Capítulo 11 - Ella Robson - Bônus II

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Caminho pelas ruas sem saber direito para onde ir. Iria para a casa de Miguel, mas sei que à esta hora está no trabalho. E mesmo que estivesse, talvez não tenho mais coragem de despejar os meus problemas em seu colo de novo. Já não bastasse meu pai e eu, quase sempre.

Acho que ele deve pensar quanto nossa família lhe causou turbulências desde quando aparecemos em sua vida, e de verdade, me sinto envergonhada. Ele não merece toda essa vida de merda que tenho passado. Um pai que o pressiona para se casar com uma mulher que ele nem conhece, e uma mulher com um passado sombrio em suas costas. Não é assim que eu gostaria de tê-lo conhecido. Miguel é legal demais para passar por isso.

Porém minhas tentativas de não procurá-lo para chateá-lo ainda mais, foram por terra quando o vejo correndo em minha direção. Está fazendo uma corrida matinal, usa uma calça de moletom e uma regata branca. Não corria depressa, é só para manter o exercício. É incrível como meus problemas desaparecem quando eu o vejo. Um sorriso de canto brota nos meus lábios e meu coração se agita sem que eu ao menos fizesse algum esforço para isto.

Miguel é a minha força, o meu colete salva-vidas que eu apoio sempre que as ondas agitadas do mar da minha vida vinham debater contra mim. O meu porto seguro, que enche o meu coração de euforia no exato momento que os meus olhos o encaram.

Ele me nota, diminuiu a corrida e vem até mim. Sua testa está coberta por suor, sua camisa branca molhada está transparente. Fico fascinada, contemplando de camarote seus belos músculos!

—Ella, você por aqui? —Abro meu sorriso sapeca diante da sua pergunta divertida.

—Sempre nos encontramos no momento em que eu mais preciso, não é? É impressionante. —Retiro uma camada de suor da sua testa com a mão e ele dá uma risada por conta do que eu disse. Sorriso lindo, que atenuava toda a turbulência interior.

—Esse sou eu. Alguém solicita a minha presença eu apareço como um raio. Acho que sou o flash. —Sua expressão divertida de dúvida me faz rir. —Foi o flash que descrevi, não foi? —Assinto ainda sorrindo.

Mal consigo me lembrar da raiva que estava sentindo do meu pai. Mal consigo lembrar de qualquer coisa ruim que vivi depois que cruzei a porta do apartamento de Miguel para ir para casa ontem à noite.

—Mas o que houve? Aconteceu alguma coisa? —Bufo exaurida de tudo aquilo.

—É só que as coisas parecem mudar sempre que estou longe de você. E depois volta tudo ao normal — do jeito que eu quero que esteja— quando estou ao seu lado. —Me olha surpreso, mas pelo sorriso gosta do que eu digo.

—Vamos até em casa, assim conversaremos melhor. —Anjo Miguel, o meu anjo. Sempre disposto, a fim de estar ao meu lado no momento em que mais preciso.

—Não quero te sobrecarregar, sei que precisa ir para o trabalho.

—Tenho alguns minutos, vamos nessa. —Sua mão forte e firme toca o meu braço guiando-me como se fizesse questão que eu fosse. Me arrepio com o toque, mas permaneço como se não me abalasse.

A visão do apartamento meio bagunçado, tanto conhecido por mim, aparece diante dos meus olhos. O cheiro dele está impregnado por todo canto. O cheiro que eu também reconheço. Fecha a porta e me convida para sentar.

O suor do seu corpo seca, mais o cheiro do seu perfume aflora. Ele senta ao meu lado esperando que eu comece a falar.

—Soube que foi duro com o meu pai ontem. —Começo o assunto por aí. —Parece que tocou na ferida dele. Valeu por tentar.

—Não foi nada. Ele tinha que saber o que eu penso, e abrir os olhos para o que está fazendo. —Suspiro sabendo que não foi isso que aconteceu.

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