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- Depois dizes ao Riley que fui embora ?

- O quê ?

- DIZ AO RILEY QUE FUI EMBORA

Tive de gritar mais três vezes para a Gisele poder entender. Eu não estava a fugir dele, porque eu mesma podia avisa - lo. E sei que vai foder o meu juízo depois. Mas não estava a pôr em consideração passar pela mesma situação de minutos atrás. Não. Eu não queria mais ser levada pela tentação, de uma forma impossível eu sinto que devo lealdade ao Andreo. Por mais que esteja morto devo respeitar a sua alma. Já se passou um ano desde que ele partiu e ainda permanecem danos, as minhas feridas não estão saradas. Longe disso.

- Vem aqui

Pegou na minha mão e me arrastou para fora do Walk Streisand

- O que aconteceu ?

Perguntou com a voz mansa, mas eu sei que estava próxima da bebedeira

- Quase me beijou

- O QUÊ ?

Eu podia jurar que toda Brighton Village ouviu o som alarmante da sua voz de ganso. Claro que ela estaria surpresa. Quem não estaria ?

- Há 10 minutos atrás

- Mas como assim, eu pensei que ele já tivesse te beijado

Disse olhando para rua bem iluminada a nossa frente. Os carros iam chegando e mais um pouco a casa ia cair de tanta gente. Ela me olhou com decepção. Decepcionada estou eu  por ela ter pensado que eu e o Riley temos um caso

- Eu não acredito que isso passou pela tua cabeça

- Não só da minha, como de toda Maine. Ou melhor de toda Brighton. Vocês não se largam

- Nós vivemos juntos. É a coisa mais normal do mundo

- Não querida. Normal é cada um acordar e encontrar o outro na cozinha. Mas passar o dia todo juntos indica relacionamento. Ou mesmo possessão

Eu não acreditava no que ela estava a dizer, claro que é um pouco fora de comum, mas o facto de ajudarmos um ao outro, podia ser solidariedade apenas.

Cruzei os meus braços no peito e olhei para ela. Peter estava encostado na porta a sua espera. Não podia roubar mais o tempo dela, como nem ela o meu. Dou apenas dois minutos para ver o Riley sair do Streisand a minha procura

- Por mais que eu amasse discutir isso contigo vou ter que ir embora. Estou morta de cansaço e preciso de algumas horas de sono

- Precisas de uma festa Driana. Para ver se paras de usar a palavra " morte " e passas a te sentir mais viva

- Dispensei todas as festas essa semana. Preciso de repouso

- Vou pedir ao Peter para te levar

- Não precisa. Tá cedo ainda

- E desde quando teve hora para assaltos no Maine ?

- Eu tenho cuidado. Agora vai... ele está a tua espera

- Tens certeza ?

- Absoluta

- Cuidado e qualquer coisa liga

Despedi-me dela e do Peter de longe e fui andando até à paragem de táxis. Nem mesmo a noite e a beira mar o calor dissipa. A lua estava reflectida com uma perfeição no mar, uma parte de mim quis nadar até ela e sentir a sua espessura. Tirei os ténis e andei descalça até à paragem. Uma brisa quente empurrava o meu corpo para frente e senti falta daquele que me assombra dia e noite. Passo a vida a dizer as pessoas que superei o período de luto, mas a verdade é que me desmonto cada vez mais, e por onde quer que eu passe uma parte de mim fica. Para contar todas as minhas histórias. É como se estivesse a morrer todos os dias enquanto ainda estivesse viva.

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