Novo Amiguinho

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─ Faz cafuné ─ pediu Mathews enquanto eu secava seus cabelos ruivos. 

Bem, vamos dizer que depois tive que chamar um táxi e trazer Aurora e o irmão para casa, Aurora foi pra casa triste enquanto Mat pedia para EU cuidar dele, que ele tava "dodói". E aqui estou eu secando os cabelos dele que acabou de tomar banho (tomou sozinho, ok mentes poluídas?). Estou pensando, será que eu arranjei um namorado ou um bebê?

Senti as mãos dele rodearem minha cintura, olhei para seu rosto e o vi sorrir para mim, sorri de volta, achando a resposta para minha pergunta, quando se tá amando até fralda suja a gente troca!

─ No que tanto pensa? ─ ele me perguntou.

─ Nada ─ falei me soltando dele.

─ Amor, você está quieto, você só fica quieto quando tá pensando ─ respondeu se levantando e vindo até mim.

─ Nada a ver isso aí ─ fiz bico.

─ Vem, querida. Vem conhecer meu filho ─ ouvi minha mãe falar no corredor, logo entrando no quarto quase trazendo uma garota pelos cabelos. A garota era magra, usava um óculos parecido com o que dei a Mathews, só que de onça. Tinha cabelos cacheados cortados na altura do ombro. Ela era bem bonita.

─ Amores essa é a Isa, nossa vizinha ─ disse mamãe sorrindo toda alegrinha ─ e esse é meu filho Sky ─ apontou para mim e dei um pequeno sorriso para a garota ─ e aquele ali é o Mathews nosso vizinho que quase mora aqui em casa ─ falou mamãe rindo, vi o olhar de Isa ficar por um longo tempo em Mathews. Olhei para trás para encara-lo e percebi que ele tava de toalha ainda. Fui pra frente dela tampando a visão do MEU NAMORADO.

─ Prazer ─ falei sorrindo falsamente e apertando a mão dela com força.

─ Prazer ─ ela tentou disfarçar a careta de dor e eu ria mentalmente.

─ Olá, bem vinda ao bairro ─ falou Mat me abraçando por trás, estendendo a mão para a garota. Ela sorriu apaixonadamente, passei o braço direito de Mathews pelo meu ombro, demarcando território.

─ Bem, vamos Isa. Vou te mostrar o resto da vizinhança. ─ mamãe saiu puxando a garota. Bati a porta e olhei para Mathews.

─ QUE PORRA FOI ESSA? ─ gritei. Mathews me olhou confuso enquanto enfiava a cueca por debaixo da toalha branca.

─ O que?  perguntou.

─ VOCÊ DANDO MOLE PARA ESSA QUENGA! ─ botei meu dedo no peito dele. Ele se levantou, a toalha caiu da cintura, ficando somente com uma cueca branca. ─ Isso não vai me distrair ─ falei levantando uma sobrancelha.

─ É mesmo? ─ perguntou olhando para si próprio mordendo o lábio inferior. Dei as costas para ele, que riu me abraçando por trás.

─ Você fica lindo com ciúmes, amor ─ riu no meu ouvido me arrepiando.

─ E você vai ficar lindo sem pinto, amorzinho ─ falei espumando raiva.

─ Cruze... ─ nossa pequena discussão foi interrompida quando Alexandre invadiu o quarto aos berros:

─ ELE ME BEIJO... ─ gritou Alexandre parando ao nos ver ─ EPA! VOCÊS TÃO FUDENDO. VOLTO MAIS TARDE ─ saiu mais rápido do que entrou nos deixando olhando um para o outro com uma interrogação na cara.

***

─ Vai! ─ mandei apontando para a porta preta.

─ Mas amor... ─ interrompi Mathews.

─ V-A-I!

─ Oshe... ─ ele se encaminhou para a porta da casa dele, enquanto eu fazia minha melhor cara de vencedor. Eu conseguia ouvir a música nos meus ouvidos: WEEEE AREEE CHAPIONS MY FRIENDDD TURURUM!!!  

Mas minha cantoria foi impedida, quando vi uma coisa um tanto... Estranha. Em frente a minha casa e a do Mat tem um parque, com balanços, essas coisas. Vamos dizer que havia uma coisa errada, 5 garotos estavam enrolados nos balanços gritando loucamente, e mais um estava sendo preso, um "menino" enrolava as correntes do balanço em volta do garoto que gritava, enquanto o "menino" ria de gargalhar. "Menino", sim, entre aspas, o garoto deveria ter 2 metros de altura, e era meio grande... Não sei explicar bem, ele não era exatamente gordo, só era muito, MUITO grande! Me aproximei do garoto cautelosamente, pois não queria fazer parte da decoração do parque junto com os meninos.

─ Oi. ─ falei me aproximando, o grandão parou e me olhou ─ Tudo bem? ─ Vi ele assentir e voltar a enrolar o garoto. ─ Espera ─ me aproximei do garoto que parou e me olhou ─ que tal nós brincarmos de... Outra coisa? ─ perguntei

─ EU E VOCÊ? ─ ele gritou.

─ É... Nós dois, quer? ─ ele assentiu e continuei ─ Mas antes você tem que soltar eles, ok? ─ vi ele hesitar, mas enfim concordar começando a desenrolar os garotos. Alguns minutos depois os garotos corriam para longe de nós gritando e chorando, me sentei em um dos balanços enquanto o grandão se sentava ao meu lado.

─ Meu nome é Sky, e o teu? ─ perguntei balançando lentamente.

─ Meu nome é Felipe! ─ ele sorriu ─ O que é Sky? ─ perguntou fazendo uma super careta de confuso. 

─ Bem... Você sabe o que é inglês? ─ vi ele assentir ─ Então, Sky em inglês quer dizer céu ─ apontei pro céu e vi o mesmo olhar para a imensidão com nuvens ─ E é meu nome, por causa dos meus olhos.

─ AH... ─ ele ficou observando meu olho, quando do nada, seus grandes e imensos braços me rodeiam me puxando para um abraço ─ ABRAÇO DE PANDA ─ ele gritou enquanto me sufocava.

─ FELIPE CHEGAAAA ─ gritei com ele que rapidamente me soltou, respirei fundo enquanto ele me observava com uma cara preocupada.

─ Felipe machucou céu? ─ perguntou quase chorando.

─ Não, eu tô bem ─ sorri ainda ofegante ─ agora quer me contar por que estava prendendo aqueles meninos? -

─ Eles foram maus com Lipe ─ ele falou abaixando a cabeça.

─ Maus... Como? ─ perguntei novamente.

─ Me chamaram de monstro e aberração e um monte de coisas feias ─ me respondeu enquanto chutava a terra. Senti meu peito se apertar e a vontade de chorar brotar. Ouvi ele soluçar e vi lágrimas enormes escorrerem por suas bochechas. 

─ Hey Lipe, já acabou, eles não vão voltar ─ falei enquanto o abraçava lentamente.

─ Não vão? ─ perguntou.

─ Não. ─ sorri passando confiança. Ele esfregou o rosto na minha blusa, a deixando molhada com lágrimas e meleca.

─ Sky? ─ Uma voz chamou minha atenção e de Felipe, olhamos para trás e Mathews vinha até nós com uma expressão confusa.

─ Oi amor, esse é o Lipe, meu novo amigo ─ sorri para Lipe que retribuiu ─ Lipe esse é meu namorado, Mathews.

─ Prazer. ─ respondeu Mathews com um aceno de cabeça.

─ Olá, vocês dão bitoquinhas? ─ perguntou Felipe curioso

─ Damos... ─ Mat falou enquanto ficava vermelho.

─ Lipe agora temos que ir, ok? Se aqueles garotos lhe incomodarem é só você me chamar, moro naquela casa ─ apontei para minha casa e ele assentiu. ─ Tchau Lipe ─ falei acenando, Mat murmurrou um tchau ainda envergonhado enquanto segurava minha mão.

─ Tchau, céu ─ respondeu enquanto se balançava cada vez mais alto. Tentando ao céu realmente chegar.

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