CAPÍTULO 40

10.6K 833 32
                                    

- Bom dia - diz a governanta ao me recepcionar na porta da enorme mansão.

- Bom dia, sou Lara Evans, fui recomendada pela psicóloga Carolina Ross para a vaga de cuidadora.

- Oh, claro, eu me chamo Glória, o sr. Peterson já está ao seu aguardo. Queira me acompanhar.

A mansão é simplesmente esplêndida, tem muito árvores e flores, uma piscina, área de lazer. Peterson deve ser um homem com muito dinheiro.

- No momento o sr. Peterson está na piscina, todo o dia a esse horário ele gosta de estar lá.

- Ar puro pela manhã é sempre muito bom.

- Sim, e desde já digo que se ele lhe tratar com alguma mal educação ou grosseria, o perdoe, ele é um homem muito amargurado.

- Não se preocupe com isso, entendo perfeitamente.

- Espero de verdade que consiga o trabalho.

- Obrigada.

Nos aproximamos da área de lazer e vejo a piscina enorme, as árvores ao redor, um grande guarda sol e em baixo dele à um senhor de cabelos grisalhos sentado em uma cadeira de rodas.

- Senhor Peterson, a senhorita Lara Evans já está aqui - comunica Glória.

O homem de cabelos grisalhos, olhos azuis, rosto e mãos pálidas me encara com os olhos sem vida.

- Senhorita Evans, queira se sentar - ele diz e aponta para a cadeira a sua frente.

- Vou deixá-los a sós - Glória diz e se vai.

- Você foi muito bem recomendada pela senhorita Ross - ele diz e cruza as mãos.

- Gentileza da parte dela, ela sabe que preciso muito desse emprego.

- Posso saber o porque?.

- Vivo no apartamento da Carolina e preciso ajudá-la com as contas, ela é uma grande amiga, me ajudou quando eu mais precisei, não conheço mais ninguém aqui. Não posso viver à suas custas.

- Onde está sua família?.

- No Brasil - digo com o coração apertado.

- Porque veio para os Estados Unidos se sua família está no Brasil?.

- Vim iludida com a promessa de um bom emprego e uma melhor condição de vida pra minha família, mais quando eu cheguei aqui, não era bem o que eu imaginava.

- Não gostou daqui?.

- Não é isso, Seattle é um lugar fascinante, o porém é que fui enganada senhor Peterson.

- Entendo. É uma moça muito bonita, senhorita Evans.

- Obrigada - digo com um sorriso.

- É uma pena que seu sorriso não transmita felicidade - diz e se remexe na cadeira.

- Como?.

- Desculpe se foi muita intromissão da minha parte, mais Carolina me disse que acabou de perdeu um filho. Eu sinto muito.

Sinto as lágrimas ameaçarem a cair e minha respiração se tornar pesada, ainda me quebro por completo quando me lembro do meu filho.

- Eu..eu..o queria muito, ele seria tudo na minha vida. Tudo - digo com lágrimas nos olhos.

- E o pai dessa criança?.

- Eu...eu o abandonei.

- Porque? Ele fazia algo contra você?.

- Não, de jeito nenhum. Ele é a pessoa mais maravilhosa do mundo.

- Então porque o deixou?.

- É o melhor pra nós dois.

- Como perdeu seu filho?- ele pergunta e eu arregalo os olhos. - Me perdoe se estiver fazendo muitas perguntas pessoais, não é obrigada a responder.

- Não, não tem problema, eu posso responder. No dia do acidente, eu tinha acabado de deixar uma amiga no aeroporto, Taylor, o motorista do pai do meu filho e eu começamos a ser seguidos, os homens atacaram o carro e conseguiram provocar o acidente, o carro capotou e explodiu, eles ainda tiveram a coragem de sair do carro onde estavam e verificar se estávamos mesmo mortos, pensavam que estávamos dentro do carro e saíram sorridentes. O acidente foi armado. Eles queriam me matar, acabaram tirando a vida de Taylor e do meu filho. É uma dor inexplicável perder um filho.

- Eu entendo perfeitamente.

- O senhor entende?.

- Eu perdi meu único filho quando ele tinha quinze anos. Ele foi atacado por um grupo de quatro jovens quando saía de uma casa noturna. Eles bateram nele até a morte.

- Meu Deus, que crueldade! Eu realmente sinto muito.

- Eu me vinguei daqueles que me fizeram perder meu bem mais preciso. Hoje eles estão na cadeia e estou lutando para que paguem com a vida.

- Ninguém tem direito a tirar a vida do próximo. E aqueles que assim fazem, merecem uma punição.

- Exato. Você também deve procurar os responsáveis pela morte do seu filho.

- E vou fazer isso. Mais não sei por onde começar, nem dinheiro pra isso eu tenho.

- Se o problema é dinheiro eu tenho de sobra.

- Não entendi.

- Vou ajudá-la a punir os culpados pelo acidente.

- De que maneira?.

- Lara, eu tenho dinheiro, e muito.

- Sim?.

- Posso dar a você todos o dinheiro e recursos necessários para encontrar esses malditos.

- Seria muita bondade da sua parte, mais eu não sou ingênua, sei que tudo isso vai me custar algo.

- Você não irá trabalhar pra mim como cuidadora, mais sim administradora.

- Como?.

- Você vai administrar a minha fortuna.

- Nossa, isso é sério?.

- Sim.

- O trabalho é sem dúvida muito melhor, mais, receberia apenas um salário, o senhor não entende, não é o suficiente para o que eu preciso.

- Você não receberá apenas um salário, vai ganhar bem mais que isso.

- Porque vai me ajudar?.

- Porque nós dois perdemos a quem mais amamos. Nossos filhos.

- Ainda não acredito que vai me ajudar.

- Irei. Você vai recuperar seus sorrisos sinceros e felizes.

- Muito obrigada.

- Não precisa me agradecer.

EMBOSCADAOnde histórias criam vida. Descubra agora