— Primeiro dia de aula. Ótimo! — falei irônica comigo mesma.
Me levantei mesmo com uma enorme carga de preguiça pesando sobre minhas costas por ser segunda-feira, me troquei, peguei minhas coisas e Wallace, o motorista, me levou para a escola. Aproveitei e fui comendo pelo caminho um sanduíche que minha mãe havia deixado pronto no microondas.
Ao descer do carro, fiquei surpreendida com a escola. Não tem a aparência de ser um presídio mesmo sendo um internato como eu imaginava, mas muito pelo contrário. Era grande sim, como um presídio, mas a vista é muito bonita. O colégio, ou pelo menos a frente enorme que é a que estou vendo, é rodeada por grama, exceto a calçada que dá acesso à entrada que se encontra muito bem decorada. Mas enfim, há muita gente espalhada por ela.
É facilmente identificar quais são os populares, os normais e os solitários, que provavelmente eu serei um deles, de fato. E também facilmente ver os que neste exato momento estão tirando sarro de mim pelo simples fato de minha mãe ter me matriculado em cima da hora e não ter tido tempo de comprar o uniforme, então cá estou com minhas roupas confortáveis, muito bem confortáveis, caberia até outra de mim sequer.
Assim que entro no pátio do colégio, me deparo com Gus e seus amigos conversando há uma distância considerável e é claro que eu não iria lá de maneira nenhuma, e como ele estava de frente para a entrada acabou me vendo e lançou um sorriso aparentemente espontâneo e fiz o mesmo. O que eu pude perceber é que ele é popular e várias garotas babavam o olhando ou os garotos que estavam ao seu redor.
Segui andando pelo colégio na espera de encontrar pelo menos o banheiro e felizmente o avistei. Percorri por alguns corredores e a única coisa que encontrei foi inúmeras portas com plaquinhas contendo números nelas. E nessa de ficar olhando os números, acabei esbarrando em uma garota.
— Me desculpa — a garota me disse. O vestido que ela usava era lindo, de flores bem coloridas e não muito longo que lhe assentava muito bem.
— Ah, sem problemas.
— Sou Alice e você? — o nome combinava com ela.
— Eduarda — lhe respondi.
— Bom, eu tenho que ir. Até mais.
— Até — nos despedimos e ela saiu do corredor, posteriormente fiz o mesmo.
Algo que também me chamou a atenção foi uma pequena praça nos fundos do colégio. Pois é, fui parar lá.
— Atenção alunos! — Uma voz feminina disse e podia se ouvir pelo colégio todo devido o microfone e caixas de som distribuídas — ...Todos no pátio, agora!
Fui para o pátio ainda arrastando minha mala e carregando minha mochila nas costas. Me enfiei no meio da enorme aglomeração de pessoas e fiquei ali esperando a senhora dizer o que queria dizer mas não dizia logo.
— Atenção e silêncio. Eu sou a diretora Cristina e vou estar pegando no pé de vocês o ano inteiro. Quero deixar claro para os alunos novos que vocês passarão a semana inteira aqui e terão a opção de ir para casa aos finais de semana. Bom, sem mais delongas, vou anunciar seus colegas de quarto. Este ano não será quatro alunos nos quartos como no ano anterior pois os quartos do segundo andar já estão prontos — nesse momento muita gente comemorou e ela seguiu dizendo. — Posso começar a anunciar?
— SIM! — gritaram em uníssono.
— Lembrando que este ano, as duplas foram escolhidas por sorteio.
E ela prosseguiu dizendo duplas de nomes e seus respectivos quartos.
— Gustavo Mendonça e Julia Ducci. Quarto 109, segundo andar — não consegui ver o Gus devido a concentração de gente mas talvez seja ele, ou não.
Será que todo mundo aqui tem apenas um sobrenome ou é preguiça dela de citar o nome inteiro mesmo?
Depois ela citou uma série de outros Gustavo's então deixei de prestar atenção nisso. Minutos depois ouvi finalmente meu nome ser chamado.
— Igor Messi e Eduarda Mendes. Quarto 42, primeiro andar.
Okay. Terei que dividir o quarto com um garoto que eu nem conheço. Não pode ser tão ruim.
Deixei o pátio com dificuldade de passar pelas pessoas e fui para o meu meio quarto. Dei algumas batidas de leve na porta e ouvi um "entre" vindo dele e entrei.
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A Volta Por Cima
RomanceEduarda Mendes é uma garota ainda em seu período escolar onde é vítima de bullying e acaba descontando toda a raiva da opressão na comida, o que acarreta mais problemas. Tem vergonha em dividir esse problema com os pais que nem são tão presentes ass...