Capítulo 2

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Mais uma vez pronto para o trabalho, depois de uma boa corrida. Percebo que não há nada de bom na geladeira para se comer. Se por um lado é vantajoso morar sozinho, por outro tem seus defeitos. Quase não tenho tempo de comprar nada para comer. Fiquei muito relapso com a minha alimentação, fazendo um lanche rápido o caminho do trabalho, um almoço mais rápido ainda e quem sabe alguns quitutes para o jantar? Pizza talvez. Descido comer no trabalho mesmo, como todos os dias.

Continuo decorando os nomes dos convidados e suas funções no ramo empresarial, assim que chego, no meu cubículo, enfrente ao computador. Usando pastas e google, para as pesquisas. Quase não faço o meu costumeiro trabalho, acho que Robson nem iria se incomodar, pela necessidade que quer tudo em ordem.

Estou exausto e de saco cheio, se isso é ser o braço direito do chefe, eu nem queria saber como trata o restante. Sou um publicitário, mas sempre fui tratado como um funcionário comum por Robson, um empregado, vamos assim dizer. Porém tento fazer tudo da melhor forma, não adiantaria nada reclamar agora, o jeito é se concentrar e tentar fazer o melhor.

Lavo meu rosto na pia do banheiro masculino, olha-me no espelho, estou com o semblante cansado. Paro para pensar por um instante sobre a filha do chefe, Ella Robson. Imagino por breves segundos como Robert é como pai, talvez um grande amigo, conselheiro. Divertido talvez, e muito, muito conservador. Se me lembro bem, ele a mandou para um colégio religioso. Será que tem mais filhos? Penso que não, sendo assim, estaria na empresa dando ordens, e eu não seria o seu braço direito.

Continuo pesquisando sobre Ella, descubro que viveu no internato a partir dos seis anos e terminou os estudos aos vinte. Porém continuou morando na França por mais seis anos até seu regresso a San Diego.

Me desfoco um pouco da filha do meu patrão e continuo com o meu trabalho, até o final do expediente.

***

Visto um terno muito bem polido para o "evento do século", é assim que chamarei daqui em diante. Ser notado como o "chaveiro" de bolso do Sr. Robert Robson está sendo muito constrangedor para mim, na boa. Não que eu quisesse notoriedade, mas ao menos ser reconhecido pelo meu trabalho. Imagina quantas oportunidades melhores eu teria, levando em conta todos os empresários que irão àquelas festa?

Uma limusine me espera do lado de fora do prédio. Ao menos terei alguma regalia. Percebo que trabalhar para o Sr. Robson, ou, ao menos, ser o seu braço direito, havia privilégios. Me dou conta quando estou diante daquela festa regada a luxo e sofisticação, mesmo estando em uma posição desconfortável para mim, noto que nenhum dos funcionários estão presente. Recordo-me do que Vince disse, que somente os funcionários de sua inteira confiança, compareciam aos seus eventos. Por um instante, sinto-me orgulhoso.

-Miguel! -Sou ovacionando de simpatia vinda do Sr. Robson. Sim, sou um cara de confiança e tenho consciência disto. -Que bom que veio! Me ajudará muito. -Assento, e lhe dou dois tapas no ombro.

Não era o meu dever vir?

-Sou um funcionário, não sou? -Ele nega com a cabeça.

-Não, você é muito mais do que um simples funcionário. -Sou o seu braço direito. Dou um riso interno, conhecendo aquele discurso. -Beba um drink e relaxe. Quando os convidados da alta sociedade, ao qual não faço a mínima ideia de quem seja, aparecer, preciso que me tire desse constrangimento.

-Sim senhor. -Assinto e me retiro.

Há uma porção de drinks na área do bar, bebidas de todos os tipos e todos os gostos, até mesmo uma que nem sabia o nome. Penso que seja importado. Escolho um conhecido por mim com uma cereja no fundo. Há também frutas e petiscos de gente rica, que mal sei por onde começar. Porém meus minutos de mordomia acabam quando os convidados maiores chegam. Olho o ambiente e está repleto de pessoas sorrindo e conversando. Uma escadaria ao lado em que meu chefe está, é digno de príncipes e princesas. Me sinto em um palácio dos tempos antigos.

Aprendendo a Viver (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora