Capítulo 8

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Passo a noite na casa de Charlie, sozinha no quarto de hóspedes, pensando no que o deixaria tão agitado daquele jeito.

Quando amanhece, peço para Andrew me levar para o escritório. No caminho, tento descobrir se ele sabe algo sobre Charlie que eu deveria saber.

- Andy...Sabe onde Charlie está? – Digo de cabeça baixa esperando que Andrew saiba onde ele se meteu.

- Pensei que ele estava com você, Mary. – Ele diz olhando pelo retrovisor e ajeitando o cabelo.

- Não. Ele saiu sem avisar ontem à noite, sem nem mesmo pronunciar aonde ia. - Meus olhos se enchem de lágrimas quando penso que possivelmente, Charlie foi á procura de Joey.

- Isso é muito estranho, Mary. – Ele faz uma careta que me tira um sorriso no canto da boca – Ele não é de se comportar dessa maneira.

- Tem razão...- Digo abaixando a cabeça novamente – Não sei direito como ele é, mas sei o suficiente que ele não estava bem ontem á noite e que ele foi tratar de algum assunto muito sério.

Andrew não fala mais nada. Apenas olha em direção a avenida e dirige com atenção. Chego em casa, e entro correndo para telefonar para Joey. Minha tentativa de falar com ele foi falha, mais uma vez.

Na saída, Abby chama minha atenção quando pergunta:

- Mary, já está sabendo que Joey está saindo do País? – Ela fica me encarando quando me viro lentamente para ela, em estado de choque.

- O QUÊ? Suplico em um estado que realmente, não sei explicar como era. – Como assim? Por quê ele não me disse nada?

- Disso eu não sei. – Ela olhava para o chão, como se quisesse rir, e eu sei que ela quer – Só sei que ele me disse para te avisar, que ele estava saindo do País.

- Você sabe que horas é o vôo dele? – Digo ainda em um estado inexplicável. Estou realmente assustada. O que ele faria, para ter que sair do País?

- Ele disse que seria ás 13:30. – Ela olha para minha cara e inclina um pouco a cabeça, com expressão de desaprovação – Você está bem, Mary? Parece meio pálida.

- Estou, estou. Não sei por que resolveu se preocupar comigo agora, Abby. – Olho para ela e coço a cabeça, insinuando que ela está sendo uma palhaça.

- Você nunca muda não é, Mary? – Ela aperta os olhos e esbraveja para mim.

- Estou sempre mudando Abby. Você que anda ocupada demais e não está percebendo! – Sorrio e aceno para ela.

Ela me olha com surpresa e como se estivesse decepcionada com a resposta que dei a ela. Dou de ombros e não olho novamente para trás para ver a falsidade de Abby.

Entro no carro, com a cabeça baixa, e peço para Andrew me levar para o aeroporto. Chegando lá dou de cara com Charlie e Joey discutindo. Corro em direção a eles, aflita e ao mesmo tempo aliviada por ter encontrado Charlie.

- Joey! Aonde você está indo? Por que não me disse nada? O que aconteceu? – Ele parece preocupado e, ao mesmo tempo, tenso. Nunca o tinha visto dessa maneira. Ele é sempre tão divertido e carinhoso, nunca o vi com essa cara de preocupação... Bom... Pelo menos não nos últimos anos.

- Mary...me desculpe...eu...desculpe... – Em nenhum segundo Joey olha para mim, ele olha o tempo todo para Charlie.

Chego perto dele e percebo que Charlie se distancia (ato mais conhecido atualmente como ciúmes). Joey se recusa a olhar para mim, então, ergo seu queixo e olho em seus olhos. A expressão de Joey é intimidadora, mas ao mesmo tempo, mesmo que pareça loucura, é uma expressão divertida. Uma expressão de quem gosta do que está acontecendo.

Não...isso é loucura..Joey não é assim.

Ele só deve estar com problemas na família. Ou no trabalho. Peraí...Joey trabalha? Nunca o vi sair daquela casa. Ele sempre ficava dentro de casa ou sentado para o lado de fora. Sempre que eu passava pela casa dele, ele estava na janela. Sempre de pijama.

Tudo isso...está ficando estranho demais para mim.

- Joey, por que está indo embora? O que aconteceu? – Digo, desesperadamente, necessitando de uma resposta.

- Você não pode saber, Mary!

Nossa, que novidade.

- Mas por que não? – Mal consigo pronunciar as palavras. Elas saem da minha boca quase como um sussurro, o que me deixa ainda mais aflita.

Finalmente, Charlie se aproxima, me puxa pela cintura e sussurra em meu ouvido:

- Vamos embora...te conto tudo no caminho. – Fico olhando para ele, com os olhos arregalados, pois não estou entendendo porcaria nenhuma do que está acontecendo aqui.

- Mas...mas...Charlie... – Claro que ele não me deixa continuar, e quando dou conta do que está acontecendo, Joey já está embarcando no avião e Charlie está abrindo, delicadamente, a porta do carro para mim.

Sem hesitar, entro dentro do veículo e Charlie entra logo depois de mim. Não penso em nada para dizer neste momento tão enfurecedor, então, apenas fico olhando pela janela, onde o Sol se destaca, como um espelho, nos belos olhos azuis de Charlie.


Escrito pelo Destino.Onde histórias criam vida. Descubra agora