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- Que bonito... Vocês fazem negócios com o diabo e não me avisam

- Não era problema teu

- Nós corremos juntos Riley, eu tinha o direito de saber o que se estava a passar. Era esse o motivo das vossas saídas estranhas ? Olha para onde essa situação nos levou. Estamos no mesmo barco

- Ninguém te obrigou a vir. Faz um favor a todos e cala a boca. Tenho que pensar

- Não vou calar porcaria nenhuma

- Já chega vocês dois ! Ela tem razão, estamos no mesmo barco. Mas a batota na foi novidade nenhuma para ti Driana, então tenta colaborar

- Ela não vai fazer nada

- Como se isso dependesse de ti

Os pneus do carro chiaram contra o asfalto, o Francês bateu com a cabeça na porta do carro, eu fui impulsionada para frente batendo com o nariz contra o banco do Riley. Mas ele não pareceu se importar. A expressão indiferente retomou ao seu rosto. Mais familiar impossível

- Presta atenção no que vou te dizer, isso aqui não vai ser nenhum parquinho de diversões. Vai ser um carrossel de perigo. Se queres te manter viva fica no carro e sem fazer nenhum piu. Estamos entendidos ?

- Não

- Não me obrigues a te amarrar

- Eu quero te ajudar, não vou deixar - vos sozinhos

- Tu queres morrer é isso ? Ou me ver morrer ?

Algo no meu peito explodiu logo que ele acabou de falar. Isso não pode acontecer, não posso passar pelo mesmo duas vezes. Como se a ferida no meu peito estivesse a ser aberta outra vez

- Não fala uma merda dessas. Vamos ficar bem

- Fica aqui. Já volto

Queria poder dizer que o beijo que ele me deu foi reconfortante. Mas seria uma completa mentira. Doeu ainda mais quando eu vi a silhueta dos dois desaparecer na luz do luar. Eu não sabia o que Fiennes ia fazer com eles. Não queria pagar para ver, mas não podia ficar sentada e ver os dois acabados.

- O que ele foi fazer ?

- Protecção

Vi ele sair da oficina com uma mochila nas costas a empurrar a moto. A expressão estava fortemente serena, como se fosse mais um dia de trabalho. O Francês desceu do carro e os trocaram algumas palavras. .. a noite estava tão escura que sentia o negro me acariciar. As estrelas fugiam e o calor me consumia

- Vou te levar para casa e não quero ouvir protestos

- Nem morta. Eu vou contigo

- Não dificulta a situação e faz o que digo Driana, só te peço isso

- Não vou te deixar sozinho... estamos juntos nessa

- Não podes ser sempre a heroína que todos esperam. Deixa de tentar ajudar sempre, eu vou resolver isso a minha maneira. Driana eu preciso que alguém fique a minha espera, para quando chegar dizer que torceu por mim. Preciso que alguém me faça voltar.  Preciso de adeptos na arquibancada. Entendes ?

Era uma situação de fazer qualquer um perder o controle do corpo e mente. Mas ele falava de uma maneira tão mansa, como se estivesse a ir para um jogo de snooker.  Acariciava o meu rosto e os meus olhos ardiam. Já me fizeram esperar uma vez, não fui capaz e destruí tudo que alguma vez tive. Os erros do passado nos fazem ter uma visão diferente das situações de tensão. Abracei, beijei, com toda veracidade possível, como se a minha vida dependesse do toque dele.

- Obrigado

- Tens três horas. Depois disso vou atrás de ti

Então ele sorriu. Entrelaçou os nossos dedos e arrancou com o carro. O Francês vinha atrás de nós com a moto. Não se ouvia um único som, apesar de estarmos com as mentes barulhentas e a respiração fora de controle. As ruas de Maine estavam movimentadas e fumegantes... Sentia todos olhares sobre nós... belo dia para me deixar sozinha

Debaixo do prédio tinha um grupo de sete homens e duas mulheres. Dois deles estavam acima do peso com as roupas rasgadas. Garrafas de bebidas estavam jogadas no chão. A mulher mais baixa estava com o vestido levantado sentada no colo de um homem de cabelo raspado no chão. Não conhecia nenhum deles, mas o olhar deles diziam que já me tinham visto.

- Acho que não é uma boa me deixares aqui

Disse ao sair do carro

- Estas mais segura com esses drogados do que comigo

Passou o braço pela minha cintura e começamos andar na direcção deles

- Evita contacto com os olhos deles

É meio impossível fazer isso quando tens alguém a olhar para ti como se estivesse a ler a tua alma e arrancar a tua pele

- Vocês estão em que andar ?

A voz desse homem era ríspida. .. Usava calções até aos joelhos, com ténis rasgados e sem camisa. Mas o que mais chamou a minha atenção foi a enorme cicatriz que atravessava o olho esquerdo até o lábio superior. A pergunta dele foi ignorada e continuamos andar até as escadas. O cheiro agonizante de esgoto me dava náuseas

- Hey... menino bonito. .. Devias ouvir o que temos para dizer

Dessa vez foi a mulher do vestido levantado a falar. A voz era tão grossa que podia ser perfeitamente confundida com um homem

- Houve um motim no sétimo e oitavo andar... é possível que vocês encontrem alguns corpos espalhados. As portas estão destruídas, é possível que uma coisa ou outra tenha desaparecido do vosso apartamento, nada muito grave. O que vocês têm a fazer é ficar calados quando a polícia aparecer

- Como assim algo desapareceu ?

- Reconheces isso aqui ?

A outra mulher de cabelo verde balançou a estrela pendurada no pescoço dela. Não acreditava. No mesmo minuto corri e pulei no pescoço dela. Puxei o cabelo dela para baixo e arranquei a minha estrela. Senti mãos brutas me puxarem para trás e me jogarem contra parede. O Riley tentava se soltar sós outros brutamontes quando ouvi um disparo no tecto

- Vocês estão malucos ? Saem daqui agora !

A minha cabeça doía e dava voltas. O Riley me puxou pela cintura olhamos para os outros que estavam bem armados. Algumas armas estavam apontadas para nós. Não senti medo, senti impotência

- Estamos desarmados, podem baixar as armas

- Comecem a andar. Agora !

Sem dizer mais nada nos voltamos para escadas e subimos. Senti o sangue na minha mão, uma ponta da estrela perfurou a minha pele com a pressão que estava a fazer. Já no sexto andar sentia o cheiro terrível de sangue. A luz estava fraca, mas consegui ver três corpos. Um jogado nas escadas, os outros dois na porta do nosso apartamento. Bem já não tinha uma porta no apartamento

- Meu Deus

- Ainda tens a Glock ?

- Tenho

Entramos e fui directamente para o meu quarto. A janela estava aberta e a banca jogada no chão. A cama desfeita. O colchão estava no chão e não havia sinais da minha Glock.

- Eles a levaram

Estava com a cabeça pesada demais para pensar. Ele falou em motim. Quem são eles, e qual foi o motivo deles estarem aqui.

- Vamos. Não vou te deixar aqui

- E passar por aqueles psicopatas ladrões ? Nem morta

- Vamos passar por trás. Vou pedir ao Francês para ficar a nossa espera

- Vou com vocês ?

- Não. Vou te deixar na casa dele. Não vais estar sozinha, a Juliana deve estar lá

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