I Found You

~ 10 ~

- Como é que ficaste a saber do Shawn ?

- Não és muito silenciosa a dormir

Os pesadelos !! Claro !! Merda... mil vezes merda !!

- Não paravas de gritar os nomes Shawn e Andreo

- Porquê que não me acordaste ?

- Queria ver até onde tu ias

- E foi bom ? Gostaste de apreciar o meu desespero ??

-  Não foi bem assim Driana. Fiquei com receio de te acordar, dizem que não se pode acordar ninguém nessas condições

Eram 5 da manhã e o sol já subia pelo oceano e as paredes já começavam a ferver de calor. Acabamos duas garrafas de whisky e sem roupas. A cama dele está húmida com o suor dos nossos corpos. E não fizemos mais nada para além de estar deitados / sentados à beber na calada da noite. Não dormimos e nunca me senti tão cansada

- Eu sei... não quero voltar a falar sobre isso. Mas tu já conhecias o Shawn ?

- Todo mundo conhece o Shawn

- O que queres dizer ?

- Eu tenho uma dívida com ele

Acordei e o cansaço desvaneceu. Só de pensar o eles fazem com aqueles que não pagam as suas dívidas me deixa com o sangue frio. O Shawn está morto e a casa caiu. Mas o Axwell continua solto por aí... daí eu ter me mudado para Brighton. Um dos últimos sítios que eles vão pensar em me procurar

- Como ? Tu estás louco Riley ? Sabes as merdas que eles podem fazer contigo ?

- Sei

- E com que raios foste arranjar a merda de uma dívida com ele ?

- Não fui. Foram os meus pais

Falava com os olhos fechados com os braços por cima da cabeça, ainda deitado. O peito dele subia e descia bem devagar. A maneira que ele me passava as informações dava a impressão que me estava a contar um conto para dormir, mas era um assunto dos infernos

- Os teus pais ?

- Não foste a única a ter uma infância de merda

- Como ?

- A Casa do Pecado foi uma das maiores fornecedoras de drogas da ponta Norte. E os meus pais foram clientes frequentes

Ele estava a abrir uma das suas chaves para mim ? Depois desse tempo todo ele estava abrir - se para mim ? Fiz o mesmo que ele e continuei em silêncio, com o incentivo dele continuar

- Aos sete anos encontrei a minha mãe nua na casa de banho a deitar espuma pela boca. O meu pai estava na sala com linhas brancas por cima da mesa. Chamei por ele. Quando viu o estado dela, arrumou as malas e foi embora. Deixou - me sozinho com o cadáver da minha mãe. Não sabia o que fazer e fiquei com ela durante dois dias... até uma denúncia anónima chamar a polícia por causa do cheiro. Eu não tinha mais ninguém para além dos meus pais, e ir para um orfanato deixava - me me pânico. Pedi, implorei para ficar com uma vizinha nossa. Ela disse se a polícia descobrisse ela teria problemas, mas deixou - me ficar.

Ele parou de falar e respirou fundo. Daí o motivo dele sentir - se sempre sozinho e estar quase sempre sozinho. De ser frio e não confiar em ninguém.

- Três anos depois o meu pai apareceu. Foi atrás de mim. Como esperado encontrou - me. Não tentei fugir, ele ainda era o meu pai, e na altura pensei que estivesse preocupado comigo e quisesse o meu bem. Fui tão estúpido

Eu queria dizer que ele era apenas uma criança e que não poderia fazer nada, e que apesar de tudo ele ainda confiava no pai dele. Agora os seus olhos estavam abertos e fitavam o tecto. As palavras saíram amargas e cheias de desprezo