>> Prólogo <<

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O recente rei e rainha de Salae, Julian e Elena, caminhavam a passos rápidos pelos corredores do castelo. Era dia de caça as bruxas, a população estava agitada com a ordem do rei, ainda inexperiente. A rainha Elena estava tomada pelo medo, e em seu ventre carregava um feto de apenas cinco meses.

Não era um dia comum, e com toda a certeza esse dia seria lembrando por séculos. Uma das poucas bruxas banidas havia previsto: ''O dia em que o último suspiro for dado, a maldição se cumprirá.''. As pessoas com o poder da magia negra seriam exterminadas. Salae finalmente ficaria livre desse mal.

Nuvens negras cobriam o céu, era um sinal. Julian não acreditava, permanecia cego diante a ameaça da feiticeira. Muitas bruxas já estavam presas, as mais sortudas banidas. Em cavalos, a realeza seguia até a casa da líder, Alcenaa, a mulher que tudo transformava em árvore. Em uma cabana, no meio da floresta, cercada por árvores descansava uma mulher de cabelos vermelhos.

- Renda-se! - um dos cavalheiros gritou à mulher

Alcenaa levantou o olhar para o homem, e mais uma árvore cresceu na floresta. Os demais homens, mais espertos que o primeiro, clamaram por piedade. O rei, enfurecido, desceu de seu cavalo branco e parou diante a bruxa de cabelos de fogo.

- Sua magia negra não será permitida em Salae! - falou Julian

- Minha magia poderia transformá-lo em árvore. - gargalhou Alcenaa - Mas, prefiro ver seu sofrimento daqui alguns anos...

- Como ousa me ameaçar de tal maneira?!

A bruxa ignorou Julian, encostou-se em uma árvore, brincou com algumas pedras penduradas nos galhos, e novamente voltou seu olhar aos cavaleiros. Seus olhos percorreram toda a área próxima a cabana e finalmente pararam em uma carruagem entre as árvores.

- Vejo que o rei está acompanhado...

Julian gelou, Alcenaa já sabia sobre Elena. A rainha havia insistido em acompanhar o marido, o castelo não era o local mais seguro depois da fúria das bruxas.

- Não se aproxime de minha esposa! - o rei se enfureceu

- Não preciso me aproximar para conseguir o que quero... - a bruxa sorriu

Enquanto Elena observava tudo, percebeu que finos ramos entraram pelas janelas e porta da carruagem. O cocheiro não era mais uma pessoa, e sim um conjunto de ramos e folhas. A rainha se preocupou, os ramos já estavam em seus pés, e não paravam de subir. Julian viu tudo acontecer, mas nada pôde fazer, estava paralisado, assim como seus guardas.

Os ramos cobriram a barriga de Elena, e ali emitiram uma luz negra. Algo havia mudado, algo havia atingido seu bebê.

Quando finalmente Alcenaa terminou, todos foram liberados. Julian correu até a carruagem e lá encontrou sua esposa aos prantos.

- Julian, Julian... Ela fez algo, fez algo com nossa menina. - disse Elena em meio às lágrimas

*

Meses se passaram desde o acontecido, a rainha deu a luz a uma bela menina, normal igual a tantas outras crianças de Salae. Foi um alívio, a maldição de Alcenaa não havia funcionado, pelo menos aparentemente. O rei ficou tão contente que mandou que organizassem uma festa para celebrar o nascimento da princesa Jade.

Jade cresceu praticamente presa no castelo; lá ela estudava, brincava e aprendia tudo que uma princesa deveria saber. Mas todo esse cuidado não era apenas para Salae ter melhor rainha, era para proteger a todos. As palavras de Alcenaa depois da maldição ainda ecoavam: '' Essa menina se tornará a pior coisa de todo o reino.'' ''Salae será governado por uma rainha cujo o coração pertence ás trevas.''. Era o que Julian e Elena temiam.

A princesa atingiu a maioridade - 21 anos em Salae - sem apresentar nada de diferente. Julian e Elena, finalmente, se convenceram que nada de mal aconteceria a filha. Eram apenas ameaças vazias de uma bruxa, uma bruxa de coração vazio.


Mas sabemos...

Nós sim sabemos que:

''O dia em que o último suspiro for dado, a maldição se cumprirá.''

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