- Bom dia - diz a governanta ao me recepcionar na porta da enorme mansão.
- Bom dia, sou Lara Evans, fui recomendada pela psicóloga Carolina Ross para a vaga de cuidadora.
- Oh, claro, eu me chamo Glória, o sr. Peterson já está ao seu aguardo. Queira me acompanhar.
A mansão é simplesmente esplêndida, tem muito árvores e flores, uma piscina, área de lazer. Peterson deve ser um homem com muito dinheiro.
- No momento o sr. Peterson está na piscina, todo o dia a esse horário ele gosta de estar lá.
- Ar puro pela manhã é sempre muito bom.
- Sim, e desde já digo que se ele lhe tratar com alguma mal educação ou grosseria, o perdoe, ele é um homem muito amargurado.
- Não se preocupe com isso, entendo perfeitamente.
- Espero de verdade que consiga o trabalho.
- Obrigada.
Nos aproximamos da área de lazer e vejo a piscina enorme, as árvores ao redor, um grande guarda sol e em baixo dele à um senhor de cabelos grisalhos sentado em uma cadeira de rodas.
- Senhor Peterson, a senhorita Lara Evans já está aqui - comunica Glória.
O homem de cabelos grisalhos, olhos azuis, rosto e mãos pálidas me encara com os olhos sem vida.
- Senhorita Evans, queira se sentar - ele diz e aponta para a cadeira a sua frente.
- Vou deixá-los a sós - Glória diz e se vai.
- Você foi muito bem recomendada pela senhorita Ross - ele diz e cruza as mãos.
- Gentileza da parte dela, ela sabe que preciso muito desse emprego.
- Posso saber o porque?.
- Vivo no apartamento da Carolina e preciso ajudá-la com as contas, ela é uma grande amiga, me ajudou quando eu mais precisei, não conheço mais ninguém aqui. Não posso viver à suas custas.
- Onde está sua família?.
- No Brasil - digo com o coração apertado.
- Porque veio para os Estados Unidos se sua família está no Brasil?.
- Vim iludida com a promessa de um bom emprego e uma melhor condição de vida pra minha família, mais quando eu cheguei aqui, não era bem o que eu imaginava.
- Não gostou daqui?.
- Não é isso, Seattle é um lugar fascinante, o porém é que fui enganada senhor Peterson.
- Entendo. É uma moça muito bonita, senhorita Evans.
- Obrigada - digo com um sorriso.
- É uma pena que seu sorriso não transmita felicidade - diz e se remexe na cadeira.
- Como?.
- Desculpe se foi muita intromissão da minha parte, mais Carolina me disse que acabou de perdeu um filho. Eu sinto muito.
Sinto as lágrimas ameaçarem a cair e minha respiração se tornar pesada, ainda me quebro por completo quando me lembro do meu filho.
- Eu..eu..o queria muito, ele seria tudo na minha vida. Tudo - digo com lágrimas nos olhos.
- E o pai dessa criança?.
- Eu...eu o abandonei.
- Porque? Ele fazia algo contra você?.
- Não, de jeito nenhum. Ele é a pessoa mais maravilhosa do mundo.
- Então porque o deixou?.
- É o melhor pra nós dois.
- Como perdeu seu filho?- ele pergunta e eu arregalo os olhos. - Me perdoe se estiver fazendo muitas perguntas pessoais, não é obrigada a responder.
- Não, não tem problema, eu posso responder. No dia do acidente, eu tinha acabado de deixar uma amiga no aeroporto, Taylor, o motorista do pai do meu filho e eu começamos a ser seguidos, os homens atacaram o carro e conseguiram provocar o acidente, o carro capotou e explodiu, eles ainda tiveram a coragem de sair do carro onde estavam e verificar se estávamos mesmo mortos, pensavam que estávamos dentro do carro e saíram sorridentes. O acidente foi armado. Eles queriam me matar, acabaram tirando a vida de Taylor e do meu filho. É uma dor inexplicável perder um filho.
- Eu entendo perfeitamente.
- O senhor entende?.
- Eu perdi meu único filho quando ele tinha quinze anos. Ele foi atacado por um grupo de quatro jovens quando saía de uma casa noturna. Eles bateram nele até a morte.
- Meu Deus, que crueldade! Eu realmente sinto muito.
- Eu me vinguei daqueles que me fizeram perder meu bem mais preciso. Hoje eles estão na cadeia e estou lutando para que paguem com a vida.
- Ninguém tem direito a tirar a vida do próximo. E aqueles que assim fazem, merecem uma punição.
- Exato. Você também deve procurar os responsáveis pela morte do seu filho.
- E vou fazer isso. Mais não sei por onde começar, nem dinheiro pra isso eu tenho.
- Se o problema é dinheiro eu tenho de sobra.
- Não entendi.
- Vou ajudá-la a punir os culpados pelo acidente.
- De que maneira?.
- Lara, eu tenho dinheiro, e muito.
- Sim?.
- Posso dar a você todos o dinheiro e recursos necessários para encontrar esses malditos.
- Seria muita bondade da sua parte, mais eu não sou ingênua, sei que tudo isso vai me custar algo.
- Você não irá trabalhar pra mim como cuidadora, mais sim administradora.
- Como?.
- Você vai administrar a minha fortuna.
- Nossa, isso é sério?.
- Sim.
- O trabalho é sem dúvida muito melhor, mais, receberia apenas um salário, o senhor não entende, não é o suficiente para o que eu preciso.
- Você não receberá apenas um salário, vai ganhar bem mais que isso.
- Porque vai me ajudar?.
- Porque nós dois perdemos a quem mais amamos. Nossos filhos.
- Ainda não acredito que vai me ajudar.
- Irei. Você vai recuperar seus sorrisos sinceros e felizes.
- Muito obrigada.
- Não precisa me agradecer.
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EMBOSCADA
RandomLara Evans é mais uma vítima do tráfico internacional de mulheres. Ao chegar nos Estados Unidos, descobre que caiu em uma armadilha. Tendo que se submeter a se transformar em uma garota de programa e aguentar os maiores absurdos para sua sobrevivên...