda - ele diz nervoso.
- Obrigado, você também esta muito bonito - digo olhando para seu corpo, ele usa uma camiseta gola V com um jeans e allstars pretos, seus cabelos estão levemente bagunçados deixando ele um tanto sexy.
- Então, vamos? - ele diz olhando nervoso para mim.
- Sim, vamos - quando eu fecho a porta atrás de mim ele pega na minha mão, eu paro instantaneamente e olho para ele, que por incrível que pareça, fica tao vermelho quanto eu. Quem é esse menino e onde esta o Lucca que eu conheci?
Ele vira o rosto rapidamente me conduzindo ate o carro, abre a porta pra mim e espera eu me acomodar no banco do carona, depois fecha a porta e se dirige ao lado do motorista, o clima no carro esta estranho, ele liga o motor e espera ate que o carro começa a andar, nenhum de nós falamos nada, o silencio e constrangedor, mas ninguém arrisca falar alguma coisa, depois de uns dez minutos eu começo.
- Então... aonde mesmo você esta me levando? - digo nervosa, minhas mãos estão suando.
- Em... hmm..- ele gagueja - LeBlanc's, é um restaurante novo, abriu no centro da cidade - ele esta tao nervoso quanto eu, eu só não sei o porque.
- Ah... entendi - digo.
- Você... você quer ir em outro lugar? - ele pergunta apertando o volante, seus olhos estão na rua.
- Não, esse esta bom pra mim, gosto de conhecer lugares novos - digo olhando para a janela.
- OK - ele diz e suspira.
O resto da viagem foi constrangedora, não falamos mais de nada, as duas vezes que tentamos ligar o radio nossas mãos se enroscaram e acabamos desistindo. A viagem durou vinte minutos, quando chegamos ao restaurante eu fiquei um pouco aliviada, não era nenhum lugar chique, era simples, rustico e bonito, Lucca estacionou o carro e veio abrir a porta pra mim, esse tipo de coisa eu nunca iria imaginar dele, quando eu desci do carro ele segurou em minha mão e me conduziu ate a entrada do lugar, haviam algumas mesas ocupadas, não estava cheio mas o numero de pessoas no local era bem generoso. Lucca me conduziu ate o exterior do lugar, as mesas eram de madeira, todas pretas, as cadeiras tinham um acolchoamento na cor vinho, o cheiro no ar era de limão e tocava no radio musicas que eu não consegui identificar.
Sentamos perto de uma janela que dava para a avenida principal do centro, o lugar era lindo, eu realmente gostei. Um garçom se aproximou de nossa mesa entregando os cardápios, eu sorri em agradecimento e pude sentir o olhar de Lucca em mim o tempo todo.
- Então... pode fazer os pedidos se quiser - ele diz.
- Não, faça você, eu não conheço aqui, então deixo esse trabalho em suas maos, me surpreenda - digo sorrindo.
- Tudo bem - ele chama o garçom e o rapaz que trouxe os cardápios logo se acomoda ao lado da mesa anotando tudo oque Lucca estava dizendo. Apos anotar os pedidos o garçom se retira e Lucca se vira para mim.
- Então... aquele cara da festa, é seu ex namorado? - ele pergunta olhando em meus olhos.
- Sim... ele e - digo quase hipnotizada.
- Você pareceu surpreendida e assustada quando eu estava lá, porque? - eu não gosto de rocae nesse assunto, com ninguém, nem mesmo meu pai sabe a historia toda, mas alguma coisa nas palavras e no olhar de Lucca me diz que eu posso confiar nele.
- É uma longa historia - digo olhando para minhas mãos.
- Não precisa contar se não quiser - ele diz.
- Esta tudo bem - olho para ele e dou um sorriso casto - conheço Carlos desde quando eu era criança, nós crescemos juntos, sempre fomof amigos, um dia eu estava brigando com ele porque ele destruía minhas bonecas - solto uma risada triste - no outro eu estava completamente apaixonada por ele.

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