Capítulo 13

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Sinto que Ella está um pouco mais tranquila agora, sua cabeça está encostada no meu ombro e meus braços envolta do seu pescoço. Dirijo com uma mão graças a direção automática do Mustang. Seria maravilhoso se Robson me deixasse pilotar esse brinquedinho mais vezes.

Pego um caminho diferente e Ella logo percebe. Minha intensão é permanecer mais tempo com ela, por isso quero muito ir ao Drive In assistir um filme, ou apenas admirá-la, enquanto a vejo assistir.

—Achei que fossemos pra casa. —Dou uma risadinha.

—Acha mesmo que eu iria mentir para o meu chefe? Vamos sim assistir um filme, mas não em um cinema. Prefiro Drive Ins à cinemas. Sabe? Luz do luar, ar puro, nada de salas com ar artificial, tendo que dividir nosso conforto com outras pessoas que se sentarem próximo. —Eu adoro quando Ella sorrir todas às vezes que falo algo que lhe agrada.

—Você não tem jeito mesmo, não é? Sempre cheio de surpresas.

—Aposto que vai adorar esta.

—Não tenho nenhuma dúvida.

Giro o volante e entramos em uma área reservada a Drive Ins. Além do nosso carro há mais uns quatro em nossa frente. Todos os casais de namorados, dá pra ver de onde estamos. Percebo que o clima é bem propício para isso, mas não me apego muito, afinal, Ella e eu somos só amigos apesar de ter nos beijado uma vez, e eu está querendo repetir a dose de novo.

Uma grande tela está posicionada em nossa frente, está passando um trailer e sei que faltavam alguns minutos para começar. Mas antes disso, me ofereço para comprar pipocas para nós dois em uma barraquinha logo mais adiante.

Quando volto Ella praticamente voa no saco de pipocas alegando que está faminta e que pipoca é seu petisco favorito. Não sei, estou bem, me sinto bem, Ella me faz bem. Talvez o mesmo ocorra a ela em relação a mim, talvez o que estou começando a sentir por ela seja o mesmo que está começando a sentir por mim. Não sei, tenho esperanças, não consigo pensar em outra coisa.

—Adoro esse filme! —Brada Ella empolgada quando descobrimos qual será o filme. Tão empolgada que me assusto, sou arrancado do devaneio abruptamente.

Olho para a tela e vejo que é um filme bem clássico "E o vento levou" de 1940, é uma história romântica em meio a guerra civil.

—No internato nunca nos era permitido assistir nenhum tipo de filme, a não ser o nossos dias de "cinema" que eram das 13:00 às 15:00 da tarde, mas os filmes que as freiras passavam eram muito chatos. Construções de igreja, história sobre o catolicismos e outras coisas deste tipo. Só quando eu conseguia uma escapada com a minha amiga de quarto. Ela tinha esse filme, e então nós invadíamos a sala e assistíamos. Ficávamos sonhando no dia que finalmente nos libertaria daquele lugar. Remetíamos a nossa situação como na guerra civil, e que viria um Rhett, — mesmo ele sendo um vigarista —, ainda sim a ama e torna seu mundo de novo o mais bonito.

Estou complacente diante de seu relato, uma menina que sonha em ser liberta, que sonha em ter uma vida melhor. Como é possível todas essas coisas acontecer a uma pobre menina rica que é obrigada a ficar enclausurada em seu próprio casulo? Tudo que quero é ser para ela o que nunca sentiu com mais ninguém.

—Pois seus dias de liberdade chegou, pode assistir ao filme quantas vezes quiser, está liberado. Com direito a pipoca. —Levanto o saco de pipoca que ela segura. —E uma companhia agradável. —Aponto para mim convencido e ela sorrir.

—Talvez você seja o meu Rhett, o cara que trará o meu mundo de volta. —Entrelaço meus dedos nos seus, assim que seguro sua mão. Assim que me sinto, o seu Rhett. —Tirando a parte de vigarista e tudo. —Contraio o rosto demonstrando falsa ofensa.

Aprendendo a Viver (Sem revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora