Seguindo sem você

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Duas semanas depois

Laura

Olhei para o teto ainda sonolenta, ja tinha me acostumado a ficar na minha antiga casa novamente, tudo me remetia a uma vida inteira passada aqui,  e simplesmente era perfeito, pois de alguma forma era um refugio, um lugar onde os meus problema não existiam, onde até mesmo o sonho de morar em São Paulo se tornava vago.

Me levantei, arrumei minha cama, tomei um banho, coloquei uma roupa descente e fui para a cozinha, pelo cheiro do café fresco com certeza os dois maiores amores da minha vida estariam ali juntos guardando meu lugar, não evitei um sorriso quando eles me abraçaram falando bom dia, me sentei entre ambos e me servi de torradas com geleia e café:

-Pensei que não ia levantar hoje- meu pai brincou.

-Bem que eu queria dormir o dia todo.- disse bocejando.

-Você não saiu de casa desde que chegou Lau.- minha mãe falou como se estivesse lamentando- precisa respirar ar puro.

-Não mesmo, to muito bem enfornada aqui. Além do mais não quero correr o risco de trombar com  Enzo por ai.

-Ele ja voltou para a faculdade.

-Pelo menos uma coisa útil ele fez, nos livrar da presença dele.- ironizei.

-Ele é um bom garoto.

-Não mãe, ele era um bom garoto. Aquela peste agora só faz coisas que favoreçam a si mesmo, então por favor não me diga que ele é uma pessoa boa.- falei irritada.

-Calma Laura, não vamos falar mais dele ok?- meu pai tentou me tranquilizar.

-Ok.

-O que acha de ir comigo no supermercado depois do café?

-E sair de casa?

-Sim, como sua mãe disse você precisa sair um pouco.- ele falou tentando me convencer.

-Tudo bem.- sorri e me afundei na cadeira- eu vou com o senhor.

.........................................

-Vai fazer o que pro almoço?

Perguntei enquanto empurrava o carrinho e meu pai ia pegando a comida, eu sempre ia com ele no supermercado quando era menor, mas eu costumava ficar dentro do carrinho de compras enquanto me sentia a pessoa mais importante do mundo, porém hoje já não dava para agir dessa forma, eu tinha crescido, meus ideais tinha mudado, e não havia mais inocência em tudo, crescer implicava perder as ilusões infantis e abrir os olhos para a dura realidade:

-Macarronada.- ele deu de ombros- com macarrão caseiro.

-Vocês querem que eu vire uma baleia né? - falei ja sentindo água na boca.

-Acho melhor começar a caminhar pelas manhãs, tem umas gordurinhas aparecendo aqui.- ele cutucou minha barriga e riu.

-Culpa de vocês.

-Pega o trigo por favor?- meu pai pediu e eu peguei- acho que ja temos tudo.

-Faltam os ovos.- analisei as mercadorias.

-Ah claro, obrigado por lembrar, sua mãe me mataria se eu chegasse sem os ovos em casa.

-Sem os ovos, sem macarrão.-suspirei-É pai, isso implicaria o nosso almoço todo.

-Tem razão.

Enquanto andávamos pelo supermercado procurando os ovos, meu pai se ofereceu para levar o carrinho, ele me observava como se quisesse dizer algo, mas não parecia muito confortável com isso, então o incentivei:

Tentando enxergar o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora