>> Capítulo 2 - Salão Real <<

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Não demorou muito para que meus pais me chamassem para uma conversa. Tom manteve-se tenso ao meu lado. O rei estava a minha frente sério e a rainha batia seus dedos incansavelmente sobre a mesa de madeira. Quanto a mim, eu só esperava pela próxima bronca.

- Jade. Minha filha. - meu pai respirou fundo e soltou o ar pesadamente - Quer me explicar o que realmente aconteceu?

- Philip estava aos nervos. - completou minha mãe - Não é a primeira vez que um príncipe sai daqui nesse estado.

- Eu não tive culpa! - exclamei

Meus pais me encararam por alguns segundos, então se rederam. O rei Julian olhou para Thomas, que estremeceu a meu lado. A rainha Elena deu um leve sorriso para meu amigo, mas o mesmo não se acalmou.

- Thomas. Não quer nos contar o que realmente aconteceu? - perguntou mamãe

- Oh não, não. Rainha Elena. - protestei - Não coloque Tom em uma situação complicada.

Meu amigo fechou os olhos e arrumou o topete. Sabia que Tom não aguentaria ser interrogado pelo rei e rainha de Salae. Acabaria por contar tudo, estaria arruinada! Melhor uma mentira bem contada, do que uma verdade com consequências não tão boas. Dispensei meu amigo e o mesmo saiu da sala sério, seus passos no chão foram tão silenciosos que poderia duvidar se ele realmente saiu.

- Então... - meu pai arqueou as sobrancelhas

- Ele me ofendeu, meu pai! Nós brigamos e ele tropeçou em uma pedra. - menti - Agora diga-me a versão do príncipe Philip? 

- Certamente não foi isso que ele nos contou. - minha mãe disse séria, já meu pai, se segurava para não rir

- Certamente ele mentiu. - sorri

Elena passou a mão pelos longos cabelos e endireitou a coroa no alto da cabeça, então, olhou para mim e assentiu. Não que ela estivesse acreditado em tudo que disse, a rainha não é boba e me conhece muito bem. Não é novidade para ninguém minhas estratégias para afastar príncipes.

Por mais alguns minutos o silêncio reinou no local. Ambos esperavam que eu contasse a verdade, e eu não o faria. Preciso ter um comportamento impecável, assim poderei andar livremente por Salae. Pois, até em então me consideram irresponsável demais para sair às ruas.

Foi nesse momento que três leves batidinhas na porta quebraram o silêncio. Arqueei as sobrancelhas para meus pais e os mesmos liberaram a entrada da pessoa atrás da porta.

- Desculpe interrompê-los... - disse Tom, quase gaguejando - A princesa Jade está sendo chamada no quarto Mágico

Um sorriso apareceu nos lábios de minha mãe. Sempre que o quarto mágico era citado ela mostrava esse tipo de reação. O motivo era o nome, que surgiu em meio a brincadeiras durante minha infância. Seu pai, meu avô Lair, tinha o costume de passar horas e horas em um pequeno quarto. Lá ele fazia pequenos objetos usando madeira, ferro, ouro e pedras preciosas... o lugar é incrível.

Limitada a brincar somente dentro do castelo, eu o acompanhava em suas aventuras confeccionando os objetos. Nós nos divertíamos com a possibilidade de usar nossa imaginação e transformar pequenas coisas em algo belo. Aquele era o nosso Quarto da Magia. Era o nosso cantinho preferido.

Me levantei da cadeira sem nenhum aviso e segui em direção a porta.

- Diga a seu avô que ele precisa descansar. - pediu mamãe antes da porta ser novamente fechada

Há alguns anos, meu avô começou a presentar alguns problemas de saúde. Ele já beirava os 75 anos, mesmo não aparentando ter isso tudo. Sempre se mostrava alegre e inteligente o suficiente para aconselhar meu pai com as coisas do reino. Lair foi um grande rei e ainda tinha isso em seu sangue, mesmo depois de passar seu cargo adiante. Em seu reinado aconteceu a maior guerra entre seres mágicos e humanos. Vovô conseguiu, com muito custo, acalmar a todos e evitar uma destruição. Também nessa época, as bruxas começaram a se misturar com pessoas normais e praticar cada vez mais a magia negra. A quantidade de bruxas aumentou significantemente nesse período.

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