Ainda há esperança...

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Lucas

Hoje pela manhã eu estava ridiculamente abalado por tudo o que a Laura me falou na noite passada, as únicas coisas que eu conseguia pensar eram que ela estava indo viajar e não voltaria tao cedo, ela de repente poderia não voltar, e que eu venho sendo um completo idiota esse tempo todo, até me passou pela cabeça ir atras dela no aeroporto e gritá-la como naquelas cenas de filmes, mas não sou romântico nem mesmo astuto a ponto disso. Eu apenas queria que ela estivesse aqui e que me perdoasse por ter escondido dela tanta coisa por esse tempo.

Fui para a loja com a minha mãe, ela precisava de ajuda e eu precisava de alguma forma esfriar a cabeça, nada melhor do que se estressar com milhares de cabides. Minha mãe estava preocupada comigo, ela falava que eu estava mais quieto do que o normal, porém também a venho surpreendendo por estar saindo mais, e isso é o suficiente para deixá-la mais confusa quanto a minha personalidade turbulenta. Eu tento ao máximo ver esses traços de diferença em mim mesmo, mas tudo o que vejo é um futuro cego com medo de enfrentar a realidade e com mais medo ainda de se aproximar das pessoas, e foi isso que me afastou completamente da Laura.

Eu não ligo que ela seja intrometida, só temo que descubra a verdade, e eu tenho certeza que se minha mãe soubesse o quanto eu gosto da Laura, ela não hesitaria nem por um segundo em contar toda a verdade pra ela, pois ela tem medo e que alguém me destrua mais do que já estou destruído, e eu sei que me protege como se eu fosse alguém que pode se quebrar a qualquer momento, frágil, mas a realidade é que eu não passo de um recruzo do mundo, e sou eu mesmo que me faço intocável, e é claro que eu sei quanto eu preciso aproveitar mais os poucos dias que restam da minha sanidade, pois futuramente eu posso me arrepender de não ter feito quase nada que eu queria:

-Filho tem mais duas caixas com sapatos no estoque, você consegue pegar pra mim?- minha mãe perguntou

-Claro.

Enquanto eu andava pelo estreito corredor ficava observando as varias fotos de família na parede, essa loja foi passada pelo menos em umas três gerações, o sonho da minha mãe era ter uma filha que quisesse continuar com os negócios, ela sabe que eu jamais me interessaria com algo desse tipo. Uma irmã seria bem útil para mim, ela pelo menos preencheria o espaço que eu deixaria , talvez fosse uma garota normal sem os muitos problemas que eu tenho, e dessa vez meus pais poderiam ser felizes e terem a sensação de realmente serem uma família, pois eu sei que venho tirando isso deles ha muito tempo.

Peguei as caixas e as entreguei a minha mãe, me encostei na bancada e cruzei os braços esperando por um segundo que minha mente turbulenta sessasse, mas era impossível, ao invés de baixar a guarda ela simplesmente foi despertada quando eu vi a pessoa que entrava na loja, meu coração de repente se acelerou e o que vem me atormentando o dia todo acabou, tudo que eu precisava inusitadamente estava na minha frente.

Laura

Me sentei sobre a minha mala tentando achar uma forma de fechá-la, eu não compreendia como uma unica pessoa conseguia ter tanta bagagem, mas era inevitável não ter, eu sempre me questionava sobre que roupa usaria, e poucas opções não seriam suficientes para satisfazer minhas variáveis formas de combinar as coisas.

Frustrada por não conseguir o que queria apenas bufei e empurrei a mala para longe de mim, me sentei no chão e coloquei minha cabeça entre as mãos, eu queria gritar ao mundo o que vem me atormentando todos os dias, queria que o Lucas soubesse o quanto ele vem mexido com o meu emocional, mas isso era impossível, ao ponto de que ele ate mesmo se recusava em me contar o que estava acontecendo, seria tão mais fácil se eu soubesses como ajudá-lo, só não entendia porque ele achava que eu me afastaria se soubesse a verdade, acho que independentemente do que esteja acontecendo eu jamais conseguiria ter a audácia de me afastar dele, pois ele vem me mostrando de variáveis formas o que é gostar de alguém, e agora posso dizer que é impossível me imaginar longe do Lucas.

Minha irma entrou no quarto com um sorriso enorme no rosto, mas ele simplesmente sumiu quando viu minha mala jogada em um canto qualquer, ela me olhou interrogativa e perguntou:

-O que é isso? Desistiu de ir?

-Não. Eu só não to conseguindo fechar a mala, me ajuda?

-Claro.

Eu me levantei e puxei a mala para perto de nós, ela me ajudou a fechá-la, mas continuava me olhando questionadora, como se soubesse que havia algo de errado comigo, eu simplesmente ignorava isso e me mantinha fiel aos meus devaneios pessoais. Descemos com a bagagem e entramos no táxi, logo a paisagem morta de São Paulo não passava de borrões, minha irmã pediu que o taxista nos deixasse no aeroporto, e ele começou a fazer o caminho. Me encostei no banco recusando falar qualquer coisa, o silencio predominava e eu só conseguia pensar no quanto fui egoísta ontem, talvez ele realmente estivesse me escondendo alguma coisa, mas não era justo me afastar, era obvio que ele precisava de mim, e eu não podia viajar sem antes ter a certeza de que estaríamos bem quando eu voltasse. Entreguei um papel ao motorista com outro endereço, minha irmã me olhou abismada e logo começou a falar:

-Laura! Não podemos nos atrasar.

-Eu sei, juro que vou ser rápida.

-Aonde você quer tanto ir?

-Você vai ver.

-Se perdemos o voo eu juro que te mato.- falou nervosa- eu não acredito que você inventou de ir a um lugar logo agora.

-Desculpa Lana.

-Aff Laura é serio, não podemos perder esse voo.

O motorista de repente estacionou em frente a loja da mãe do Lucas, eu sai do carro apressada ignorando qualquer protesto que Alana fazia pela minha atitude, entrei na loja e agradeci aos céus por ele estar bem na minha frente, andei rápida até o Lucas que me olhava abismado, com certeza ele não esperava me ver ali. Sorri para ele e rapidamente enlacei seu pescoço o envolvendo em um beijo desesperado, ele não hesitou em retribuir, mas rápido de mais nos separamos, o óculos dele estava torto em seu rosto e não pude evitar rir da situação, Lucas abriu o sorriso mais lindo que eu um dia vi em seu rosto, ele parecia querer falar alguma coisa, mas não conseguia, então eu me apressei em falar:

-Eu precisava fazer isso.

-Por quê?- perguntou confuso

-Porque não importa o que esteja acontecendo, não importa se você vem mentindo pra mim esse tempo todo, não importa que você não me queira como eu te quero mas eu te amo, e só quero que saiba que vou sempre estar do seu lado, independentemente o que aconteça.

-Eu...

-Por favor não estraga esse momento.- falei o impedindo de concluir sua fala- tchau.

Eu virei as costas feliz por ter agido por impulso, se eu tivesse pensado jamais teria feito algo do tipo. Alana estava na porta boquiaberta, e a mãe dele segurava um vestido com os olhos arregalados parecendo não acreditar no que aconteceu. Antes que eu pudesse sair ele me chamou, e eu apenas o olhei surpresa por sua atitude:

-Obrigado.- ele falou

-Pelo que?

-Por me mostrar que ainda há esperança.

-Até mais Lucas.

-Até mais.

Sai da loja com a minha irmã me fazendo milhares de perguntas, entramos no táxi e eu continuei a ignorando, mais tarde eu responderia todas suas duvidas, mas eu precisava de um momento sozinha com minhas emoções, eu nunca estive tão certa de algo que eu queria, e agora mais do que nunca precisava lutar para alcançar os sentimentos dele.

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Alguém esperava por isso? Pra ser sincera nem eu mesma tinha decidido o destino desses dois ate ontem, mas aqui esta ... parece que agora eles terão um rumo, mas sera que essa certeza de amor correspondido vai durar por muito tempo? Sera que quando ela descobrir o que ele esconde ainda vai ama-lo como agora?

Obrigado pelas leituras, votos e comentários :) Essa semana ainda vai ter mais um capitulo.... então por favor me digam o que acharam desse please ! Beijosss









Tentando enxergar o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora