- Meu Deus... - Anahi suspirou.
- E-e-eu... Eu sou o pai dele.. Ele é meu filho! Meu Deus! - Poncho passava a mão pelo cabelo, sorrindo bobo.
- O que seria isso?
- É o exame de gravidez que Sabrina fez... Eu me lembro desse papel, e me lembro claramente de como fiquei feliz ao saber que teria um filho... Quando vi esse papel, não tive dúvidas... E aqui está escrito... O meu nome... E o dela...
- Meu Deus... Quais as chances de isso acontecer...? - o advogado, Dr. Julian, se pronunciou. - Em mais de 30 anos de profissão, eu nunca passei por nada nem parecido com isso...
- Como ficamos então? - Poncho perguntou.
- Eu não faço idéia... - o advogado falou, rindo levemente. - Teremos que fazer um exame de DNA, para termos certeza de que você é o pai... E o processo de adoção nem será necessário... Apenas apresentar as provas no juizado de menores, e creio que eles lhe passem a guarda do menor.
Anahi manteve-se quieta, era muita coisa para se assimilar.
- Quero vê-lo... Meu Deus.. Eu preciso abraçar meu filho... - Poncho exclamou passando as mãos pelos olhos, que escorriam algumas lágrimas.
- Não acho que seja apropriado que você fale sobre isso com ele ainda... - Dr. Julian explicou. - Ainda não temos a certeza.. E isso poderia ser um pouco confuso.. Ele é muito pequeno...
- Eu concordo.. - Anahi falou seria, assustando Poncho na hora.
- Tudo bem.. Mas eu preciso vê-lo, pela primeira vez, como meu filho.. Não falarei nada, eu prometo! - Poncho sorriu e todos concordaram.-/-
- Johanna! - Léo chamou pelo radinho de brinquedo que ele havia pego para se comunicarem.
- Oi Léo.. - ela respondeu e ele sorriu.
- Você está com frio?
- Não... Aquele cobertor está ajudando muito! - ela respondeu.
- E pegou comida suficiente...?
- Sim Léo.. Fica tranquilo! - ela riu e ele também.
- Você está com uma voz estranha.. - ele falou.
- Estou com saudades da minha mãe.. Você sabe como é... É só isso!
- Queria te dizer que entendo que saudade é essa.. Mas não sei...
- Aí desculpa Léo... Eu... Me esqueci!
- Não tem problema Johis.. - ele sorriu. - Mas tenho certeza de que sua mãe também está com saudades de você...
- Eu sei que sim...
- Johis... Estou ouvindo passos na escada... Vou desligar porque acho que devem ser os meninos...
- OK! - ela respondeu e ele já logo enfiou o radinho embaixo do travesseiro.
Toc-toc
Poncho abriu a porta em seguida, e Léo o olhou e sorriu.
- Tio Poncho! - exclamou alegre. - Não sabia que viria hoje!!!!
Poncho parou para observá-lo alguns instantes. Como poderia nunca ter percebido as semelhanças gritantes... O mesmo cabelo, os mesmos olhos, o mesmo tipo sangüíneo, as expressões, o jeito... Eles eram iguais em tudo.
- O que foi? Está com uma cara estranha.. - Léo fez um careta e Poncho riu, aproximando-se dele.
- Estava com saudades de você garotão... - Léo sorriu na mesma hora e o abraçou forte pelo pescoço.
- Eu também estava!! - Poncho o abraçou forte como podia para não machuca-lo. Quando deu por si, já estava chorando. - O que foi Tio Poncho?
- Nada não garotão... - exclamou limpando as lágrimas. - Só estou emocionado...
- E cadê a Nany? - ele perguntou.
- Ela estava falando com a Tia Helena.. Acho que vai subir daqui a pouco...
- Ahh...
- Posso te falar uma coisa, Léo? - ele assentiu. - Eu amo você garotão...
Léo sentiu os próprios olhos se enchendo de lágrimas. Abraçou Poncho pelo pescoço de novo.
- Eu também te amo muito...-/-
- E então..? - Anabelle perguntou rindo.
- Então eu procurei pela cidade inteira... - Ian falou rindo. - E nada de achar a gata velha da Dona Gertrudes... Estava quase ficando louco, e ela me deixando mais louco ainda... Quando voltamos pra casa dela descobrimos que a gata estava o tempo todo escondida embaixo da cama dela...
Anabelle riu até que lágrimas caíssem de seus olhos.
- E detalhe que aquela senhora ficou me perseguindo por semanas... Dizendo que eu era o amor da vida dela...
- Mentira!!! - Anabelle riu mais ainda.
- Acredite se quiser... Ela dizia que nunca havia encontrado alguém como eu... Que o falecido marido beijava muito mal.. E eu tinha cara de ser ótimo... - Anabelle corou, realmente aquilo já havia passado pela cabeça dela também. - Meu Deus.. Ela me perseguiu durante muito tempo... Ia até a delegacia para me ver!
- OH MEU DEUS!!!! - Anabelle riu, corada. - E como se livrou dela??
- Ahh.. A gata velha dela acabou sumindo de novo.. Aí mandei que outro policial fosse atras, e adivinha... Ela se apaixonou por ele...
Anabelle riu mais uma vez e Ian a acompanhou.
- Nunca imaginei que a vida de policial tivesse seus momentos tão engraçados..
Ian soltou um suspiro triste.
- É.. Alguns momentos tem que fazer valer a pena.. Passamos por muitas desgraças diariamente... Enfrentamos nossos piores pesadelos..
- Como assim Ian? - ela perguntou.
- O verdadeiro motivo de eu ter virado policial... Minha irmã sofria violência doméstica... - ele sussurrou e Anabelle engoliu em seco. - Eu decidi me tornar policial para que nenhuma mulher passasse pelo que ela passou... Para poder ajudar na superação do trauma...
Anabelle baixou os olhos. Aquilo mexeu com seu interior, antes, ela achava que Ian pudesse estar interessado nela. Mas agora ela via que era apenas por causa da irmã.
- Ela morreu Anabelle.. - ele sussurrou depois de um tempo e Anabelle tomou a mão dele.
- Eu sinto muito! Meu Deus!
- Ela apanhava diariamente, e isso só ficamos sabendo depois.. Ele não deixava que ninguém mais a visse, ficava presa em casa, sem poder sair ou ver ninguém... Tentei por várias vezes chamar a polícia, porém eles sempre diziam que era coisa da minha cabeça... Que casais brigam mesmo... Mas eu sabia que tinha algo além... Um dia a visitei quando ele estava no trabalho e vi como estava machucada, tinha um braço quebrado, o supercílio aberto, e vários hematomas.. Consegui convence-la a fugir comigo... E quando estávamos indo embora, não sei como, mas ele descobriu e foi atras de nós.. Bateu no meu carro.. Eu escapei apenas com alguns arranhões, mas ela já estava muito debilitada... Não agüentou a batida... E morreu no local do acidente mesmo.. Eu o processei, e quando fizeram o corpo de delito, perceberam que ela sofria mesmo todos os tipos de agressões, e ele foi preso... E foi aí, depois que passou o meu luto por ela, que eu decidi que queria lutar pelas mulheres que sofrem com isso... Que eu quero ser a voz que elas perderam...
Anabelle já chorava, soluçando sofreguidamente.
- Eu tinha tanto medo de contar para alguém... - ela soluçou. - Só minha irmã sabia, e ela tentava me convencer de que isso era crime.. Mas eu tinha muito medo... Ele dizia que ia mandar minha filha para um orfanato em outro pais se eu fugisse dele... Ela marcou as pernas da minha filha... Ele tirou sangue dela...
Ian abraçou Anabelle que chorava desesperada.
- Se ele a encontrar, Ian... Eu tenho tanto medo... Ele vai descontar nela toda a raiva que sente de mim!
- A polícia do México está toda atras dele Anabelle.. Ele não seria louco de tentar algo... E outra, escalei os meus melhores homens na busca de Johanna! Nada acontecerá com a sua filha.. Eu te prometo!
- Você jura mesmo? - ela olhou em seus olhos.
Eles estavam muito próximos, ambos com os olhos cheios de lágrimas, se encarando e sentindo a respiração falhada do outro.
- Eu juro... - ele sussurrou.

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Bad Twins
FanfictionIrmãs gêmeas que se adoram e se protegem acima de tudo. Anahi sempre foi a melhor amiga de Anabelle e vice-versa. Abandonadas ainda bebês na porta de um orfanato, uma encontrou apoio nos braços da outra toda a vida. Brigavam como qualquer irmã, mas...