Laura
Destranquei a porta do apartamento pedindo aos céus por um momento de descanso, entrei e o encontrei totalmente vazio, Alana com certeza estava trabalhando e eu por outro lado estava matando aula para descansar.
É lógico que se eu não precisasse dormir, ficaria eternamente ao lado do Lucas apenas o apoiando nessa nova fase de sua vida, porém infelizmente eu preciso de um tempo para repor minhas energias, e por isso voltei pra casa, pra quando retornar a casa dele eu poder me dedicar inteiramente a mante-lo feliz, o que posso dizer que é uma das tarefas mais complicadas desse mundo, aquele sorriso perfeito não tem sido visto por ninguém ultimamente, as pessoas ao redor do Lu tentam de algumas formas fracassadas reconquista-lo, mas como fazê-lo sorrir quando uma coisa tão grande foi tirada dele? É, eu bem que queria saber, até porque ele é a única pessoa que ocupa minha mente nesses dias, não posso imagina-lo realizando atividades tão simples que serão necessárias no seu dia a dia, Lucas jamais deixara de ser orgulhoso, e não vai jamais aceitar que sua deficiência infelizmente o fará ter uma nova realidade.
Joguei as chaves sobre a bancada, já ciente de que Alana implicaria comigo por não ter colocado a chave no chaveiro, porém apenas dei de ombros e fui tomar um banho, eu precisava relaxar antes de me jogar na cama e dormir, se minha irmã estivesse em casa eu provavelmente despejaria todo o meu emocional sobre ela, mas felizmente ela está trabalhando e por hora não terá que aturar minha melancolia.
Eu poderia passar por essa situação toda de cabeça erguida, sem demonstrar o que sinto, e pra ser sincera venho fazendo isso, mas apenas quando estou perto do Lucas, porém quando estou sozinha é impossível não desabar, ele sofre com tudo o que passa, e eu sofro mais ainda por vê-lo passando por tudo isso, quero de qualquer forma fazer com que ele saiba que estarei sempre do seu lado, o ajudando a passar por todas as dificuldades eminentes, e sei que não conseguiria fazer isso se demonstrasse o que sinto o tempo todo, por isso guardo tudo em meu coração, e rezo para me manter forte sempre.
Me despi, liguei o chuveiro e deixei que a água quente caísse sobre minha pele, suspirei feliz pela sensação de conforto, fechei meus olhos e permaneci ali por um bom tempo, sem me culpar mentalmente pelo desperdício de água. O banheiro logo ficou cheio de fumaça por causa da temperatura da água, e quando eu percebi que em breve dormiria de pé ali mesmo, desliguei o chuveiro , me enrrolei num roupão e prendi meus cabelos com a toalha, fui direto para cama, me joguei na mesma e fechei meus olhos apreciando o conforto, aquilo era simplesmente tudo o que eu precisava no momento, um tempo para relaxar e colocar meus pensamentos em ordem.
Lucas
Eu só conseguia pensar que finalmente tinha chegado ao fundo do poço, não tinha como as coisas ficarem piores, minha vida já estava mais do que decadente e sem graça, qualquer um jamais desejaria estar no meu lugar, ou até mesmo estar perto de mim.
- Vamos filho, você não pode ficar o dia todo trancado nesse quarto- minha mãe falou calma parecendo tentar me convencer- e além do mais isso aqui ta uma baderna.
- Me ajuda a descer? - perguntei sentindo meu coração queimar por admitir que precisava de ajuda- a senhora sabe... a escada.
-Claro.
Minha mãe soltou minhas mãos, e pude ouvir seus passos pelo cômodo, não demorou muito para que ela retornasse ao meu lado e dessa vez colocasse um objeto em minhas mãos:
- É melhor você ja ir se acostumando com a bengala.
-Nao vou usar isso.-joguei a mesma sobre a cama.
- Lucas!
-É sério mãe, me guia até la por favor, mas não me deixa usar isso agora.
Pude ouvir o longo suspiro dela, provavelmente querendo que eu soubesse o quanto ela desaprovava minha opinião, porém não demorou muito para que ela segurasse minhas mãos e me ajudasse a levantar, em seguida enganchando meus braços nos seus e lentamente começou a andar, fazendo com que eu a seguisse no mesmo ritmo, a sensação era amedontradora, era como estar andando num quarto escuro sem poder ver o perigo que estava bem a sua frente, mas na minha situação havia alguém comigo, mas mesmo sendo minha mãe , era difícil confiar totalmente, a ponto de ela passar a ser meus olhos, mas que opções eu tinha? Ou eu a deixava me ajudar, ou andava por ai batendo em tudo o que havia pela minha frente , usar a bengala não era uma opção.
Minha mãe me avisava sempre que havia um degrau, e conforme íamos descendo a escada, eu ia os contando lentamente, no fim deduzi que eram exatos vinte degraus, como faria para gravar tantos números? Não haveria apenas uma escada na minha vida toda. Só foi tempo de eu me sentar no sofá, e logo ja pude ouvir uma batida fora do normal na porta, a pessoa parecia impaciente e eu irritado com o barulho constante:
- Mãe pelo amor de Deus atende essa porta.- pedi desesperado.
- Calma to indo.
-Se for alguém que não saiba sobre mim,não deixa entrar antes que eu esteja fora daqui.
Ela não respondeu,mas eu podia imaginar claramente sua expressão de desaprovação no rosto, ouvi a maçaneta girando e o ranger da porta se abrindo, as palavras começaram a sair da boca dela, mas logo foram interrompidas por passos pesados e uma voz mais alta e desesperada:
-Pelo amor de Deus cara me perdoa, eu vim assim que pude- Carlos falou segurando meus ombros- eu não sabia... só soube hoje, e sei que nada justifica minha ausência todos esses dias, mas eu posso explicar, é que eu...
-Calma Carlos!- falei alto para que ele me ouvisse.- ta tudo bem.
- Tá? - perguntou confuso- mas você não ta revoltado nem nada? por que tipo você ficou...
- Nao precisa me lembrar que fiquei cego, isso ta bem óbvio pra mim.- retruquei
- Ok desculpa! - suspirou - Mas você ta bem?
- Tô um pouco mais conformado.
- Por causa da Laura.- minha mãe gritou.
- Não precisa anunciar pra Deus e o mundo isso mãe.
-Precisa quando se trata do seu melhor amigo- Carlos falou- ela já sabe de tudo? Como ela reagiu?
-Minha mãe fez o favor de contar, um dia antes de tudo acontecer. Ela Pelo menos ta conseguindo fingir que está bem, mas eu sei que só está se mostrando forte.
- Tenho que conhecer essa garota, como ela consegue gostar de você? - perguntou indgnado- quero dizer... você é tudo o que uma garota jamais quereria.- ele começou a rir compulsivamente.
-Hahaha, que eu me lembre sempre fui muito mais atraente que você .
Era incrível o humor constante do Carlos, ele simplesmente ignorava meus sentimentos e minhas opiniões quando se tratava de brincar, e eu dava de ombros para tudo o que ele falava, não tinha como levar a sério meu melhor amigo:
- Isso é passado! Como você não pode me ver agora não tem noção do quanto fiquei bonito.
- Vou fingir que acredito.
-Mas falando sério Lu, vocês estão namorando?
-O mais certo é ficando.
-E você não vai pedir ela em namoro?
- Não posso fazer isso, ela aceitaria por pena. É preferível jamais termos um relacionamento, do que termos e isso nos machucar.
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Oiiiiiii amores da minha vidaaaaa, enfim retornei e não saio tão cedo novamente, aqui está o capítulo que demorou séculos para ser publicado, e mais uma vez peço desculpas por isso! Espero de coração que tenham gostado, em breve tem capitulo novo ♡♡♡♡ Amo muito vcs...
Ahhhh e um feliz ano novo atrasado kkkkk que 2016 seja perfeito para todos nós.
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Tentando enxergar o amor
Roman d'amour| EM REVISÃO | A história de dois jovens que por o acaso do destino se encontram. Um pode mudar a vida do outro, mas para isso é preciso que enxerguem o amor que ambos sentem. Lucas e Laura tem que traçar os caminhos certos para crerem que o amor é...