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Eu não sei aonde pertencer. Não sei o que ser. O que fazer. Ou o que sentir. O meu corpo é uma máquina, faz aquilo para que é comandado sem sentimento algum. E eu me sinto horrível por isso. É como desejar o sol nascer as 11 da noite. É como desejar sentir calor deitada na neve. É como morrer estando viva. Os meus dias não têm sentido, não sei até aonde ir com essa piada de vida que já perdeu a graça. Mais alguém se sente como um nada ? Mais alguém sente o que eu sinto todas as vezes que fecho os olhos para dormir ? Mais alguém perdeu alguém que um dia já foi o seu tudo? Mais alguém se sente uma merda por querer seguir em frente mas subitamente não conseguir ? Se a morte é a solução para tudo que estou a sentir, então ela que não se demore porque eu não aguento mais, viver uma vida de fantasias com o coração assombrado. Não aguento mais ficar sem o Andreo, não consigo ficar sem o meu tudo, hoje sou a definição perfeita do nada.

O tempo que passamos juntos foi pouco, mas suficiente para me deixar completamente dele. Corpo e alma. Amor e desejo. As tais ditas perfeitas imperfeições. Eu me tornei numa pessoa deprimente, sem vontade de encontrar a felicidade porque ela se foi. É como sentir uma lâmina cravada no meu coração a deslizar lentamente, eu perdi essa luta.

Porquê que estou a dizer isso tudo ? Porque eu cansei de viver sendo a forte, sabendo que sempre fui fraca.

Quando eu cheguei ao apartamento a luz falhou outra vez. Mas diferente da outra vez eu liguei para o Francês e veio dar um jeito. O Riley ? Esse tinha desaparecido na hora que me deixou no prédio. Quando entrei no meu quarto vi uma caixa de papelão de tamanho médio em cima da minha cama. Não tinha identificação, nem recado. Algo dentro de mim dizia que eu deveria abrir a caixa, mas eu tinha um palpite que poderia ser uma bomba, já que a serpente de cabelo cor de laranja resolveu voltar para infernizar a minha miserável vida, Axwell. Como eu nunca dei ouvidos ao meu lado racional abri a caixa.

Havia um monte de papéis, e mais ao fundo tinha um embrulho com papel amarelo. E espessura daquele papel irritava a minha pele, uma irritação familiar, o papel era familiar, a cor dele era familiar. Ignorando as voltas que a minha mente dava desembrulhei.

A minha cabeça ficou pesada, o meu coração deu batidas lentas. As minhas mãos suavam mais do que o normal, mas o meu sangue estava frio. O quarto estava mal iluminado, mas eu via perfeitamente o lobo desenhado naquela estrela de madeira branca. Eu via perfeitamente todos traços perfeitamente desenhos. Assinada por Wolf.

Eu senti o meu corpo perder forças e ficar submerso no buraco negro que eu havia me jogado. O que mais me arrepiou não foi a estrela, mas a mensagem que estava no papel. Então eu me deixei cair no chão com aquelas palavras ecoando na minha cabeça de uma forma tão dolorosa que eu deixei de pensar, de sentir qualquer coisa... " Eu estou aqui "

Continuo deitada no chão com as luzes apagadas com a estrela no meu peito. O significa eu não sei, pode ser uma mensagem ou uma armadilha. Pode um brincadeira de mal gosto ou um alarme, de quê não sei.



- DRIANA !!

Ouvi a voz do Riley mas não consegui responder, estava sobe nuvens negras. Como se tivesse toneladas por cima dos meus lábios, não consegui falar.

- Chegou uma carta para ti

Nem ouvi ele entrar. Hoje é o dia das entregas Yupi !! Não quero mais nada para me tirar da realidade. Sentou - se do meu lado e não fez nenhuma questão de acender as luzes. Não conseguia ver o rosto dele, mas eu sabia que me encarava

- Devias ler. Tem o selo do restaurante

- Podes deixar aí

Ouvi ele soltar um suspiro e fechei os meus olhos, o som foi uma melodia para os meus ouvidos

I Found YouOnde histórias criam vida. Descubra agora