DIA 17

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Lutar pela vida não se tornou mera diversão, virou uma batalha que preciso vencer, custe o que custar. Isso são dogmas pessoais, algo que nada vai poder mudar minha ideia. Ontem depois que o Jason me abandonou na praia eu pude sentir a dor que ele sentiu na semana passada, quando eu queria matá-lo, isso não tem explicação. Eu pude ver o ódio dele por eu ter (não ter) tirado a vida de um ser humano, mas na verdade eu o salvei, mas ele não sabe. Eu estou confusa, faz duas horas que estou deitada nesta cama e a Bianca tentando achar a bala, a dor virou minha amiga, é preciso conviver com ela para conseguir lhe ajudar, isso acaba nos tranquilizando.
No meio de tanta confusão recebi uma notícia boa, meu alvo, está seguro.
"Tenho uma boa notícia Alexa!"
"Pode falar."
"A bala já foi retirada."
"Agora vem a parte mais difícil, dar pontos." Fiz uma cara de piedade.
"Para de ser mole." Dei risada, Bianca conseguia me fazer ficar calma, isso era difícil, mas ela consegue. "Logo você vai poder se alimentar, Victor foi comprar comida."
"Estou com fome, mas preciso falar com a Josefinny." Bianca me entregou o telefone. "Enquanto você dar os pontos eu falo com a cobra."
"Okay."
"Josefinny aqui é a Alexa, a missão teve sucesso."
"Onde está Jason?"
"Deve estar seguro em algum lugar."
"Você quer ir para algum lugar Alexa, parece que deseja algo."
"Como eu posso lhe explicar, sabe aquele traficante que sumiu dos Estados Unidos, ele está aqui."
"Aquele que roubou a toxina? Como você soube desta história?"
"Michel me contou, falou que eu deveria matá-lo."
"Perfeito. Sua viagem para o Brasil foi permitida, mas traga toxina."
"Pode deixar." Desliguei o telefone, e me virei para voltar a conversar com a Bianca. "O plano continua."
Tenho muita coisa para resolver no Brasil, preciso de muito tempo, além do mais preciso achar esse Zé Ninguém (um nome carinhoso dado pela SSG), minha família mora lá, quero saber tudo.
"Oi meu amor." Victor entra na sala e beija a Bianca, que sena linda, pena que estou em uma cama.
"Já acabaram? Pode fazer o curativo, por favor? Estou morrendo de fome." Todos riram da minha cara.
"Alexa, tem um homem furioso com você lá fora." Victor falou. "Nossa sorte é que ele não me conhece e eu sei falar a língua do país, dei uma de nativo."
"Obrigada, vou lá ver o que o Jason quer."
Entrei no elevador e desci seis andares.
"Sentiu minha falta Jason, pois eu não senti nem um pouco a sua." Falei colocando o casaco para tampar a mancha de sangue. A temperatura havia caído em algumas horas.
"Vamos tomar um café?"
"Não posso demorar."
O silêncio permaneceu até fazermos nossos pedidos e o café chegar.
"Se você não falar o que quer, eu vou embora." Falei.
"Eu lhe entendo, você nunca escutou nada quieta, mesmo se estivesse errada você argumentava."
"Eu não estava em boas condições."
Jason colocou sua mão sobre a minha e falou. "Você gosta de mim, por isso que não me matou."
"Sua imaginação está muito fértil. Por sua culpa Michel morreu..."
"Não me culpe por sua incompetência."
"Preciso ir."
Por mais que doa ouvir a verdade, a morte dele foi minha culpa, por isso que me tornei isso, preciso acabar logo com meus planos.
O caminho foi longo até chegar no apartamento, ninguém ao menos me olhou, provavelmente sentiram que eu não estava muito afim de conversar, entrei no banheiro e tomei um banho, coloquei uma calça, uma blusa branca básica e salto. Minha mala já estava pronta antes de falar com o Jason, então foi só pegar as coisas e vir para o aeroporto. Não imaginava que aqui haveria tantas pessoas para voltar ao Brasil, entro no avião e sento no lugar reservado por mim, meus olhos vão fechando, o sono me consumindo...

Brasil

"Alexa, o que nos viemos fazer no interior de São Paulo?" Bianca me falou observando eu me trocar.
"Tenho uns assuntos para resolver."
"Que assuntos Alexa?"
"Ninguém precisa saber, depois que eu resolver isso nos podemos concluir o plano e pegar informações com o traficante."
"Olha bem o que você vai fazer." Ela pegou no meu braço e continuou. "Então retira está roupa, saia, blusa e salto não dá para esconder uma arma, coloca algo que você sinta segura."
"Eu não preciso de nada disto, a tarde estou aqui no hotel, estou indo a Palestina."
"O quê?"
"Sim." Pego uma bolsa, coloco uma arma lá dentro e saiu rápido.
Depois que sai do apartamento eu vi tudo virar de pernas para o ar, estava com medo de alguém descobrir que eu fiz contato com a minha família, mas isso não me intimidou, acelerei o carro e cheguei pouco tempo depois.
A cidade continua a mesma, as mesmas cores, aroma, saudade... paro em frente a minha casa e fico observando como eu era feliz aqui, alguém coloca a mão em meu ombro e fala com uma voz doce.
"Deseja alguma coisa moça?" Viro bem lentamente, a voz era do meu vizinho.
"Aqui ainda mora o senhor e a senhora Hamilton? E onde fica a delegacia?"
"Você não é do Brasil, certo? Sotaque americano. Sim eles ainda moram aqui, mas estão em viagem."
"Quando eles vão chegar?"
"Hoje mesmo, combinamos até de sairmos juntos."
"Muito obrigada."
Vou esperar, esse é o único jeito. As horas estão passando lentas de mais, isso está acabando comigo. São eles ali na lanchonete! Meus olhos enchem de lágrimas, desço do carro e pego uma mesa perto deles. Eu quero correr e abraça-los, dizer que eu estou viva, que estou bem.
"Hoje faz um ano que a Alexa morreu." Minha mãe falou e percebi a tristeza em sua voz. Desta vez não consegui parar de chorar, sai correndo da lanchonete e trombo com um pessoa que me abraça, olho para cima tentando reconhecer e vejo, Jason.
"Ei, vem cá!" Ele falou me abraçando ainda mais forte. "A Bianca me ligou, ela está preocupada com você."
"Eu sei me cuidar sozinha." Falei entre sussurros.
"Vamos conversar?"
"Nos não temos nada para conversar." Mesmo assim ele pegou na minha mão e sentou em um banco da praça. "Eu seu de tudo Alexa! Nunca imaginei receber uma ligação da sua amiga, ela me contou tudo, falou para mim lhe ajudar."
"Eu não preciso de ajudar." Falei, mas ele me envolveu em seus braços.
"Não fala nada, por favor." Eu fiquei quieta, as lágrimas foram secando e minha consciência voltou pouco depois. "Vamos comer alguma coisa, depois vou lhe levar para São José do Rio Preto."

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