Capítulo 1

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- Bom dia Mary! - Abby retruca quando ela vê que eu saio pela porta - Ótimo dia, não é? - Ela pergunta como se não tivesse mais nada importante para fazer.

- Bom dia Abby! Está mesmo um lindo dia. - Não estou mentimdo para ela, mesmo que ela não mereça uma resposta como essa, mas realmente o dia está lindo.

Ela dá de ombros, então eu continuo meu caminho pela bela cidade de São Paulo, onde estou alugando um lugar temporariamente, mas acho que vou me mudar pra cá...é muito bonito por aqui e também adoro meu trabalho nessa cidade.
Trabalho em uma editora, e esse sempre foi meu sonho, embora eu não tenha tempo pra quase nada, nem pra dar uma escapadinha de vez em quando.

- MARY! - Escuto Abby chamar, quando me viro, ela está com minhas chaves nas mãos - Esqueceu suas pimentas.

- Esqueci o quê? - Eu digo, mesmo sabendo que ela fala do meu chaveiro de pimentas que está junto com as chaves.

- Suas chaves...você esqueceu. Acho que são do seu escritório, por isso não pode deixar as coisas onde quer. - Ela sorri com malícia, mas não me deixo abalar por seu desempenho fraco e hostil.

- Ah! Elas devem ter caído da minha bolsa, da próxima vez não vou deixá-las dando sopa por aí. - Pisco para ela com um sorriso de quem diz "agora saia fora do meu caminho, sua pilantra".

Abby aparenta ter seus 40 anos, mas não tem cara de quem tem essa idade. Parece que tem bem menos. Ela é bonita, até certo ponto. Seus cabelos são pintados de marrom, sua pele exibe pequenas rugas e é uma mulher alta, com uns 1,70 de altura. Eu a aturo, por ser minha vizinha, mas tem vezes que ela é tão insuportável, que tenho vontade de esmagá-la.
Sigo meu caminho sem ter ela pra me atrapalhar em mais nada, quando passo pela casa de Joey, meu outro visinho, um cara visivelmente bonitos e com belas roupas, olhos azuis encantadores e um cabelo perfeitamente alinhado. Ele estava escorado na janela da frente, ainda, visivelmente, com seu roupão.

- Bom dia Mary! Abby está te amedrontando outra vez? - Ele sorri e eu sorrio de volta.

- Não Joey. Ela só estava me devolvendo as chaves que deixei cair mas, devo admitir que ela estava com uma certa malícia em seu rosto. - Sorrio mais ainda e Joey também.

- Então sugiro que tome mais cuidado onde deixa cair suas coisas, não podemos confiar nela. - Ele pisca pra mim e entra para dentro de sua casa enquanto vou até meu carro.

Chegando no meu carro, que consegui com muito suor e algumas economias, dou partida e sigo para a editora Evans&Evers, onde eu trabalho.
Quero, um dia, ser uma grande escritora e publicar meus livros em editoras mundialmente famosas. Mas isso pode demorar um pouco.
Chegando lá, esbarro em um homem alto, bonito, de olhos azuis contagiantes, roupas que parecem ser de marcas, um cabelo todo bagunçado e com um sorriso que me tirou do sério.

- Ai meu Deus! Me desculpe! O senhor está bem? - Digo como se quisesse me atirar em seus braços, e dou um sorrisinho de leve ao pensar nisso.

- Estou bem moça. Você se machucou? - Ele diz, agora com os olhos meio azul-violeta - Me desculpe mesmo moça, eu estava distraído.

- Sem problema, senhor. Estou bem. - Digo tentando puxar assunto com ele, mas pelo jeito, minha tentativa foi falha.

- Okay...até logo! - Ele diz com um ar de mistério em seu sorriso, que não consigo tirar da cabeça.

Entro no prédio, vou para meu escritório, onde já tenho um copo de café que está me esperando. Faço uma expressão divertida, com vontade de tomá-lo. Além da bebida, encontro um artigo que tenho que analisar, pra ver se vale a publicação ou não. Analiso o texto, com calma e prestando bastande atenção aos detalhes. Depois de algumas horas, termino e vejo no final o nome do escritor "Charlie Manson".
Alguém bate na porta, e eu mando que entre.

- Bom dia Srta. Mary, você tem uma visita. - Os olhos de Sara, minha secretária, brilham, como se a minha visita fosse o ser mais lindo da terra.

- Deixe entrar, Sara. - Digo com honestidade no olhar, enquanto pela minha porta, entra o mesmo cara com quem esbarrei na entrada. Fico sem saber o que fazer diante dessa situação.

- Bom dia Srta. Mary, acho que não fomos apresentados de forma correta. Muito prazer, sou Charlie Manson. - Quando ele diz isso, quase caio da cadeira. Sinto que meus olhos estão a ponto de saltar do meu rosto de tão arregalados.

- Muito prazer Sr. Charlie. - Só consigo dizer isso, e em um tom surpreendentemente astuto.

- Por favor, me chame apenas de Charlie. Percebi que leu o que eu escrevi. A Srta. gostou? - Ele coloca suas mãos, sutilmente, nos bolsos da calça. Apesar de ele ter escrito um livro, ele não estava de terno e gravata.

- Me chame de Mary. - Sinto um calor subindo no meu corpo quando ele me olha com aqueles olhos perfeitos - Sim, gostei do seu texto, mas acho que ainda não está a altura de uma editora tão grande como a nossa. - Sorrio com sarcasmo, apenas para provocá-lo e para ver sua reação.

- Uau! Nunca ninguém me disse uma coisa dessas! - Seu olhar agora é de decepção, e seus olhos parecem estar furiosos.

- Eu estava apenas brincando com você, Charlie. Seu artigo está realmente muito bom, vou tentar publicá-lo ainda essa semana. - Digo tentando ver sua expressão, que está voltando ao normal.

- Sei que você está apenas tentando me provocar, pois, sem querer me gabar mas, eu escrevo realmente muito bem. - Ele me olha como se estivesse pronto para me engolir a qualquer momento.

Meu Deus, esse cara é muito metido! Tento não enxotá-lo da minha sala, então faço o melhor que posso:

- Bom, se você se acha realmente ótimo Sr. Charlie Manson, espero que tenha sorte com as vendas do livro, porque ninguém gosta de pessoas mentirosas. - Digo com raiva, tomo um gole do café que já esfriou, e tento não surtar.

- Quem disse que eu estou mentindo Srta.? - Ele diz olhando no fundo dos meus olhos, dando um sorrisinho malicioso e parecendo impressionado com o que acabei de dizer.

- Bem, na sua biografia, relata que o Sr. é formado em Literatura e Línguas. E pelo que diz aqui o Sr. parece um sujeito altamente educado. Não sei como tem coragem de mentir em sua biografia, Sr. Charlie. - Digo esperando que ele se sinta ofendido, mas, isso não acontece.

- Bom - Ele dá uma alta gargalhada - não estou mentindo sobre nada, Mary. - Ele aumenta seu sorriso quamdo olho ferozmente para seus lindos olhos azuis.

- Sr. Charlie, você parece um homem tão inteligente, então por que se demonstra ser mal educado? - Digo em um tom mais alto do que o normal, o que parece que o deixa com uma expressão de que está começando a gostar do jeito que eu estou agindo.

- Mary, em primeiro lugar, eu já disse para me chamar apenas de Charlie. Em segundo lugar, não sou mal educado com todo mundo. - Ele sorri de orelha a orelha.

- Então por que está agindo assim comigo, Charlie? - Olho para ele esperando uma resposta, quando ele se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido:

- Só faço isso com mulheres de quem quero me aproximar. - Ele se afasta e sorri - Bom Mary, espero que consiga publicar o livro ainda esta semana...confio em você! - Ele pisca para mim e sai da minha sala.

O jeito que ele age comigo é inexplicável. É diferente do que a maioria dos caras que logo iriam me paquerar...ele é diferente. Tecnicamente ele parece ficar feliz quando se encontra comigo, mas isso não vem ao caso. De qualquer forma, em qualquer situação...ele parece ser um homem totalmente inesquecível.
O que pode estar acontecendo comigo?
Por que não consigo tirar Charlie da cabeça?
Nunca senti isso por ninguém até agora...me sinto perdida, em meio aos meus pensamentos que só vão parar em um lugar: seus lindos olhos azuis.
Charlie é incomparável.
Nossa...

Escrito pelo Destino.Onde histórias criam vida. Descubra agora