Capítulo 11 - Simplemente medo.

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A cada minuto que se passava, me pareciam horas, longas horas alí, sentada naquela cadeira totalmente desconfortável com milhares de pensamentos negativos.

O que abruptamente me surpreendeu, foi aquele garoto me abraçando de lado, e em seguida colocando minha cabeça sobre o seu ombro, enquanto eu colocava todo o meu choro para fora.

— Vai ficar tudo bem — ele dizia, alisando meu braço direito. — Logo ele vai estar andando com você de skate novamente.

— Será mesmo? — perguntei com a voz falha. Cessando o choro aos poucos.

— Eu não mentiria para você.

— Mas eu tenho medo — falei sem olhar em seus olhos.

— Não tenha — assim que ele terminou de dizer, meu celular tocou.

Era meu pai.

— Oi, pai.

Vocês já estão vindo embora? Nós estamos aqui na casa do Bernardo esperando vocês voltarem.

— Não, pai.

Que voz de choro é essa, Eduarda? Aconteceu alguma coisa com você?... Fizeram alguma coisa pra você? — meu pai dizia já começando a se desesperar.

— Não, pai... É o Gustavo.

O que o Gustavo fez pra você? Fala onde você tá que esse moleque vai ver o dele.

Não é isso pai — minha voz nesse momento já era quase inexistente.

Então pára de rodeios que eu estou ficando preocupado, filha.

O Gustavo levou dois tiros... — outra vez as lágrimas vieram como enxurrada e o garoto me abraçou mais forte de forma acolhedora.

TIRO? Como ele tá? Onde você tá? No hospital? — meu pai disse e logo pude ouvir gritos da mãe do Gustavo do outro lado da linha.

Sim. No 24 horas.

Estamos indo aí. Tchau.

E encerrei a ligação.

— Seu pai está vindo?

— Sim.

— Ah... Bom, ele é o seu namorado? — perguntou se referindo ao Gus.

— Não. Só amigo.

— Entendo... Bom, eu ainda não sei seu nome — falou entre um pequeno sorriso.

— Eduarda. E o seu?

— Lindo nome, combina com você. O meu é...

— São parentes do paciente atingido por dois tiros? — o médico perguntou, chegando de repente perto de nós e nos levantamos juntos.

— Sim — eu respondi, quer dizer, menti mas nem tinha raciocinado a pergunta.

— Como ele se chama?

— Gustavo Mendonça — informei e o médico anotou em uma folha.

— Como ele está? — o garoto perguntou.

— O caso dele é realmente delicado. Ele passará por uma cirurgia pois a bala que o acertou a barriga, acertou também o estômago, lugar onde a bala foi retirada. Felizmente, no antebraço foi apenas de raspão. Mas não teve a mesma sorte em relação à queda, já que ele bateu a cabeça e isso foi grave o bastante para deixá-lo em estado de coma.

— Coma? — minha mão instantaneamente direcionou para a minha boca enquanto eu processava palavra por palavra.

Foi o fim pra mim.

A Volta Por CimaOnde histórias criam vida. Descubra agora