Definitivo?

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Laura

Eu apenas queria sair daquele lugar, bloquear todas as vozes ao meu redor, e esquecer de tudo o que o Lucas disse. Suas palavras me atingiam de uma forma brutal, era como se tudo o que um dia vivemos fosse um pesadelo, algo irreal que agora só servia para me ferir. Como ele conseguia ser tão frio? Um dia ele realmente se importou com "nós", ou isso sempre foi uma farsa que apenas eu não conseguia enxergar? Depois de todo esse tempo... depois que eu aceitei que o amava ele apenas diz que acabou, como se estivesse dizendo adeus para algo banal que nunca importou. No fundo talvez ele nunca realmente tivesse se importado.

Eu estava tão atormentada que ao menos me importei de deixa-lo ali sozinho, pelo menos assim ele sentiria fisicamente o que me causou emocionalmente. Eu estava sozinha, perdida, inconsolável, mas por algum motivo eu era incapaz de chorar. Um grito estava preso na minha garanta e eu só desejava acordar e perceber que tudo não passou de um sonho ruim.

Comecei a correr, mas o vestido longo me atrapalhava,o segurei na altura dos joelhos e prossegui, queria apenas chegar logo em casa, e ficar em paz, se é que eu conseguiria dormir hoje. Olhei de relance minha irmã sorrindo, meus pais felizes ao seu lado e fui incapaz de ir até eles, não precisavam que essa noite fosse estragada. Apenas eu precisava sentir isso. Fui até o carro  e entrei o mais rápido que pude, em casa mandaria uma mensagem pra alguém inventando uma desculpa qualquer, mas agora nada importava, apenas queria tirar essa sensação de pânico.

Acelerei e rapidamente estava longe da igreja, não estava nem ai se perderia a festa que praticamente planejei sozinha, eu não estava somente deixando minha irmã no momento mais importante da vida dela, mas também estava deixando minha alegria sentada num banco qualquer sozinha, tomada por seu orgulho e engolindo sua ignorância. Desde o princípio e sabia que estava errada em me aproximar dele, mas tudo parecia tão convidativo, não só ele em si, mas também a ideia de me apaixonar, e pra ser sincera foi a maior ilusão da minha vida, nada mas fazia sentido, em meu coração agora apenas reinava uma dor dilaceradora, por que ele tinha que ter feito isso quando eu dei o meu melhor? Porque desistir de nós quando eu estava pronta para lutar com unhas e garras por nossa felicidade? Houve algum momento real no que vivemos? Eu ja não sabia de nada, só conseguia desacreditar em tudo o que um dia pareceu real.

Freiei com tudo quando vi o sinal vermelho, respirei fundo, a angustia só tomava conta de mim, estava a um passo de desabar, mas não podia. Continuei dirigindo e jurando a mim mesma que não seria fraca, se eu não fazia diferença pra ele por que ele tinha que fazer diferença pra mim? Não seria fácil, mas eu superaria, seguiria como se ele nunca tivesse existido.

Estacionei na garagem do prédio, peguei o elevador e o amaldiçoei por demorar tanto para subir, mas enfim cheguei em casa, bati a porta com força e olhei desconsolada o ambiente vazio, só tinha eu e minha solidão, só existia ali a minha idiotice por ter acreditado que daríamos certo por tanto tempo, e então sem aguentar mais eu deixei que as lagrimas rolassem, e isso foi tudo, por que em cada gota que caia era um desapego, era como a prova viva do fim:

-EU TE ODEIO- gritei sem me conter – te odeio, te odeio... por que Lucas? Porque logo você?

Era difícil crer que o garoto que odiei e aprendi a amar tinha acabado comigo, sempre tive medo de sofrer, e agora aqui estava eu, sofrendo por um sentimento que sempre achei banal. Como me desapegar?

Lucas

Respirei fundo e tentei não entrar em pânico, eu tinha acabado de fazer a pior coisa da minha vida, e agora estava literalmente sozinho, como sair daqui? Minha mente martelava de culpa, mas eu tentava me fazer acreditar que tinha agido de maneira certa, ou não? Que droga!

Passei minha mão pelo banco e peguei minha bengala, era melhor tentar sair dali ou continuar quieto até aparecer alguém? A questão era, eu não conhecia esse lugar, conseguia ouvir um murmúrio de conversas ao longe mas sabia que ninguém viria ao meu socorro, e então como uma luz no fim do túnel meu celular tocou, o peguei o mais rápido que pude e atendi, só então percebi o quanto estava sufocado, eu não conseguia falar:

-Alô Lucas?- ouvi a voz da minha mãe mas minha mão começou a tremer, a realidade tomava conta de mim- Filho ta tudo bem?- perguntou preocupada.

-Mãe vem me buscar.

-Ta tudo bem com você? Porque não vai vir com a Laura?

Ouvi o nome dela e senti um calafrio percorrer meu corpo, segurei o celular com mais força e falei entre dentes:

-Olha, eu to num banco perto da igreja vem rápido por favor.

-Lu o que aconteceu? - ela estava com uma voz muito preocupada e eu nesse instante me julguei por ser tão dependente de todos.

-Depois te explico, só vem rápido por favor.

-Ok, não sai dai.

Ela desligou e eu me perguntei pra onde ela pensava que e poderia ir. Comecei a bater meu pé desconfortável e todos os momentos rondavam em meus pensamentos, o jeito com que aquele cara zombou de mim, o jeito como eu terminei com tudo, tinha jurado a mim mesmo que não faria nada hoje, mas não me aguentei, eu estava sufocado e me sentindo a pior pessoa do mundo por deixa-la presa ao meu lado, mesmo me odiando agora ela poderia ser feliz, mas já eu... era difícil me imaginar sem a Laura, ela se tornou estranhamente parte de mim, e deixa-la para trás parecia quase impossível.

Desde o principio ela esteve ao meu lado, ela me ajudou a se reerguer, e isso foi como o pagamento de uma divida. Ela deu seu melhor para mim, eu não podia dar o meu melhor pra ela então apenas abri mão do que construímos para deixa-la ser feliz sem estar presa a alguém como eu, isso era o melhor que eu podia fazer, e fiz sem pensar:

-Lucas ta tudo bem com você? Cadê a Laura? O que aconteceu?- senti minha mãe tocar meu ombro e lançar várias perguntas, eu não queria responder a nenhuma delas.

-Me tira daqui primeiro.- respondi surpreendido pela rapidez que ela chegou.

Me levantei e segurei o ombro dela, andamos em passos tediosamente lerdos até o carro, até que já estando dentro de veículo ela não deu partida, eu sabia que deveria estar com aquela sua típica expressão de curiosa e preocupada, talvez ela até estivesse pensado que a Laura estava errada, mas mal sabia que eu era o único errado nessa historia:

-Fala, o que aconteceu aqui? -Perguntou

-Terminei com a Laura- falei sem delongas e senti a realidade estranha em minhas palavras, já soava como se fossemos completos estranhos.

-Você o que?- perguntou surpresa- por que?

-Não vou falar sobre isso ok?

-Lucas ela fez algo que te levou a tomar essa atitude?

-Não. Ela não fez nada ...

-Se ela não fez nada por que você terminou com ela? Vocês formam um casal tão bonito, não entendo, estavam tão bem.

- Tudo isso é passado agora.

-Vocês só deram um tempo né? É assim que falam hoje? Dar um tempo?

-Não mãe, é definitivo.

-Mas...

-Por favor não fala mais nada.

-Tem certeza que não quer conversar?

-Absoluta.

Ela então ligou o carro, eu apenas encostei minha cabeça no banco e inesperadamente senti uma lagrima rolar, a limpei antes que ela percebesse, se eu ia me remoer pelo que fiz, que fizesse isso sozinho.

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Sei que o capitulo esta pequeno mas estou realmente me esforçando para escrever sempre que posso.  Espero que tenham gostado!

O que acham que será desses dois? Ainda tem volta ou Laura não será capaz de perdoar? Será que o Lucas quer ser perdoado?

Beijos meus amores até o proximo :)

Tentando enxergar o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora