Capítulo 19

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Coloco os fones nos ouvidos, assim que entro no carro com os meus pais.

Era final da manhã, estava quase na hora de almoço e o meu pai decidiu que hoje iríamos jantar a um restaurante de um dos seus amigos e como ninguém estava com disposição para cozinhar, simplesmente aceitamos.

Eu ainda estava com o meu coração na mão, ainda estava assustada e não conseguia tirá-lo da minha cabeça. Os sonhos voltaram como num flash e graças a isso passei a pior noite de sempre. Eu queria ter sido forte o suficiente para o ter encaro perfeitamente na noite anterior, mas a verdade é que comecei a chorar feita estúpida no meio do hospital e fugi dele a sete pés quando o mesmo se preparava para vir ter comigo. Eu não podia permitir que ele se aproximasse de mim de novo. Eu não podia deixar isso acontecer. Ele era um monstro. Não importava o quanto ele estava mudado ou não, ele para mim ainda era o rapaz que me fez passar o inferno.

Em apenas uma fração de um segundo, sinto o telemóvel vibrar e sorrio ao ver o nome de Niall na tela do meu telemóvel. Reparo que Niall não foi o único a mandar-me mensagem. Louis tentara contactar-me durante toda a noite, mas eu ignorara todas as chamadas e mensagens que o mesmo me enviou.

Abro a mensagem de Niall e logo respondo ao seu 'bom dia princesa, já sinto a tua falta' com um 'bom dia loirinho, eu também'.

Anne, Niall e James eram os únicos que sabiam que eu tinha vindo para cá, e eu fiz questão de pedir a Anne e James para não dizerem uma palavra sequer a Louis. Eu não queria ter de lidar com esse meu problema agora. Eu queria apenas tirar um tempo para mim, para Filipa e para a minha família. Para além disso, eu também tinha os meus problemas aqui.

Eu sabia que esta semana não ía ser uma semana fácil, mas isso foi um risco que eu aceitei ao querer ver Filipa, porque se não fosse esse acontecimento e a enorme vontade dos meus pais voltarem cá e quererem rever todo o mundo, acreditem que neste momento eu estaria fechada na minha antiga casa longe de tudo e todos.

Ryan andava por aqui, e nada mais me assustava do que o pensamento de o voltar a ver. Eu não queria. Mas por um outro lado, eu sabia que não podia negar ao meu pai não vê-lo.

O amor que o meu pai sentia por ele era como filho. Mas apesar disso, o meu pai sempre viu em Ryan o seu futuro genro. Não que eu um dia até nem tenha pensado nisso, eu era pequena, mas eu via em Ryan uma perfeição enorme. Eu era como uma adolescente apaixonada, tirando a parte em que eu ainda nem era adolescente. Era só uma criança que não sabia o que sentimentos eram de verdade.

Ryan nunca mostrou qualquer tipo de interesse em mim, mesmo ambos os nossos pais sempre insistirem em que nos devíamos conhecer melhor. Estava claro nessa época que eu queria, até que chegou o dia em que Ryan me deu a atenção que eu sempre quis. Até que Ryan me notou como uma menina, e não como a criança que ele ignorava.

Falo assim, porque era mesmo assim que Ryan me achava. Uma criança. Ele era apenas dois anos mais velho que eu, mas eu não podia deixar de me sentir atraída por aquele rapaz quando tudo o que eu via nele era uma perfeição total. Mesmo depois de ele me ter rejeitado imensas vezes.

Só que eu enganei-me redondamente. Quando eu pensava que talvez ele viesse ter comigo com carinho, com algumas palavras de amor, quando eu achei que ele finalmente me notara e me dava a devida atenção, começou o meu inferno. Começou ao que eu chamo, o pior período de toda a minha vida.

Todos os dias eu chegava a casa a chorar, todos os dias eu ficava com o coração partido nas mãos. Haviam dias que manchas negras apareciam no meu corpo. Ele dizia que apenas fazia isso para me proteger, mas como bater em alguém que dizes que amas é para proteger? Tentei acabar com tudo, acabar aquela relação onde me tinha metido, mas isso só fez com que ele ficasse pior. Com que ele me magoasse ainda mais, com que os amigos dele pudessem fazer de mim tudo aquilo que queriam. Eu era o saco de box daquele grupo horrível.

The age between us | L.T.Onde histórias criam vida. Descubra agora