Acordei com seus gritos.
Me levantei correndo e olhei pela janela, meus olhos não acreditavam no que viam.
Corri escadas a baixo, a dor gritante em meu peito, abri a porta, dando de cara com a multidão que já se encontrava invadindo o quintal vizinho.
Corri até lá, minha respiração falha. Me enfiei no meio das pessoas, eu ouvia o som, ecoando pela minha cabeça. Foi quando consegui vê-lo. Ele estava de joelhos, sem camisa, shorts preto, seu rosto não tinha emoção alguma, mas havia uma trilha de lágrimas secas em sua face. Meu coração parou, quando meus olhos encontraram os dele, as lágrimas que eu segurava, desceram.
Vi o pai de Mathews, George levantar de novo o cinto de couro, e descer o braço com toda força no corpo dele.
─ ISSO É PARA VOCÊ APRENDER A NÃO SE TORNAR UM VIADO! ─ ele gritou levantando o braço novamente pronto para acertar-lo, agora no rosto.
Corri em direção a Mathews. Meu corpo protegendo o dele, meus braços o confortando, enquanto eu sentia a ardência do couro ao tocar minha pele.
─ A culpa disso tudo é sua, aberração! ─ senti meus cabelos serem puxados. O corpo fraco dele arrancado de meus braços.
George me jogou no chão, levantou seu braço, seu rosto branco estava vermelho de raiva, os olhos arregalados.
Abaixei a cabeça esperando o golpe.
Mas ele não veio.
O que veio foi o som do espanto das pessoas, levantei meus olhos, Mathews estava impedindo o braço de seu pai de descer contra meu corpo.
─ Você nunca mais encoste nele ─ falou baixo e assustador.
George soltou o cinto, enquanto ia em direção a sua casa gritando xingamentos. Ouvi a porta de madeira ser batida com força.
Seus braços envolveram meu corpo. O abracei com todas as forças.
─ Vai ficar tudo bem ─ falei baixinho em seu ouvido. Senti suas lágrimas molhando meu pescoço, minha mão esquerda acariciou seus cabelos ruivos, enquanto o primeiro soluço deixava seus lábios. Logo sendo seguidos de outros.
Ficamos ali, no gramado, agarrados um ao outro, não sei dizer por quanto tempo. Senti ele se afastar do meu corpo, olhei em seus olhos verdes marejados, seus lábios encostaram nos meus , em um simples e singelo tocar de lábios.
─ Eu te amo. ─ ele disse enquanto me soltava.
Só fui entender quando ouvi o carro acelerar em alta velocidade.
Ele havia me deixado, ele fugiu.
***
Eu me encarava no espelho do meu banheiro, meus cabelos pretos molhados caiam sob minha testa, meus olhos azuis estavam avermelhados, um sinal das lágrimas que ali estiveram. Vi minha mãe atrás de mim, ela deu um sorriso triste, que correspondi abaixando os olhos.
Senti suas mãos perto do local em que eu havia sido acertado, me encolhi com medo do contato. Ouvi seu suspiro.
─ Sky... O Mathews... ─ ela se aproximou me encarando no espelho ─ ele fugiu por esta com medo. ─ ela acariciou meu braço.
─ Mas eu estou aqui mãe! ─ falei sentindo as lágrimas voltarem, fechei meus olhos.
─ Mas ele não consegue se lembrar disso ─ senti seus lábios em meus cabelos ─ relembre-o.
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Say Something
Humor─ Diga alguma coisa... Por favor! ─ Droga Mathews, você já sabe a resposta! ─ Me levantei e dei as costas para ele. ─ Mas eu quero ouvir! ─ Ele se levantou me puxando contra o seu corpo. ─ VOCÊ QUER OUVIR O QUE? QUE EU TE AMO? QUE EU SEMPRE TE...