Quando abri a porta do quarto, me deparei com todas as minhas roupas espalhadas pelo chão.
— Sua avó não reclama de você usar as calcinhas dela não? — Igor aflorava e esbanjava alegria e cinismo.
Minha vontade era de torcer o pescoço dele.
— ARGH! Eu mato você, garoto — exclamei, bufando de ódio, mas poderia ter sido pior.
— Mas antes, vê se compra umas roupas melhorzinhas. É um favor que você faz pra humanidade.
— Tô muito bem com as minhas roupas, e outra, não devo favor a ninguém — retruquei enquanto recolhia todas as minhas vestimentas.
— Então vai morrer solteirona — falou ainda deitado e dessa vez mexendo em seu celular.
— Antes solteirona do que um PAU-MANDADO!
— Tá insinuando que eu sou um pau-mandado? — disse totalmente indignado.
— Se a carapuça serviu não posso fazer nada.
— Não, não serviu — e tentou se defender.
— Será mesmo? — questionei seguindo para o banheiro já que haviam roupas minhas por lá também.
— Cala a boca — Igor disse.
— Quer ganhar outro soco?
— Eu sabia que tinha sido você — ele afirmou me deixando equivocada, sem entender.
— Do quê você tá falando?
— Não se faça de tonta.
— Desembucha logo. Não tô entendendo nada — pronunciei assim que deixei as roupas sobre minha cama e o encarei.
— Ou então tinha outro motivo pro Gustavo me presentear com um soco? — ironizou.
— Então foi ele que deixou esse hematoma feio na sua cara?
— Foi — falou emburrado.
— E você tá achando que fui eu que mandei?
— É — esse moleque deve ser retardado.
— Eu sabia que você era um babaca, mas não sabia que era tanto a ponto de pensar que eu saio por aí mandando as pessoas socar as outras. Usa esse seu cérebro pra alguma coisa, por favor.
— Babaca, burro, não uso o cérebro... Chega já de me insultar, não acha? — foi inevitável não rir de sua cena dramática.
— Você não tem nada pra fazer não? Não aparece nas aulas, não faz nada da vida.
— Eu até fazia né, mas como é que você quer que eu saia por aí? Esbanjando esse roxo na cara pro restante da escola ver? — disse, porém não estava mais com seu celular.
— Você é sempre irônico assim?
— Você é sempre curiosa assim? — retrucou, me encarando.
— Onde fica a lavanderia? — perguntei por fim.
— Último corredor — respondeu com desdém e fui para lá, deixando o desmiolado sozinho.
Não havia ninguém na lavanderia a não ser eu então depositei todas as minhas roupas na máquina junto ao sabão e amaciante e durante os trinta minutos, que na qual foi o tempo que a roupa ficou pronta, fiquei assistindo a um programa de televisão ali mesmo. Depois de lavadas, até tentei usar a secadora, mas para o meu azar ela estava quebrada então a única opção era estender todas elas no varal preso ao teto da lavanderia, que era acessível até.
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A Volta Por Cima
RomanceEduarda Mendes é uma garota ainda em seu período escolar onde é vítima de bullying e acaba descontando toda a raiva da opressão na comida, o que acarreta mais problemas. Tem vergonha em dividir esse problema com os pais que nem são tão presentes ass...