Recordações suas ( Bônus)

3.4K 313 10
                                    

Lucas

Me revirei na cama tentando me forçar a dormir, eu estava exausto, não fisicamente mas emocionalmente, porém a cama apenas fazia meu corpo doer e meus pensamentos virem a tona. Abri meus olhos encontrando a tão familiar escuridão, me levantei e peguei minha bengala que ficava no criado mudo como de costume, decidi ir para a cozinha, ja era quase meio dia e minha mãe provavelmente estava fazendo o almoço, tive certeza disso quando senti o cheiro de sua comida tomado conta da casa. Quando cheguei na mesa me sentei e logo fui cumprimentado:

-Ja ta com fome?- minha mãe perguntou.

-Não, to inquieto.

-Seu pai vem almoçar hoje em casa.- ela parecia feliz.

-Que bom.

Me debrucei sobre a mesa e fechei meus olhos, eu queria dormir para esquecer os problemas mas parecia não haver como,alguns minutos se passaram e senti uma mão tocar meu ombro mas ignorei, porém logo uma cadeira foi arrastada ao meu lado e meu pai falou:

- Ta com sono Lucas?

-Não.- respondi sem vontade.

-Boa tarde meu amor.- minha mãe o cumprimentou.

-Olá Clarissa.- houve uma pausa onde eu tinha certeza que eles se beijaram- o que aconteceu com ele?

-Eu to do seu lado pai, não precisa perguntar pra ela.

- Ele só ta cansado.

-Não to. - me sentei direito e comecei a batucar os dedos na mesa- quero que tudo isso passe apenas.

-Isso o que filho? - ele perguntou.

-Tudo, quero fazer alguma coisa pra mudar o que fiz com a Laura.

Senti meu coração apertar e mais uma vez aquela sensação de inutilidade tomar conta de mim, o que eu podia fazer para mudar tudo? Não tinha ao menos como pedir desculpas a ela, talvez ela jamais voltasse:

-Quer que eu te leve pra casa dela? - ofereceu.

-Não- suspirei inconformado- ela foi pra Curitiba.

-Se mudou pra lá?- minha mãe perguntou parecendo surpresa.

-Não sei, sei de mais nada... só que minha vida ta uma droga.

-Você faz da sua vida uma droga- meu pai falou parecendo um conselheiro- apenas supere.

-É fácil dizer quando não é você.- retruquei

-Mais fácil ainda é aceitar a dor e não fazer nada para mudar isso.- seu tom de voz ficou mais sério- estamos do seu lado Lucas para o que der e vier, e agora é hora de errar, mas não podemos simplesmente aceitar os erros, temos que fazer algo para mudá-los, sempre há uma saída.

Não falei mais nada, apenas sai da mesa irritado, tenho certeza que eles acharam minha atitude ignorante quando estavam tentando me ajudar, mas minha cabeça estava a mil, meus sentimentos a flor da pele e minha culpa me consumindo, eu simplesmente não conseguia ouvir que estava errado, já tinha consciência de mais sobre isso.

Laura

Sentada no chão do quarto, envola num cobertor e com o celular na mão, de alguma forma ainda guardando as lembranças, eu precisava me desfazer daquelas malditas fotos de nós dois, elas só serviam para me machucar mais e dor era tudo o que eu não queria sentir. Bebi um pouco do meu chocolate quente e foquei numa foto em especial, estávamos nós dois olhando um para os olhos do outro, me lembro muito bem daquele dia, ele não estava me vendo pois ja tinha perdido a visão, mas eu tinha tocado seu rosto macio e ficado olhando por minutos incensantes seus olhos, sempre foi a parte mais linda dele mesmo que não pudessem mais enxergar, e aquilo foi tão simples, mas significou tanto para mim, eu o tinha ao meu lado e acreditava que duraria para sempre, mas agora tudo parece um sonho bom que no fim se tornou um pesadelo, só não quero mais lembrar.

Meu celular tocou fazendo a imagem sumir temporariamente da tela, atendi imediatamente assim que vi que era a Alana, fazia dias que não nos falávamos e eu sentia uma falta tremenda da minha irmã:

-Alô, Lana?

-Olá maninha, sobrevivendo sem mim?- perguntou animada.

-To levando.  E ai como foi sua lua de mel?

-Ótima!- podia imagina-la sorrindo- se eu pudesse passaria a eternidade em Fernando de Noronha, foi tão perfeito.

-Que bom que se divertiu.

-É, me diverti, mas sua voz ta bem estranha  ,eu posso apostar que você esta debaixo do cobertor vendo um filme bem dramático.

-Quase acertou, apenas troque o filme por uma caneca de chocolate quente.- tente parecer animada.

-Ainda ta triste né?- perguntou parecendo preocupada.

-To.

-Eu encontrei com ele ontem na rua.- senti meu coração bater mais rapido.

-Falou com ele?- perguntei quase desesperada.

-Ele parecia bem culpado, só falei de você porque ele perguntou.

-Perguntou?- senti um rainho de esperança incerta.

-É, e eu falei que você ta em Curitiba e ta ótima.

-Como se eu estivesse.

-Pode não estar agora mas vai ficar.- disse confiante.

-Um dia, no momento não to com animo nem pra isso.

Alana começou a falar que eu tinha que sair de casa, ir me divertir e conhecer novas pessoas, mas esses conselhos não pareciam ser para mim, eu não queria me recuperar, pelo menos não agora.

_____________________

Bônus uhull empolgação tomou conta de mim. Agora vou postar apenas semana que vem :) Gostaram? Ficou bem pequeno mas ta valendo. Preparem seus corações porque uma nova época esta chegando.

Beijos meus amores até semana que vem.

Tentando enxergar o amorOnde histórias criam vida. Descubra agora