"O mundo sem estrelas,totalmente negro,não permite que se veja a mão posta diante dos olhos. - Memórias de Lázaro (Adonias Filho)"
Novamente sozinha,ia dar uma volta de bicicleta. Tranquei a casa,coloquei a chave debaixo do tapete e saí. A bicicleta estava velha,mas ela ainda conseguia me segurar.
Andei na praça, em volta do rio e fui até um lugar que chamou a minha atenção. Haviam cartazes por toda a cidade falando sobre um parque de diversão montado no centro da cidade. Então, fui até lá.
Optei pelo caminho dos bairros,era o caminho mais curto até o centro,porém era o caminho mais deserto. Já estava no final da tarde,estava escurecendo, e de longe já podia-se ver a iluminação do parque.
Estacionei a bicicleta e comprei o ticket. Entrei no parque e o que mais de tinha,eram famílias felizes. Eu tinha me sentido bem fria perto deles,sem sorrisos,sem nada.
Fui em vários brinquedos,e por incrível que pareça, eu tinha gostado,e sorria por isso. Avistei um carrinho de algodão doce,pedi um e o homem perguntou a cor que eu queria. Como não havia preto, escolhi o roxo. E então ele fez o algodão doce em formato de uma coração.
Perguntei quanto era e ele disse que para mim era de graça, pois era uma menina especial. Confusa,vou até um banquinho e nele me sento. Comia tranquilamente o meu algodão doce,e novamente era afetada pelas famílias felizes.
Um palhaço foi até mim,me fez uma mágica e me deu uma flor. Sorri para ele achar que eu tinha gostado,somente achar. Terminei de comer o algodão doce e joguei o palitinho fora.
Fui no último brinquedo,a roda-gigante,e como estava bem tarde,depois de ir na roda-gigante,eu iria embora. A fila estava pouco grande,e de fato,tive que esperar um bom tempo.
Finalmente eu tinha entrado, me sentei e a roda começou a girar. Estava bem devagar e eu podia ouvir o barulho de enferrujado. Olhei para o céu e não vi estrelas,procurei a Lua,e a mesma já não existia mais.
A minha consciência parou no minuto em que a roda se soltou. Gritos e mais gritos,inclusive os meus. Estava tremendo,estava com medo. Senti algo molhado escorrendo pelas minhas bochechas,por um momento,pensei ser sangue,mas eram somente lágrimas.
A noite estava completamente escura,não havia iluminação alguma em qualquer lugar,somente do parque,mas o mesmo estava longe demais. Ouço crianças chorando e pais tentando acalmá-las,aquilo tudo estava me enlouquecendo.
Vejo de longe algo estranhamente mole,logo após um homem grita "O RIO". O rio era infestado de animais perigosos,o único lugar perto do rio em que todos passavam,era pelo lado de trás. Então ouvi pessoas se afogando e a água sendo violentamente agredida.
Percebo algo me molhando,era aquela água. Coloquei as mãos nos olhos e comecei a chorar. A água não havia me machucado,mas eu já sentia dor.
