Me aconchego a uma jaqueta que Charlie me empresta e entro dentro de seu carro. Pensei que Andrew estaria dirigindo para ele, mas não estava. Charlie iria dirigir.
Ele se senta em seu lugar, dá partida no carro e segue pela estrada.
- Tive tanto medo...
- Eu sei, meu amor. Mas você está bem agora. Vou cuidar de você.
Charlie me dava o cuidado que nunca me deram antes. O carinho que nunca pensei em ter. O amor que nunca pensei conhecer.
Depois de algum tempo, ele para o carro no acostamento. Olho para ele, confusa.
- O que acon...
- Ele não podia ter encostado em você. Não podia!
Ele dá um soco violento no volante e encosta sua cabeça nele.
Seu corpo todo está tenso. Seus olhos, vagam de um lado para o outro procurando uma resposta para o que aconteceu.
Minha cabeça está a mil por hora. Joey me machucou, sim, mas isso não é culpa de Charlie. A culpa é inteiramente de Joey.
- Amor...está tudo bem. - Acaricio seu ombro, mas ele soca o volante mais uma vez, fazendo minha mão se afastar rapidamente.
- Não, Marylin! Não está nada bem! Ele te feriu! Aquele desgraçado! - Ele estava gritando. Estava descontrolado. Eu não conhecia esse lado dele.
- Charlie, acalme-se! - falo firme, e ele me olha assustado.
Fazia um bom tempo que eu não falava dessa forma com Charlie, e acho que isso o deixou confuso e assustado.
- Toda a culpa é de Joey. Não é sua, nem minha. É dele! Então, por favor, pare de se culpar em vão. - Falo segurando seu rosto, para que eu possa receber toda a sua atenção.
Finalmente, seus olhos se acalmam um pouco, juntamente com todo o seu corpo.
- Você tem razão, querida. Me desculpe por te tratar dessa forma. Só quero te proteger.
Dou um leve sorriso e, em seguida, um beijo suave em sua boca.
- Você já me protege, meu amor. Está tudo bem. - Acaricio seu rosto e isso o faz sorrir - Agora vamos, preciso de um banho.
- É pra já, madame.
Isso me fez rir. Em momentos como esse ele ainda consegue ser engraçado. Esse é o homem por quem eu me apaixonei.
Chegamos rapidamente a minha casa e ele me ajuda a descer do carro, devido a dormência em minhas pernas.
Charlie me ajudou a sentar no sofá e, com calma, analisou meus ferimentos. Minhas pernas estavam muito vermelhas, e em algumas partes estavam roxas. Outras partes estavam inchadas e de alguns lugares o sangue vertia.
Como eu não podia ter visto que estava sangrando? Deve ser porque eu não estava nem sentindo minhas pernas direito.
Tentei tocar em algumas partes, mas uma ardência súbita tomou conta de mim. Fechei meus olhos rapidamente e apertei minha boca. Não queria gritar. Não com Charlie me observando.
- Vamos ter que limpar isso. - Ele disse passando a mão em meu rosto e sorrindo levemente.
Imediatamente, lágrimas escorrem de meu rosto. Se passando o meu dedo calmamente, a dor já me deu vontade de gritar...imagine passando remédios. Um desespero inconfundível me toma por inteiro. Parece que estou apanhando de novo.
As imagens voltam na minha cabeça. Joey pegando o chicote, levantando-o e me batendo. Imagens aterrorizantes. Imagens de Joey voltando. Me pegando. Me levando para longe de Charlie...
- Mary?
Abro os olhos assustada. Nem tinha percebido que os tinha fechado.
Charlie está em minha frente com um Kit de Primeiros Socorros, e me olha com preocupação.
- Está tudo bem? - Ele pergunta, sentando de frente para mim, no chão.
- Sim. - Sorri - Eu estava apenas repassando minha dor na cabeça. Os remédios irão doer muito, suponho.
Charlie deu um sorrisinho e pegou minhas mãos.
- Não vou mentir pra você. sim, vai doer e muito. Mas sei que você é forte e irá aguentar.
Fiquei em dúvida. Eu era forte? Eu iria aguentar? Não sei responder a essas perguntas. Esse tempo que passei presa com Joey...eu tive que ser forte. Eu achei a força dentro de mim. Mas...eu não sei se ela ainda está aqui comigo.
- Tudo bem...comece logo com isso.
Ele aperta um pouco os lábios, como se estivesse com medo de me machucar. Iria doer, lógico, mas ele não estaria me machucando. Seria como se ele tirasse toda a dor de mim.
Ele coloca água oxigenada em um algodão e respira fundo. Sem nem der tempo de eu respirar, ele coloca o algodão em mim.
Dor. Lágrimas. Tremores. Arrepios. É insuportável. É horrível. A dor é tamanha que escondo meu rosto nas mãos e começo a gritar, desesperada para que acabe logo.
Charlie para de aplicar o remédio em mim e o alívio me percorre.
- Está tudo bem?
Ele perguntou isso mesmo? Com toda essa dor estou com vontade de quebrar a primeira coisa que eu ver na minha frente, e ele ainda faz uma pergunta dessas.
Dou uma olhada para ele, quem entende o recado e continua a passar o algodão.
As mesmas reações tomam conta de mim novamente, e eu tenho vontade de morder meu braço para aliviar a dor.
- Pronto amor...já terminei. - Quando abro os olhos, vejo ele guardando os remédios de volta na caixinha e se levantando para jogar o algodão no lixo.
Solto um longo suspiro e olho para minhas pernas. Não há mais nenhum sangue. Mas as marcas vermelhas e roxas ainda continuam.
Charlie volta e se senta no sofá, ao meu lado. Ele me envolve em seus braços e chora baixinho.
- O que aconteceu? - Me desvencilho de seu abraço e o olho nos olhos.
- É muito difícil pra mim te ver nesse estado.
Me aconchego novamente em seus braços e o aperto forte.
- Tudo vai melhorar.
Eu não sei se aquilo era verdade. E se Joey voltasse e meu mundo desabasse de novo? E se ele fizesse isso comigo de novo? E se fizesse pior? O que aconteceria?
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Escrito pelo Destino.
RomanceMarylin Collins é uma mulher ruiva, com seus belos olhos verdes e seu corpo de dar inveja. Ela trabalha rm uma editora, o que sempre foi seu sonho, além de, um dia, publicar algum livro em uma editora famosa. Ela vive uma vida normal e monótona, sem...