Capítulo 14

457 25 0
                                    

Adrian Ivashkov

Eu me via perdido a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo. Não tinha superado Rose ter me trocado pelo Guardião Belikov, claro, quem diabos superava isso?
E o pior era saber que eles sempre estariam na Corte, e se eu saísse de casa poderia trombar com algum dos dois por aí. Então eu me mantinha clausurado na minha casa, na companhia dos meus cigarros e garrafa de Wisk. O meu estado era desprezível, me encontrava em um verdadeiro martírio, em um mar de sangue, e o sangue que jorrava vinha do meu coração dilacerado. Dilacerado pela bela e sedutora dhampi Rose Hathaway. Ah sim, Rose, eu a amei tanto, tanto, que em troca ela apenas me iludiu e me traiu com o Belikov. Mas com cada copo de Wisk eu ia me esquecendo um pouquinho desse infernos todo.
Me vi com uma nova esperança quando a Lissa escolheu a mim para ir embora da Corte com a Jillian para que pudesse mantê-lá segura. Óbvio que eu não aceitei de cara, se eu aceitasse assim como estalo de um dedo só daria a mais o que os outros pensarem ao meu respeito, que estava tão desesperado por causa de uma deixa da Hathaway que precisava sair correndo para fora daqui. Mas de fato, eu estava mesmo. Jamais tinha me apaixonado por uma mulher, apaixonado não, amado. E jamais tive o meu coração despedaçado.
Eu sabia que Lissa tinha proposto isso em questão de agora eu ser ligado a Jill, tínhamos um laço psíquico. Assim como a Lissa e Rose tiveram um dia. Esse laço foi criado quando salvei Jillian da morte, à trouxe de volta a vida quando ela foi morta em uma rebelião de alguns Moroi contra a Rainha, que era a Liss. Eu conseguir isso usando o Espírito. E agora como se não bastasse toda a minha batalha interior, alguém a mais também iria compartilhar dela. E eu não gostava nada disso.

_______________________________________

Um dia a Rose bateu em minha porta, até pensei que ela vinhera em busca de perdão, esperava que ela viesse aqui com lágrimas nos olhos e falasse que amava a mim e não ao Belikov, que queria a mim, e que ficar com ele tinha sido um erro, e ela precisava apenas do meu amor. Mas como todo sonho sempre tem um limite muito grande, não foi isso que ela veio fazer; veio apenas confirmar se eu iria mesmo com a Jailbait para a Palm Springs e me entregar algumas informações. Quando confirmei que iria ela logo se apressou para ir embora. Mas não deixei antes de fazê-la perder a cabeça.

- Espere! Como... é? - perguntei em um tom sério. Em sua voz pude notar uma certa confusão pela pergunta.

- Como é, o quê? - ela quis saber.

Arqueei uma sobrancelha como se a pergunta fosse óbvia. E respondir a ela

- Ser uma guardiã renomada e está todos os dias na cama com o Belikov?

Com essas últimas palavras ela se virou para me encarar, em seu rosto estava uma mistura de incredulidade e raiva. Já estava me preparando para ela vir e arrancar o copo da minha mão e quebra-ló na minha cabeça e começar a me cortar a pele com os cacos, ao contrário disso ela me surpreendeu dando apenas um de seus olhares profundos se virou e foi embora. Foi embora mais uma vez.

_______________________________________

Eu que costumava visitá-lá nos sonhos quando namoravamos agora era ela quem aparecia aos meus sonhos. E mais uma vez sonhei a beijando e ela dizendo que me amava, acordei ofegante, passei a mão na testa e estava coberta de suor. Levantei-me da cama e fui direto para a cozinha tomar um copo de Wisk. Ultimamente eu estava tomando tanto bebida alcoólica que nem ao menos sentia mais o gosto, a minha boca estava adormecida. Assim como o meu coração estava se tornando, adormecido e frio.
Sentei ao sofá e tomei alguns goles do meu líquido, olhei de relance para a mesa de centro e vi os papéis que a Rose me entregou, sobre a Palm Springs.
Comecei a folhea-lhos e percebi que a viajem seria hoje mesmo. Já tinha decidido que iria, e estava mais do que na hora de tentar recomeçar a minha vida.
Como Jill e eu tínhamos um laço agora, decidi "convoca-lá" mandando uma mensagem psíquica, " Hey Jailbait venha até aqui, eu estou em casa, vamos conversar um pouco".
E pelo jeito funcionou mesmo, depois de meia hora a Jill estava batendo a minha porta. Abri e mandei entra-lá.

- Então Princesa - sibilei- sente-se, sinta-se a vontade.

- Eu estava com os meus pais - disse ela- por isso demorei tanto.

- Ah, não precisa se preocupar. Pelo menos arranjou um tempo livre na sua agenda super lotada de Princesa - a encarei sorrindo-.

- Pare com isso - guargalhou Jill e ao mesmo tempo enrubesceu - não me chame assim Adrian, é tão estranho.

- Estranho ou não, você continua sendo uma bela de uma princesa.

Eu gostava bastante da Jailbait, não de uma forma romântica, é claro. Ela é super nova e a considero como uma irmã mais nova que não tive, acho que a maioria a considera como uma irmã. Ela é bastante engraçada, e o que a tornava tão engraçada é o fato de ser toda atrapalhada e tímida. Jill é muito especial e importante pra mim - só não gosto do fato de ela agora poder saber dos meus pensamentos, sentimentos e sofrimentos - mas sempre que estava com ela, notava algo estranho na maneira de agir dela, eu até cogitava a possibilidade dela ter algum apreço romântico por mim, mas isso não podia ser possível, e por isso que me arrependi depois de ter dito que ela era uma bela de uma princesa, pois ela começou a me encarar de um jeito totalmente estranho, apaixonado.
Fiquei atrapalhado e tomei um gole de Wisk e fiquei encarando o copo, decidir quebrar o silêncio.

- E... e como você está lidando com o fato de ter que sair da Corte?

Ela piscou algumas vezes como se estivesse saindo de um transe ou fosse pegá fazendo algo proibido e novamente as suas bochechas ficaram rosadas, ela passou a mãos nos longos cachos dela e então respondeu a minha pergunta :

- Não sei, na verdade. Eu já tinha me acoostumado e tal, mas eu faço o que tiver que fazer para manter Lissa e a mim segura. - ela deu uma pequena pausa e continuou - mesmo que isso signifique ficar longe dela, dos meus pais e amigos. Mas o lado bom nisso é que vou ter você comigo... digo, você e o Eddie.

Nós conversamos muito, sobre a viajem, imaginando como seria esse tal lugar que agora iríamos morar por um tempo, ela até me questionou como eu estava me sentindo e eu sabia que não era somente sobre está se mudando, mas principalmente por causa da Rose, eu nem sei porque ela queria me perguntando porque ela sabia de todas as respostas, apenas vasculhando a minha mente. Logo depois ela saiu e eu fui arrumar a minha mala.
(...)

Olhei ao relógio na parede e já era a hora de eu ir para a pista de jatos da Corte, entrei no meu quarto e apanhei minha mala voltei até a sala e peguei um copo e o enchi de Wisk e tomei de uma vez só.
Comecei a andar pelo caminho que iria direto para a pista, analisava mentalmente tudo o quê me ocorreu durante esse tempo todo; quando a conheci naquele hotel de Esqui, na varanda. Quando me mudei para a St. Vladimir, e nessa época eu fui para lá não de fato para aprender mais sobre o Espírito, e sim para ficar ao lado dela. Quando começamos a namorar. Quando eu me iludir achando que ela me amava. Quando ela trouxe Dimitri de volta e por fim quando ela me deixou e foi ficar de uma vez com ele. Sim, só aconteceram coisas ruins em minha vida, pelo menos desde que conheci Rose.
Mas era hora de isso tudo mudar, era hora de dizer a Deus de uma vez por todas à esses sentimentos que só me trazem sofrimento, é a hora de recomeçar e voltar a ser feliz. Bom, e quanto a ela e o Belikov? Ah, eles se merecem. Eu fico com os meus cigarros e bebidas, eles me respeitam e me entendem.

Além da escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora