Capítulo 7

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Fico mais um tempo no escritório do que eu tinha previsto. O meu almoço foi por água abaixo, pois estou atolada de serviço, então decidi pedir algo e comer aqui mesmo. Analiso o texto de Charlie novamente, e agracio o jeito com que ele escreve suas frases, tão delicadamente como o jeito que ele me trata.

Faço de tudo para publicar o texto dele. Depois de horas, quando estou a ponto de acabar Charlie me liga:

- Oi boneca! Sentiu minha falta não é?! – Escuto suas gargalhadas do outro lado da linha e sorrio.

- Sempre convencido não é, amor?! – Sorrio silenciosamente para que ele não escute que só estou tirando onda da cara dele.

- Mudando de assunto, paixão... – Meu coração se enche de felicidade ao escutar isso – Quero que venha para casa, agora. – Há um ar de mistério em sua voz.

- Agora? Não posso, amor. Estou tentando publicar seu livro e... – Ele me interrompe e não me deixa terminar.

- Quieta! Termine isso outro dia. Quero você na minha casa daqui a cinco minutos. – Arregalo os olhos e vejo que ele não mudou seu estilo de ser.

- Mas Charlie...não sei onde é sua casa. – Abaixo a cabeça, querendo que ele venha me buscar e me tirar desse mundo formado por livros.

- Já tem um motorista aí na frente do prédio. Adeus, boneca! – Ele desliga e eu sorrio, quase com vontade de chorar de emoção.

Deixo os textos sobre a mesa e pego o elevador, rumo a recepção. Quando chego lá, encontro com Joey, que está perguntando sobre mim para a recepcionista.

- Joey... – Digo em tom surpreso, e ele parece magoado – O que está fazendo aqui? – Tento saber o que o deixa assim tão abalado.

- Que bom que te achei Mary. – Continuo encarando seus olhos azuis, que mudam repentinamente de cor, igual aos de Charlie – Preciso te dar uma notícia! – Ele diz parecendo surpreso.

- O que foi Joey? – Olho para ele e percebo que seus olhos estão tristes.

- Mary...estou indo embora... – Ele diz com a cabeça baixa e com a voz mansa.

- Mas...Joey...pra onde você vai? – Olho pra ele e ele ainda está de cabeça baixa. Tenho a leve impressão que ele está com uma vontade súbita de chorar.

- Não tenho tempo de explicar agora, Mary. – Ele levanta a cabeça e sorri falsamente. – Te ligo depois. – Ele me dá um beijo na bochecha e vai embora.

O motorista já está impaciente com minha demora e pelo fato de que Charlie não para de ligar para ele perguntando sobre o que aconteceu comigo.

Entro no carro, e o motorista, que está com um crachá escrito "Andrew" e com uma camisa xadrez debaixo do blazer, me encara como se já me conhecesse.

- Mary?! – Ele arregala os olhos e sorri para mim. – Nossa...Não acredito que você que é a princesa de Charlie! – Eu o analiso novamente, para ver se consigo reconhecê-lo.

- Andrew?! – Lembro que ele é o cara que me contou algumas bobagens sobre Charlie no restaurante na Vila Madalena. – Minha nossa! Desde quando trabalha para Charlie? – Digo encarando-o, enquanto ele dirige olhando para frente.

- Na verdade comecei esta semana. Ele me ofereceu um emprego aquele dia no restaurante, e eu disse que ia pensar. – Ele sorri como se estivesse escondendo alguma coisa – Então, esta semana liguei pra ele, e o mesmo disse que ainda estava precisando de um motorista particular para a "princesa" dele. – Dou uma gargalhada e ele sorri com o canto da boca.

Escrito pelo Destino.Onde histórias criam vida. Descubra agora