CAPÍTULO 6

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Eu consegui. Me safei de uma noite de sexo com um homem que mal conheço. E que homem! Daniel é um homem simplesmente incrível. Sua beleza foi algo que me chamou a atenção desde o momento que nossos olhares se encontraram. Cabelos castanhos muito bem aparados, olhos azuis, lábios carnudos, sobrancelhas grossas, barba rala, pele clara, alto, corpo musculoso na medida certa e um charme de dominador que me fez ficar nervosa no pequeno cômodo do quarto.

Uma pena ele ser igual a todos os homens asquerosos que frequentam esse lugar. Será que é casado? Noivo? Tem namorada?. Quando coloquei o líquido do frasco de remédio na bebida de Daniel e entreguei a ele, ele bebeu tudo rapidamente enquanto me encarava com seu olhar penetrante percorrendo o meu corpo. Não vou negar que pensei em me entregar, mais que tipo de mulher eu seria? Uma mulher qualquer! De forma nenhuma, enquanto eu estiver aqui vou fazer o possível e o impossível para não cair nas garras de homem algum.

Durante o dia, as outras meninas e eu ficávamos responsáveis pela limpeza da boate, um trabalho puxado, mais ai de nos se não fizéssemos.

Vejo Lilian se aproximar de mim com um copo de água e me entregar.

-Pega, deve estar com sede.

-Obrigada- Digo e limpo a testa suada do trabalho pesado.

-Como foi lá com seu cliente?- Lilian me pergunta enquanto começa limpar uma das mesas da boate.

-Coloquei o remédio na bebida dele, e ele dormiu rapidinho- Digo com um sorriso.

-Sua sorte não vai durar por muito tempo- Ela diz e abaixa a cabeça.

-Porque diz isso?.

-E se esse cliente perceber e vier reclamar? Será pior pra você, acredite, você não vai querer ver Marta e seus capangas furiosos.

-Eles já fizeram alguma coisa com você?- Pergunto e ela permanece calada -Responde Lilian.

-Já, usei o mesmo truque que você e o cliente logo percebeu, foi correndo reclamar com Marta, quando ela teve que entregar o dinheiro de volta, eu paguei as consequências.

-O que ela fez com você?- Pergunto temerosa.

-Você não vai querer saber, e eu não gosto de tocar nesse assunto.

-Nossa- Digo horrorizada.

-Você teve muita sorte do seu cliente não perceber.

-Na verdade, ele percebeu.

-Droga, Lara! Ele falou com Marta?.

-Não, saiu da boate sem falar nada.

-Ufa, ainda bem.

-Também acho.

-O melhor que tem a fazer é parar de querer evitar o inevitável.

-Está insinuando que devo dormir com esses homens?- A encaro com descrença.

-Será o melhor pra você Lara. Acredite, quando cheguei aqui eu era exatamente como você, uma garota indomável, e sofri muito por isso.

-Sinto muito, mais somos muito diferentes Lilian.

-Não sinta, mais enquanto estiver sobre o domínio da máfia você tem que aprender a aceitar e abaixar a cabeça.

-O que as vagabundas estão conversando aí eim?- Diz um dos capangas. Eric, o mais arrogante de todos.

-Nada- Lilian diz e abaixa a cabeça.

-Voltem ao trabalho!- Ele rosna.

-Estamos cansadas e já deixamos esse salão brilhando, tudo está limpo!- Me queixo e recebo como resposta um tapa forte de Eric no meu rosto.

-Você não se manda garota!- Rosna.

Eric estava segurando um copo com bebida na mão e de propósito ele derrama o suco no chão que estava limpo.

-Está vendo? Agora está sujo. Limpa, agora!- Ele grita.

-Seu filho da...-Tento terminar a frase mais Lilian cala minha boca com sua mão.

-O que disse vadia?!.

-Nada, ela não disse nada- Lilian diz e é empurrada para longe por Eric.

-Escuta aqui sua vadia- Ele diz e aperta e me prensa forte na parede prendendo forte meu pescoço com uma das suas mãos.

-Você não é ninguém aqui, e se eu quiser matá-la agora mesmo, ninguém vai sentir falta de uma prostituta qualquer como você- Ele cospe.

-Você é um porco imundo!- Digo e recebo outro tapa.

Não satisfeito Eric sufoca mais meu pescoço e eu começo a sentir o ar faltar e começo a debater meus braços.

-Solta ela Eric!- Lilian grita e tenta vir na nossa direção mais é segurada por outro capanga.

-Uma vadia tentando defender a outra. Que coisa patética- Ele diz.
-O que está acontecendo aqui?- Marta diz surgindo no recinto.

-Estou punindo essa prostituta aqui por desobediência.

-Solte-a Eric- Ela diz calmamente.
-Mais...-Ele tenta debater.

-Não me ouviu? Mandei soltar a garota- Ela diz e arqueia a sobrancelha para o capanga. Eric me solta e eu tento recuperar meu ar.

-Como a senhora quiser patroinha- Ele diz e pisca o olho para ela.

-Eric, Jace, tirem ela daqui- Ela diz e encara Lilian.

-Sim senhora- O capanga chamado Jace diz e tira Lilian do recinto, com Eric indo logo atrás dele.

-Que coisa feia Evans, eu esperava mais de você- Ela diz me olhando de cima a baixo.

-Vá se ferrar.

-Você não me tratava assim antes- Ela diz e sorri.

-Você era um excelente mentirosa- Rosno.

-Bom, como não têm se comportado muito bem ultimamente, ficará sem falar com sua família- Ela diz e dá as costas.

-Não! Por favor, não, preciso falar com eles, saber se estão bem.

-Você é bem melhor assim Evans, uma perfeita submissa- Ela diz e eu abaixo a cabeça - Pra você ver como não sou uma mulher tão má assim, você terá direito a um telefonema.

-Obrigada.

-Já sabe, se tentar alguma gracinha, meus capangas que estão no Brasil terão muito trabalho a fazer.

-Eu não vou falar nada.

-Ótimo, me acompanhe.

***

-Alô?- Minha mãe diz do outro lado da linha e lágrimas caem dos meus olhos rapidamente.

-Mãe, sou eu, Lara- Digo entre soluços.

-Já era hora de você aparecer Lara- Ela diz com arrogância.

-É..desculpa mãe, o trabalho aqui é muito pesado, não tenho muito tempo vago.

-E quando vai começar a mandar o dinheiro?.

-Em breve.

-Oh..você está bem?.

-Sim, e a senhora? Papai e Erika, onde estão?.

-Aqui está tudo na mesma, seu pai saiu pra beber como sempre e Erika está no curso de pintura.

-Erika deveria arrumar um trabalho para ajudar a sustentar a casa.

Não sei se vou conseguir mandar dinheiro para ajudá-los. Ainda não vi nem a cor dos vinte e cinco mil dolares.

-Essa é sua obrigação e não de Erika- Ela diz duramente e meu coração se aperta.

-Tenho que desligar- Digo ríspida.

-Lara..-Ela diz e desligo o telefone.

EMBOSCADAOnde histórias criam vida. Descubra agora