>> Capítulo 10 - Detalhes <<

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Suas palavras ecoaram em meu consciente. Mas não tive tempo de perguntar nada, o ogro deu as costas e saiu andando em direção a outra casa. O vento soprou frio, segurei firme em minha capa e olhei para trás. A floresta agora era uma imensidão escura, nem mesmo o garoto de alguns minutos atrás estava lá.

O arrependimento de sair do castelo se fez cada vez mais forte. Apressei os passos e consegui me aproximar do tratador de cavalos. Querendo ou não, ele é a única pessoa que conheço nesta vila, mantê-lo próximo era a melhor alternativa no momento.

- Onde estamos indo? - perguntei, ainda com receio de não ter uma resposta

Por alguns segundos escutei somente o barulho das folhas das árvores balançando com o vento.

- Estamos voltando para seu castelo.

Derek seguiu a frente.

- Me trouxe aqui com a intenção de mostrar essa parte de Salae. - o parei - Suponho que também deva saber a história daqui.

- A princesa não pode saber, não agora.

- O senhor me trouxe aqui no meio da noite... Agora se recusa revelar a história de meu povo?

- Acredite. - disse firme - Você não está preparada.

O tratador de cavalos não me diria nada.

- Informarei o rei sobre essa vila. - passei a sua frente

Derek segurou em meu braço, impedindo que seguisse em frente. Me virei.

- O rei não pode saber! - exclamou

- Então sugiro que me conte a história deste lugar!

- Voltaremos agora. Foi um erro lhe trazer aqui. - disse ao me puxar

Firmei meus pés no chão de terra e livrei sua mão de meu braço. O tratador de cavalos me encarou, e antes que dissesse algo, um barulho se fez na taberna a poucos metros. Dei dois passos para trás e encostei-me na parede fria de uma das casas. A frente, um homem saiu do bar claramente embriagado. Enquanto tentava formar passos, distribuía xingamentos a uma outra pessoa, esta ainda cercada pelas paredes da casa de bebidas.

Olhei atenta aquele comportamento incomum. O senhor mal se aguentava de pé e ainda despejava ofensas em cima de um pobre coitado. Mas o destino agiu e uma pedra escondida em meio a terra o levou ao chão, fazendo com que o restante da bebida de sua garrafa caísse sobre sua nobre roupa. Com um impulso, dei um passo a frente, mas recuei quando avistei um rosto conhecido. Thomas era quem recebia as ofensas, e o bêbado era o mensageiro real... Ou melhor, seu pai.

- Maldição! - gritou o homem

Thomas se apressou para ajudá-lo, mas foi recebido a pontapés.

- Meu pai... - meu amigo afastou-se abalado

- Não me dê mais uma decepção, Thomas. - disse o mensageiro, enquanto tentava se levantar - Já basta! Não criei um filho para vê-lo nessa situação!

Mesmo a alguns metros de distância, consegui enxergar sua expressão vazia. Nunca havia visto meu amigo com os olhos tão tristes como agora. Queria sair da escuridão e apoiá-lo, mesmo não sabendo o que havia acontecido no bar. Mas não podia ser vista a essa hora da noite tão longe do castelo. Então, contentei-me em seguir Derek até o lugar onde nossos cavalos descansavam.

A vila escura e a noite fria, combinadas com a lua cheia tornava o lugar estranho e misterioso. O horário também não era dos mais propícios para se estar em território desconhecido, julgando pelos astros que indicavam a madrugada. Engoli o seco e aceitei que o tratador de cavalos me levasse de volta ao castelo.

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