Say Something

Vomitando Arco-Íris

─ Por favor... Diga alguma coisa.

Ele me olhava, o rosto continuava sem emoção e aquilo me matava por dentro, a angústia crescia em meu peito e as lágrimas simplesmente não paravam. Me virei de costas para ele e olhei para o pequeno lago em minha frente. Senti suas mãos me rodearem me virando de frente para ele. Sua mão esquerda foi para o meu rosto, enquanto a outra segurava minha cintura. Sua testa colada com a minha, seu nariz roçando o meu, nossos olhares ligados um no outro. Então ele sorriu e sussurrou:

─ Eu te amo tanto. Não consigo mais viver sem te ter ─ então ele me teve. Seus lábios buscaram os meus, primeiramente em um simples selar de lábios, eu não tinha reação, parecia que tudo havia parado e não conseguia acreditar no que estava ocorrendo. Sua língua pediu passagem e eu a deixei entrar explorando cada canto, sentia o sorriso de Mathews nos meus lábios. O afastei de mim, que me olhou com cara de preocupado.

─ É sério tudo isso? ─ perguntei perplexo.

─ É a coisa mais séria que eu já falei na minha vida. Eu te amo mais do que já amei qualquer coisa na minha vida! 

Então quem beijou dessa vez foi eu, não fora o beijo lento e calmo como o anterior, fora um beijo ardente. Minhas mãos puxavam seus cabelos ruivos, enquanto as dele rodeavam minhas pernas em sua cintura. Eu me sentia em chamas enquanto ele me beijava mais e mais, cada vez mais incontrolável. Nossas mãos exploravam o corpo um do outro, enquanto nossas bocas a dança sensual chamada de beijo. Senti Mathews caminhar comigo em seus braços provavelmente em procura de alguma coisa para apoiar. Ele tropeçou em algumas pedras pelo caminho, mas sem desgrudar de mim...

PLAAAFT!

Cuspi a água enquanto soltava Mathews e começava a ri, tínhamos caído no pequeno lago e agora estávamos os dois encharcados até os ossos.

─ MAIS QUE PORRA ─ gritou Mathews me fazendo ri enquanto ele torcia a blusa que usava ─ acabou com o tesão! ─ ele fez um bico no qual mordi.

─ Na verdade isso me deu mais tesão ainda ─ falei ao ver a roupa colada nos músculos do corpo dele. Ele riu e me pegou novamente no colo. Passamos a tarde na cachoeira, só nos beijando e brincando, eu estava pela primeira vez na vida, plenamente feliz...

***

─ Mais que merda aconteceu com vocês dois? ─ perguntou minha mãe quando chegamos em casa.

─ Caímos em uma poça d'água ─ respondeu meu ruivo.

─ Caíram juntos? Na mesma poça? ─ mamãe levantou uma sobrancelha ─ vou fingir que acredito, mas eu sei que tem caroço nesse angu ─ ela falou enquanto voltava seus olhos para o livro que lia. Kama Sutra para Mulheres... Às vezes acho que minha mãe tem algum distúrbio mental.

─ Nós vamos lá pra cima, ok? ─ falei passando por ela e dando um beijo em seus cabelos.

─ Mathews, volta aqui querido ─ parei na escada enquanto Mathews voltava para perto da minha mãe.

─ Sim, dona Brenda? 

─ Usem camisinha, ok? ─ vi mamãe tirar da bolsa uma enorme cartela de camisinha de todos os sabores ─ experimentem a de menta, refresca ─ falou ela piscando enquanto via Mathews ficar roxo.

─ Mãe! ─ Senti minha cara rachar.

─ Que foi? Eu não quero ser avó cedo ─ ela voltou a leitura.

─ Mãe, eu não tenho útero ─ falei fazendo cara de óbvio.

─ Ah, vai saber. Milagres acontecem ─ revirei os olhos e puxei mathews que ainda olhava para as camisinhas com uma cara de espanto.

Entramos no quarto e já fui arrancando minha roupa molhada, enquanto eu procurava alguma roupa para poder tomar banho Mathews se sentava no puff vermelho e ficava analisando as camisinhas.

─ A de tutti fruti deve ser boa... ─ olhei para a cara dele e ele ainda estava lá olhando as camisinhas com assombro ─ olha amor tem de caipirinha, essa eu quero experimentar.

─ Você quer ficar embriagado enquanto transa? ─ perguntei me sentando em seu colo e vendo a camisinha nas mãos dele.

─ Não, mas... Deve ser boa ─ ele ficou meio vermelho e eu ri dando um beijo em sua bochecha, me levantei e fui pro banho, mas fui logo impedido por duas mãos que me puxavam.

─ Posso ir junto? ─ ele me perguntou mordendo a ponta da minha orelha.

─ Não, não pode, fique aí observando os sabores de camisinhas enquanto  tomo um banho ─ me soltei dele e ri da cara de decepção que ele fez quando tranquei a porta.

***

─ Mathews... Sky... ─ abri meus olhos com a voz.

Tirei minha cabeça do peito de Mathews observando o quarto a procura do dono da voz, mas não tinha ninguém, será que eu tô ficando louco? Olhei para o rosto do ruivo, ele dormia com um pequeno sorriso pintando os lábios, dei um pequeno beijo em seus lábios e deitei de novo em seu peito.

─ OMG! ─ levantei correndo e acendi a luz, Mat deu um pulo da cama me olhando assustado.

Ouvimos batidas e direcionamos nossos olhares para a janela. Foi quando a vimos. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados, enquanto seus olhos esverdeados estavam arregalados nos olhando, e um "O" perfeito formava seus lábios. Aurora, irmã mais nova de Mathews acabará de me ver beija-lo! Ela bateu na janela mais uma vez nos tirando do transe. Corri e abri a janela vendo a mesma entrar com um pijama no meu quarto. Aurora tinha minha idade, 16 anos, era mais baixinha puxando a mãe deles.

─ Vocês... Você ─ ela apontou para mim e depois para ele ─ ele beijou você enquanto você dormia, Mat ─ falou ainda boquiaberta.

─ É mesmo? ─ Mathews me olhou sorrindo enquanto eu ficava vermelho.

─ Vocês estão namorando? ─ perguntou Aurora.

─ Não. ─ falei.

─ Sim. ─ ele falou.

─ Não me lembro de ter sido pedido em namoro. ─ respondi a cara de dúvida de Aurora.

─ E precisa? ─ perguntou ele.

─ Óbvio Mathews ─ falou Aurora dando um tabefe na cabeça do irmão. Vi Mathews ir até a calça que estava usando e pegar algo de lá, veio em minha direção, se ajoelhou, respirou fundo e disse:

─ Sky Blue Cooper, quer ser meu para sempre? Quer me deixar te fazer feliz? Quer me amar incondicionalmente, como eu te amo? Smurf, quer namorar comigo? ─ ele sorriu enquanto mostrava um anelzinho daqueles de bala, era vermelho e pequeno, aquilo não entraria no meu dedo, mas me abaixei junto a ele e sorrindo disse:

─ Quero tudo isso, e muito mais ruivinho... Meu ruivinho ─ falei sorrindo e colando meus lábios nos dele, em um simples toque de lábios.

─ OMG! JESUS EU TÔ DIABÉTICA ─ gritou Aurora secando as lágrimas enquanto ríamos dela. ─ anda Mat enfia ─ ela arregalou os olhos ao ver a cara de safado do irmão e completou ─ enfia o anel. ─ Mat tentou enfiar o anel, mas ele não passava da minha unha, ri com isso e soltei as mãos dele, tirei a pequena corrente que eu usava desde pequeno e enfiei o anel ali, virando o primeiro pingente do cordão prata.

─ Eu te amo, smurf ─ ele disse sorrindo.

─ Também te amo, ruivinho ─ sorri de volta.