Capítulo 8

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Fugindo do Desespero - Seu sonho pode ser sua destruição

─ Alô!

─ Não sei quem é você mas se for amigo da Nathalia eu não tenho nada para falar. Mas... que porcaria é essa? Meu celular não desliga! Alô?

─ Tenta tirar a bateria Raul. Vai ver que mesmo assim ele irá funcionar. Quero falar com você.

─ O que fez com meu celular? Quem você pensa que é?

─ Meu nome é Neculai!

─ Não estou entendendo nada.

─ A Nathalia queria casar com você. Confiou em você. Pegou todo o dinheiro dela. Toda as economias do casamento e agora vai fugir. Talvez procurar outra pessoa para cair na sua conversa.

─ Isso não é da sua conta!

─ É sim! Eu queria ela, mas o sangue dela não estaria com o gosto que quero. Descobri o motivo dela estar e soube da sua história. Peguei o seu número de celular e estamos aqui falando alegremente.

─ Não vai me pegar. Eu já estou saindo do prédio.

─ Ah certo! É exatamente este o seu problema. Antes de ligar para você eu liguei para algumas pessoas. Pessoas que amam outras pessoas e elas fariam de tudo para mantê-las vivas. Conversei com o eletricista e ele travou seu elevador. Sei que mora no décimo andar. Será uma longa caminhada até o térreo. Vai ter que descer pelas escadas.

─ Eu não sei quem é você mas vai pagar pelo que está fazendo.

─ Não fique de mau humor. Pense positivo. São só 10 andares. Eu poderia empurrá-lo pela janela se eu quisesse. Mas estou te dando uma chance. Afinal sou um bom camarada. Você só tem que descer as escadas e seu carro estará na porta. Pronto! Vai estar livre para aprontar com qualquer pessoa que quiser. Simples assim.

─ Não tenho medo de você! Tá me ouvindo?

─ Gosto de sentir você. Sua ganância por dinheiro e poder e sua obsessão de roubar os outros usando sua beleza e seu sorriso me deixa com muita vontade de sugar todo o seu sangue. Agora pegue a sua sacola cheia de dinheiro e desça as escadas e continue falando comigo.

─ Tudo bem! Tudo bem! só quero sair daqui.

─ Só tome cuidado.

─ Com o quê? Argh... Me feriram me cortaram! Sai...

─ Isso Raul! Esta é a senhora Délia. Eu disse para ela que se não esfaqueasse o homem na escada ela perderia a neta.

─ Desgraçado! estou sangrando!

─ Continue descendo ou os outros cinco que falei pegarão você e ficará todo furado.

─ Eu vou conseguir maldito. Arghhhh

─ Vejo que encontrou mais vizinhos sedentos.

─ Me soltem! Arghh. Eles estão com facas. Socorro!

─ Mas agora falta pouco Raul! Corre!

─ Arghhh! O corrimão de ferro está eletrificado!

─ Ah sim! Isso é presente do eletricista. E bom correr ou não vai sobrar de você para dar o próximo golpe!

─ Falta só um andar seu maluco. Eu vou sair dessa e você nunca mais vai me encontrar. Só um andar! Eu vou ficar livre dessa loucura! Espera! Ha ha ha Neculai! Acha que essa criança na escada segurando uma pistola d'água vai me impedir? Ha ha ha! Acha que eu não faria mal a ela para conquistar meu propósito. Acha que eu tenho alguma Moral ou consciência pesada?

─ Conto com isso Raul!

─ Sai da minha frente fedelho!

─ Não deveria tratar as crianças assim Raul... Ainda mais se elas estão armadas com ácido.

─ O que? NAArghhhhhhh.. Meu rosto! Meu rosto!

─ Isso foi gostoso de ver! Você gravou isso em em vídeo Raul? queria colocar online.

─ M-maldito! V-você vai pagar! Vem aqui! Não. Como chegou tão rápido? Se afaste Vampiro... Não vai me matar não vaaaarrrggh....

─ Ah... Que cheiro maravilhosos o seu sangue tem Raul. Olha só como cada gota eu aprecio em minha boca. Você certamente é de uma safra muito rara. Pânico, Desespero, Dor, Medo... tudo junto com seu sangue que agora eu possuo. O ácido derretendo a sua pele. Dá um cheiro singular junto com todos os seus sentimentos temperados. Um jantar para poucos. Valeu cada gota.... Agora vou me divertir o resto da noite.

.

.

.

─ Alô!

─ Não faça isso Nathalia. Ele não vale sua vida.

─ Quem se importa? Fui completamente incompetente. Ninguém seria tão idiota em acreditar nesta história do Raul. Mas eu acreditei e paguei por isso. Não sei quem é você mas este mundo não me merece. E quem é você posso saber?

─ Neculai! Recuperei o seu dinheiro. Está no seu carro.

─ Mas como? Não é só o dinheiro. Meu coração, meus sentimentos a minha raiva. Isso nunca vai desaparecer.

─ Não precisa gritar Nathalia. Eu estou aqui. Você me sente?

─ S-sim. M-mas não entendo. Você estava no celular e agora bem aqui. Como faz isso?

─ Sente minhas mãos.

─ Simm! São... E-eu. M-mas. Seus olhos...

─ Eu não sou humano. Meus olhos são a minha maldição. Quem olha para eles, aceita minhas verdades. No momento, quero apenas que renasça, recomece e reconstrua sua vida.

─ S-sim. Mas p-por favor não me solte. eu...

─ Tenho que ir. A noite ainda me quer por perto...

─ M-mas eu...

─ Sou um assassino! Um monstro! Minha fome precisa ser saciada. De qualquer forma, eu tenho seu número. Não encare este fato com alegria! Costumo causar desespero e medo quando desejo alguém.

─ Vou estar sempre aqui Neculai.



Por Adriano Siqueira


Neculai - Sangue e DesesperoOnde histórias criam vida. Descubra agora