A Volta Por Cima

Capítulo 12 - Me desculpa?

Já estava escurecendo assim que Mathias me deixou em casa. E depois que nos despedimos, fui direto para o banheiro tomar um banho. Na minha cabeça eu imaginava que, a água que cairia pelo meu corpo iria me aliviar totalmente daquela angústia, ou pelo menos um pouco. Tentativa falha! Só me trouxe ainda mais aflição.

Talvez neste exato momento esteja acontecendo algo de ruim com o Gus, e certamente eu não me perdoaria porque eu poderia muito bem ter insistido para que fôssemos naquele almoço inútil. Pelo menos o Gustavo estaria bem e eu não estaria me culpando como estou exatamente agora.

Mas enfim, depois de um bom tempo, eu saí do banheiro coberta por uma toalha e uma outra em meu cabelo e adentrei o meu quarto. Enquanto eu vasculhava meu guarda-roupas, meu celular tocou e praticamente voei em sua direção. Peguei-o, já que estava sobre a cama e atendi a ligação. Era o Tiago.

— Alô.

— Oi, Duda. Liguei para saber como você está.

— Estou bem e em casa.

— Sei disso. Estou aqui no estacionamento do hospital.

— Você voltou aí? — questionei confusa.

— Sim, mas seus pais me disseram que você foi para casa e que posso te fazer companhia, com restrições, é claro... — ele riu. — Se importa?

— Sério isso?

— Sim, sério. Presumo que eles cansaram de eu ter insistido tanto e cederam.

— Você é doido — riu novamente.

— Mas então, se importa de que eu vá?

— Presumo que nem nos conhecemos direito — falei, não de maneira rude, apenas repetindo seu modo de falar.

— Tenho cara de um "Serial Killer", eu sei... — ele brincou. — Mas não a farei mal algum Duda. Acredite. Isso até me ofende, sabia?

— Sei, me desculpa Tiago. Mas você consegue me entender, não é?

— É... Entendo... Se não quiser, tudo bem. Mas realmente me importo com você.

— Por quê? — talvez minha pergunta tenha soado bem indelicada, mas precisa.

— Bom... — ele suspirou. — Eu vi minha mãe morrer nos meus braços e não pude fazer nada. Quando eu mais precisei de alguém do meu lado, eu não tive porque logo depois meu pai entrou em depressão e foi muito difícil para mim aceitar tudo isso ainda mais sozinho. Eu senti que já era o fim de tudo, sabe. Não que isso tenha a ver com você ou que vá acontecer com você, eu realmente torço para que tudo fique bem, mas é horrível, e eu não desejo o que aconteceu comigo à ninguém. Sabe, senti muita falta de alguém pra me apoiar e por isso sinto que não devo te deixar sozinha, porque não é bom, ainda mais em um momento delicado como esse.

— Me desculpa mesm... — foi o que eu consegui dizer enquanto estava boquiaberta até ele me interromper.

— Ei, não tem que se desculpar de nada.

— Tenho sim... Mas bom... Se ainda quiser vir, tudo bem.

— Se não for incômodo para você.