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Eu me olhava no espelho, a calça preta estava justa ao meu corpo, enquanto a blusa social com mangas dobradas na altura do cotovelo, chegava às minhas coxas. O par de coturnos finalizavam tudo. Balancei meus cabelos formando a minha famosa e única franja bagunçada.

Olhei pelo espelho encontrando os olhos verdes de Mathews me encarando. Sorri.

- Oi - ele disse enquanto se aproximava e me abraçava por trás.

- Ei - respondi segurando suas mãos.

- Pronto? - perguntou.

Acenei com a cabeça e me virei de frente para ele, segurando suas mãos.

- Mat, eu preciso te contar... Uma coisa - falei inseguro e abaixando a cabeça.

- Depois, agora temos que ir para minha casa - ele selou nossos lábios me levando em direção à sua casa.

Descemos as escadas, vi mamãe abrindo a porta, Mathews passou direto comigo.

Corremos pelo gramado indo em direção ao vizinho. Mathews abriu a porta de madeira escura.

- VIAAAAAAAAADOOO - Senti me sacolejado por Aurora que me apertava em seus braços.

- VADIAAA - gritei enquanto ela esmagava minhas pobres costelas (descansem em paz costelas).

- Tua mã... - Aurora ficou vermelha ao ver mamãe entrando.

- Sou mesmo, do tipo puta louca ainda por cima - falou ela indo em direção aos donos da casa.- Gi, você está linda

- Você também está. Como o Sky fala... - ela me olhou com uma ruga de interrogação - DIVONILDA!

- COM LICENÇA, MAS A ÚNICA PESSOA DIVONILDA NESSA SALA SOU EU - Tomei um susto ao ver Martha entrando com seus saltos destruidores, Victor logo atrás tímido.

- Martha, amor, como esta - e as três se juntaram fofocando.

Foquei meus olhos de Aurora para Victor. Um encarava o outro.
Aurora mordia os lábios, enquanto Victor coçava a cabeça, mas sem cortarem a encarada.

- Sky, e teu pai? - Vi tio George perguntando.

- Não pode vim, teve uma reunião de última hora.

- Bem, estão todos aqui? Então vamos jantar?

....

Meia hora depois estávamos todos sentados a mesa, como diria Alexandre, enchendo a pança.

- Está divino, Giulia. Quero a receita depois - disse Martha sorrindo.

- Claro querida - vi tia Gi beber um pouco do vinho e puxar assunto - Então, o que o Victor é teu?

- Meu enteado - disse Martha olhando sorridente para Victor.

- Teu marido não pode vim? - perguntou Tio George enquanto levava mais uma garfada a boca.

- Ele faleceu à um mês atrás - ela respondeu.

Sentimos o clima pesar, meus olhos correram para a mesa, mamãe mastigava lentamente, tio George apoiava a faca na mesa e tia Gi colocava a taça de volta à mesa.

- Sinto muito - ouvi a voz de Aurora e olhei em direção a ela.

Victor olhava para sua mão, com a de Aurora em cima. Ele levantou os olhos para ela dando um pequeno sorriso.

- Obrigado - respondeu baixinho.

- Ahn... E sua mãe Victor, não quis morar com ela? - mamãe começou o interrogatório, já deveria ter sentido o clima dos dois.

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