Entrei no shopping correndo, já imaginando o que Mathews ia dizer, pois tinha me atrasado 49 minutos. Aí, ele vai me arrancar os cabelos hoje.
Cheguei na praça de alimentação, corri meus olhos e lá está ele, lendo "Extraordinário". Sorri com a cena e fui me aproximando lentamente, foi quando percebi algo de errado, ele estava com a cara afundada no livro, enquanto 4 garotas falavam ofensas para o mesmo. Senti o sangue ferver e meus passos aceleraram.
─ Garoto, vai se bronzear, parece o filhote do Abominável Homem das Neves ─ disse uma garota de cabelos loiros. Na verdade elas eram cópias umas das outras, usavam todas sainhas, cabelos loiros, chapinha pura aquilo, e saltos que se elas caíssem não seria só a clavícula que quebraria.
─ Meu amorzinho, em vez de mandar ele ir pro bronzeamento, tu deveria ir em um cirurgião para refazer essa merda que tu chama de cara, ou melhor, um arquiteto para resolver o teu caso! ─ eu disse alto o bastante para toda a praça ouvir, elas querem humilhar? Vamos humilhar amor.
Vi Mat levantar o olhar do livro e vi as lágrimas nos olhos dele.... FIZERAM MEU RUIVO CHORAR, AGORA EU ESMAGO!
─ E quem é você para vim falar isso comigo? ─ perguntou a puta 2.
─ Não te interessa, a única coisa que você tem que saber é que vou fazer o mesmo que você estava fazendo com o meu amigo!
─ Ah, é mesmo? Que medo que eu tô de um viado! ─ disse de deboche.
─ Amor, era bom ter mesmo. Agora porque não para de tentar humilhar as pessoas, pega as tuas cópias vagabundas e vão pra esquina ver se algum velho de pinto murcho vai querer vocês, amores.
─ Ai, não vamos perder tempo com esse daí, ele não chega aos nossos pés. ─ disse se virando.
─ Querida, quem não chega nem aos meus pés são vocês, que precisam pisar em outras pessoas para tentarem aparecer. Você perto de mim é um grão de areia, se toca amor. Na Índia as vacas são sagradas, porque não foram para lá ainda? ─ perguntei enquanto me aproximava lentamente.
Elas se olharam entre si, e sem argumentos saíram tentando se equilibrarem nos saltos enquanto todo mundo vaiava elas.
─ Oi, Ruivinho. ─ me sentei na mesa, mas vi a mesma vazia. Olhei para os lados e o vi indo pra saída. Corri atrás dele gritando para o mesmo parar.
─ NEM MAIS UM PASSO! ─ gritei parando na frente do mesmo.
Olhei para os olhos dele e vi me encararem tristes. O abracei, não me importava com o que as pessoas pensavam, nunca me importei, mas me importava como Mathews se sentia. Me afastei lentamente e sussurrei:
─ Desculpe.
─ Tá tudo bem. Só quero ir pra casa agora. ─ ele sussurrou de volta.
Olhei para a cara dele e vi ele se preparando para me impedir, mas fui mais rápido, sai o puxando para uma loja qualquer. Entramos voando na loja e o deixei sentado no pequeno sofá que lá tinha.
─ Em que posso ajudar? ─ disse a atendente simpática.
─ Onde fica a ala masculina? ─ perguntei enquanto olhava meu amigo olhar as roupas femininas com uma cara do tipo "O que eu tô fazendo aqui?".
─ Por aqui. ─ ela me levou até a outra lateral da loja.
Olhei as peças ao meu alcance. Vi uma calça preta e corri até ela, vi que era ela mesma, joguei em cima da mulher que parecia uma ninja enquanto já arrancava uma blusa preta dos cabides lançando de novo, caramba a mulher é diva hein, e assim foi por horas... Entra em loja, sai de loja. Até que paramos em uma em especial e percebi os olhos de Mathews se arregalarem enquanto eu o empurrava para dentro do salão. Vi Madame Sirrê vim em nossa direção.
─ Sky, meu querido, como está? Achei que seu horário era só para semana que vem. ─ falou confusa enquanto me abraçava.
─ Ah, não é pra mim, é para meu amigo ─ disse sorrindo ─ Mathews, Madame Sirrê. ─ falei os apresentando.
─ Que cabelo lindo, mas precisa de um corte, e essa sua barba... Hm... Vai dar trabalho, mas nada que Madame Sirrê não consiga fazer. ─ disse a mesma sorrindo ─ Agora se sente na cadeira, meu filho. ─ Mathews se sentou enquanto me dava seus óculos, olhei para os mesmos, eram antigos, tinham se quebrado, e estavam com uma fita branca no meio.
─ Mat, eu vou ali comprar algo pra comer, tô smurfando de fome, ok? ─ vi ele sorri e fazer que sim ─ Cuide bem do Ruivinho, Sirrê ─ gritei enquanto eu saia correndo pelas portas do salão.
1 hora depois...
Entrei pelas portas transparentes do salão a procura da minha moita ruiva, mas não o vi, o que vi foi Madame Sirrê me puxando enquanto tagarelava.
─ Acho que só o seu cabelo chega aos pés da obra prima de hoje, ficou lindo, aí meu Deus ─ ela me jogou no puff enquanto a porta do banheiro particular era aberto e de lá saia um verdadeiro Deus grego.
Usava um cortuno preto, calça também negra que subia pelas pernas grossas e musculosas, uma blusa cinza que era arrematada por uma jaqueta de couro, foi então que reparei no rosto, o cabelo estava curto nas laterais com um topete em cima que facilmente poderia se transformar em uma franja, a barba parecia por fazer dando um ar sexy, e então minha boca foi ao chão ao ver que aquilo tudo era meu melhor amigo.
─ Mat?
─ Como eu tô? ─ perguntou coçando a cabeça.
─ Você tá... Você tá... Lindo ─ eu disse me aproximando.
─ Você acha? ─ ele olhou em meus olhos, sorri.
─ Tenho certeza. Ah, antes que eu me esqueça ─ peguei a sacola que estava no chão ao lado do puff ─ Para você.
Ele abriu a sacola e tirou de lá uma caixinha de óculos e uma de lentes, abriu primeiro a de óculos e o pegou em suas mãos o analisando. Os óculos era quase idêntico ao que ele usava, mas agora em uma versão mais moderna e bonita. Ele colocou os óculos e se olhou no espelho, e vi sua cara de espanto se iluminar com um lindo sorriso.
─ Sky... Obrigad-
─ Ei ei, não agradeça, eu vou cobrar. ─ disse sorrindo malignamente ─ Brincadeira. ─ falei rindo ao ver sua cara de alívio.
Mathews tirou os óculos e os guardou, pegou a outra caixinha, se aproximou do espelho e colocou as lentes transparentes. Sorrindo me olhou no espelho, sorri de volta.
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Say Something
Humor─ Diga alguma coisa... Por favor! ─ Droga Mathews, você já sabe a resposta! ─ Me levantei e dei as costas para ele. ─ Mas eu quero ouvir! ─ Ele se levantou me puxando contra o seu corpo. ─ VOCÊ QUER OUVIR O QUE? QUE EU TE AMO? QUE EU SEMPRE TE...